26 Mai 2023
O artigo é de José Antonio Pagola, teólogo e padre espanhol, publicado por Religión Digital, 22-05-2023.
Aterrorizados com a execução de Jesus, os discípulos refugiam-se numa casa familiar. Eles estão reunidos novamente, mas Jesus não está mais com eles. Há um vazio na comunidade que ninguém pode preencher. Eles sentem falta de Jesus. Eles não podem ouvir suas palavras cheias de fogo. Eles não podem vê-lo abençoando ternamente os infelizes. Quem eles vão seguir agora?
Escurece em Jerusalém e também em seu coração. Ninguém pode consolá-los de sua tristeza. Aos poucos, o medo vai tomando conta de todos, mas eles não têm Jesus para fortalecer seus espíritos. A única coisa que lhes dá alguma segurança é "trancar as portas". Ninguém pensa mais em sair pelas estradas para anunciar o reino de Deus e curar a vida. Sem Jesus, como vão divulgar a sua Boa Nova?
O evangelista João descreve de forma imbatível a transformação que ocorre nos discípulos quando Jesus, cheio de vida, se faz presente no meio deles. O Ressuscitado está novamente no centro da sua comunidade. É assim que deve ser para sempre. Com ele tudo é possível: libertar-nos do medo, abrir as portas e começar a evangelizar.
Segundo a história, a primeira coisa que Jesus infunde em sua comunidade é a paz. Nenhuma reprovação por tê-lo abandonado, nenhuma reclamação ou desaprovação. Só paz e alegria. Os discípulos sentem seu sopro criador. Tudo recomeça. Impulsionados pelo seu Espírito, continuarão a colaborar ao longo dos séculos no mesmo projeto salvífico que o Pai confiou a Jesus.
O que a Igreja precisa hoje não é apenas de reformas religiosas e convites à comunhão. Precisamos experimentar em nossas comunidades um novo começo a partir da presença viva de Jesus em nosso meio. Só ele deve ocupar o centro da Igreja. Só ele pode promover a comunhão. Só ele pode renovar nossos corações.
Nossos esforços e nosso trabalho não bastam. É Jesus quem pode desencadear a mudança de horizonte, a libertação do medo e das dúvidas, o novo clima de paz e serenidade de que tanto precisamos para abrir as portas e poder anunciar o Evangelho aos homens e mulheres do nosso tempo.
Mas devemos aprender a acolher com fé a sua presença no meio de nós. Quando Jesus aparece novamente depois de oito dias, o narrador nos diz que as portas ainda estão fechadas. Não é só Tomé que deve aprender a crer com confiança no Ressuscitado. Os outros discípulos também devem superar gradualmente as dúvidas e os medos que ainda os fazem viver com as portas fechadas à evangelização.
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O que a Igreja precisa não é apenas de reformas religiosas e convites à comunhão. Artigo de José Antonio Pagola - Instituto Humanitas Unisinos - IHU