08 Março 2023
A Assembleia Sinodal do Cone Sul, que se realiza em Brasília de 6 a 10 de março com representantes do Uruguai, Argentina, Chile, Paraguai e Brasil, ajuda a compreender a necessidade de se deixar conduzir por Cristo através do Espírito Santo, de estar aberto à sua ação, de experimentar a sua presença que anima a vida de todos os batizados.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Contemplando a partilha das 21 comunidades de discernimento nas quais os participantes estão divididos mostra o rosto de uma Igreja que se quer organizar e caminhar com o Batismo como eixo fundamental. Isto é algo que nos leva a escutar e a fazê-lo assumindo que a escuta corresponde ao estilo humilde de Deus, é essa ação que Lhe permite revelar-se, que cria seres humanos e ao escutá-los torna-se um interlocutor.
Na prática, é isto que a Etapa Continental do Sínodo quer alcançar através da Conversação Espiritual, o instrumento que torna possível o discernimento comunitário. E isto só é possível para aqueles que escutam, sem entrar em debate, aceitando o que o Espírito revela ao outro, mesmo no silêncio.
Esta conversa espiritual leva cada um de nós a perguntar a si próprio o que mais nos impressionou, o que nos tocou internamente, a partir do que ouvimos. Trata-se de reconhecer as moções que surgem no coração de cada um ao escutar os outros, moções que por vezes são de paz, alegria, encorajamento, luz, mas que também podem ser o oposto. A partir daí, os sentimentos são partilhados, e quando alguém se coloca na presença de Deus, descobre como eles ajudam a crescer, a purificar o coração e os sentimentos.
Com base nas tensões ou problemas que cada um sente, as assembleias da Etapa Continental visam identificar as questões, os temas mais importantes ou prioritários a serem tratados na Primeira Sessão da Assembleia Sinodal em Outubro de 2023. Para tal, é necessário começar por escutar a si próprio e a cada pessoa, estar aberto ou disposto a receber e deixar-se enriquecer por novas contribuições ou experiências, sabendo que nem todos pensam da mesma maneira, o que conduzirá ao alargamento da tenda.
Tudo isto se baseia na realidade que marca a vida de cada batizado e de cada Igreja, que marca sempre, como demonstrou a delegação chilena, o processo de discernimento eclesial, que no seu caso tem estado fortemente ligado à crise de abusos na Igreja, algo pelo qual pediram perdão perante a Assembleia Sinodal do Cone Sul.
Comunidades de discernimento durante a Assembleia Sinodal do Cone Sul. (Foto: divulgação)
É uma questão de alargar a Tenda, mas para isso é necessário saber que esta tenda é móvel, que deve ser alargada porque como fruto de fecundidade a família cresceu, e porque ao alargá-la poderá receber aqueles que chegam no meio do deserto. Uma tenda que tem a ver com a mobilidade, com a família, a fecundidade e a vida, com a hospitalidade, ou seja, com a comunhão e a fraternidade, ideias refletidas por Dom Santiago Silva Retamales, bispo de Valdivia, no Chile.
Uma assembleia na qual, com base nas suas experiências locais, os participantes da Assembleia partilham as suas experiências de vida sinodal. Trazem consigo os frutos da escuta das mais diversas comunidades, "que nos ajudam, sob o olhar do Espírito, a aprofundar e a fazer um caminho neste processo de construção da sinodalidade", como reconheceu a Irmã Rose Bertoldo.
Uma sinodalidade que não é algo abstrato e metodológico, mas "uma realidade muito concreta", nas palavras do padre argentino Luis Albóniga, que se referiu ao trabalho nos grupos como uma oportunidade para "nos formarmos na escuta dos nossos irmãos, na escuta da voz das igrejas irmãs, mas é também escutar o Espírito", uma experiência que deve ser feita a todos os níveis da Igreja. Uma metodologia que ajuda "a compreender a missão da Igreja nas diferentes situações em que nos encontramos para podermos realizar o trabalho de evangelização", salientou Dom Geremias Steinmetz.
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Comunidades de discernimento: compreender a missão da Igreja de realizar a evangelização - Instituto Humanitas Unisinos - IHU