09 Mai 2023
A projeção estatística da Cúria ambrosiana sobre a queda das vocações. O número de padres está destinado a cair mais de 37% (com cada vez mais pessoas acima dos 70 anos no total). Brambilla, professor de teologia: "Teremos que nos reorganizar sem medo".
No ano do Senhor de 2039, a arquidiocese ambrosiana poderia acolher o último novo padre com menos de 30 anos. Porque para o ano seguinte, as projeções estatísticas não preveem a chegada sequer de um. Por enquanto é apenas uma sugestão de um modelo numérico, mas que fornece uma ideia clara e forte. E é a própria igreja milanesa que desenvolve essa reflexão estatística, que na nova edição da revista “La Scuola Cattolica” publica os resultados de uma pesquisa - que será apresentada amanhã no seminário diocesano de Venegono, no âmbito da “Festa dei fiori” - realizada com a Universidade Católica, que traça um cenário em que a população de padres está destinada a diminuir.
A reportagem é de Giampiero Rossi, publicada por Corriere della Sera, 08-05-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
A linha de tendência já havia sido identificada em uma pesquisa semelhante de 2010, mas os dados propostos pelo estudo conduzido por Andrea Bonanomi, Giulia Rivellini (pesquisadora e professora da Cattolica) e Paolo Brambilla (professor de teologia no seminário) são impiedosamente detalhados.
Depois de ter ilustrado as dinâmicas demográficas na região da Lombardia e depois de ter medido também os números de batismos, casamentos e prática religiosa, os três pesquisadores propõem um modelo estatístico que abre uma janela para o futuro das paróquias e chegam à conclusão de que - previsivelmente - em 2040 os padres ambrosianos se reduzirão em mais 37,7%, passando dos atuais 1.694 para 1.055. E do ponto de vista da idade, o cenário será ainda mais acentuado: os padres com menos de 40 anos cairão para 56,7%, passando dos atuais 194 para 84 (também devido ao aumento da idade de ingresso no seminário), enquanto aqueles abaixo de 75 anos diminuirão de 1.206 para 767, com queda de 36,4%.
O cálculo do futuro da "população presbiteral", ou seja, dos padres, é baseado em uma equação: P=P+O-A-M+(I-E). Ou seja: o número do ano anterior, mais os novos ordenados, menos os que “abandonaram o ministério” e os falecidos, mais o saldo dos sacerdotes que chegaram à diocese e os que se mudaram para outro lugar.
A partir dessa fórmula, os pesquisadores delinearam quatro cenários diferentes, com base na linha de tendência de novas ordenações, estatísticas de mortalidade masculina, número médio de abandonos. Passa-se assim das 17 ordenações anuais previstas na hipótese mais otimista, às 7 do cenário pessimista, passando pelas 12 da hipótese definida como "realista" e chegando ao quarto cenário, aquele "estatístico" que se baseia na tendência dos últimos trinta anos. Ou seja, de 30 ingressos em 2014 para 6 em 2022, sobre os quais parece ter pesado também um efeito-pandemia, considerados mesmo abaixo da diminuição esperada.
A história mostra que dos 2.200 padres diocesanos em 1998 se chegou a 1.737 em 2020 e que em 2040 poderia cair para 1.147 no cenário mais otimista, 958 no pessimista e 1.050 segundo a elaboração da tendência estatística. E o estudo também prevê a distribuição dos padres nos próximos 20 anos nas áreas de Milão, ou seja, os decanatos. Por exemplo, em Affori haverá uma queda de 16 para 10 padres, entre os quais nenhum com menos de 40 anos, e o mesmo em muitas outras zonas, já que no perímetro de Milão, até 2040, o modelo estatístico prevê uma redução de 353 para 220 sacerdotes, com apenas 14 abaixo dos 40 anos.
"Estávamos cientes dessas tendências - explica Paolo Brambilla - mas era necessária uma análise aprofundada para refletir sobre como reorganizar as estruturas, o trabalho e entender o esforço de nossos padres nestes últimos anos, durante os quais eles continuaram a manter abertas as escolas dominicais, promover muitas atividades e atuar segundo o modelo de vizinhança dos anos 1960 e 70, embora fossem cada vez menos.
Algo terá que ser revisto - continua Brambilla -, teremos que nos enxugar sem medo, conscientes de que não podemos chegar a todos os lugares e até os fiéis terão que se acostumar com a ideia de que nem sempre haverá um padre disponível para um bate-papo".
Uma grande tomada de consciência: “Sim, uma operação realista para avaliar o que fazer com o que teremos disponível e colocar os padres em condições de ir em frente. Mas em sua história a Igreja já conheceu crises muito piores”.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Milão. O último padre com menos de 30 anos será ordenado em 2039. “O futuro? Nem mesmo um padre para um bate-papo” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU