29 Abril 2023
A 60ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) encerrou nesta sexta-feira 28 de abril com a celebração final em que a nova presidência e os presidentes das 12 comissões em que se divide a CNBB assumiram seus novos cargos.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Em encontro com a imprensa, a presidência analisou a última assembleia e marcaram brevemente o rumo a seguir nos próximos 4 anos. Partindo da ideia de que “cada assembleia geral é um Pentecostes, uma experiência de comunhão”, Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre (RS) e presidente da CNBB, definiu a 60ª Assembleia como dias marcados por “temas pertinentes à vida da Igreja e também do nosso povo”, uma agenda complexa, marcada pelas numerosas eleições realizadas. Para os próximos 4 anos, ele espera que seja “um tempo de trabalho vigoroso”, diante da “complexidade do tempo que vai exigir discernimento, bom senso e capacidade de colaborar para deixar as nossas comunidades e o nosso Brasil um pouco melhor para as futuras gerações”.
Agradecendo a confiança dos irmãos bispos para presidir a Conferência, Dom João Justino de Medeiros Silva, arcebispo de Goiânia e primeiro vice-presidente, definiu a CNBB como o principal grupo de serviço da conferência episcopal. Eles foram escolhidos para servir e fazer a conferência realizar seu serviço de estar ao serviço da evangelização na Igreja do Brasil, insistiu. Algo que é marcado pelas Diretrizes para a Ação Evangelizadora da Igreja no Brasil, que só serão aprovadas em 2025 seguindo as decisões do Sínodo da Sinodalidade. O arcebispo destacou o trabalho das 12 comissões episcopais, que formam o Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), que se reúne 6 vezes ao ano, e do Conselho Permanente que se encontra 3 vezes por ano.
A lógica do poder que Jesus oferece, que é a lógica do serviço, foi apresentada por Dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, bispo da Diocese de Garanhuns (PE) e segundo vice-presidente, que ressaltou a presença das diversas regiões na presidência, destacou como ponto de partida da nova presidência, que ele vê como grupo de serviço aos irmãos bispos, às Igrejas locais, na linha da colegialidade, da sinodalidade, e da comunhão, insistindo em que “a CNBB existe para ser mistério de comunhão”, para animar a pastoral e articular serviços. Citando São João Crisóstomo, que diz que a Igreja é Sínodo, o bispo chamou a caminhar juntos desde uma mística de comunhão que nasce da Santíssima Trindade. Para fazer que isso aconteça, ele chamou a construir uma cultura do encontro, para assim colaborar com o grande processo de reconciliação no Brasil, algo que nasce do coração de Jesus.
O secretário geral da CNBB tem como missão gerenciar, dinamizar, fazer acontecer o que a conferência resolve na Assembleia Geral. Dom Ricardo Hoepers, bispo de Rio Grande (RS), que vai desempenhar esse serviço no próximo quadriênio, destacou em sua missão o objetivo de integrar as 12 comissões com seus assessores para dar a dinâmica a nível nacional e nos regionais. Ele insistiu no trabalho de integração, dando continuidade ao que estava sendo muito bem-feito até agora, afirmando que algumas coisas serão aperfeiçoadas. Tudo isso em comunhão com o CONSEP, que realizará no mês de maio seu primeiro encontro e com o Conselho Permanente, a se reunir pela primeira vez em junho.
Na promoção de um trabalho de reconciliação insistiu Dom Jaime Spengler, relatando a situação que o Brasil vive, com famílias divididas, comunidades divididas, e inclusive o clero dividido. Nesse sentido, mostrou como caminho a Campanha da Fraternidade 2024, que tem como tema “Fraternidade e amizade social”, e como pano de fundo a encíclica Fratelli Tutti. Isso num país com índices enormes de violência, violência da linguagem, no uso dos meios de comunicação social, que podem ser promotores de cultura de paz, segundo Dom Paulo Jackson. Ele fez um chamado a dar passos significativos na superação da violência em todos os níveis, a superar o confronto e partir para o debate de ideias.
O único membro da presidência anterior na atual é Dom Jaime Spengler, que lembrou que “na presidência anterior fomos duramente provados pela pandemia, tivemos que nos reinventar em vários aspectos”. Ele destacou o trabalho de Dom Walmor Oliveira de Azevedo e de toda a presidência, afirmando ter dado conta de que lhes foi pedido e chamando a dar continuidade aos trabalhos, especialmente no que faz referência à sinodalidade e à gestão.
Uma continuidade que segundo Dom João Justino ficou expressada no fato de na celebração de posse da nova presidência, Dom Walmor Oliveira de Azevedo entregar a Dom Jaime Spengler do novo Estatuto e do novo Regimento, onde está um elemento de continuidade muito importante.
Uma continuidade que nasce do fato de que a “missão da Igreja é evangelizar, apresentar Jesus Cristo como razão última e primeira de nossa existência”, segundo Dom Paulo Jackson. Na linha da continuidade destacou que na anterior gestão, a presidência otimizou os 19 regionais, afirmando que a presidência e os órgão de articulação da CNBB podem prestar uma grande assistência às dioceses, lembrando da existência de dioceses muito simples, muito pobres, que talvez precisem muito do apoio da presidência e da estrutura que a CNBB tem.
Uma presidência que na voz de seu presidente fez um chamado a serem instigados, ajudados para poder levar a bom término a missão que a CNBB tem para fazer que o Brasil e a própria Igreja possam ser melhores no futuro.
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Encerrada a 60ª Assembleia Geral da CNBB: “Um Pentecostes, uma experiência de comunhão” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU