27 Abril 2023
Na mensagem para o 60º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, celebrado no domingo, 30 de abril, Francisco fala da resposta a um chamado de fé: um cristão "deixa-se interpelar pelas periferias existenciais e é sensível aos dramas humanos". Para uma missão que é sempre "obra de Deus" e "não se realiza sozinhos, mas em comunhão eclesial".
A reportagem é de Alessandro Di Bussolo, publicada por Vatican News, 26-04-2023. A tradução é de Luisa Rabolini.
A vocação, chamada do Senhor a "cada um no mundo de hoje", é graça, "dom gratuito", e ao mesmo tempo "é um compromisso de ir, de sair para anunciar o Evangelho", uma tarefa fonte de vida nova e verdadeira alegria". Assim escreve o Papa Francisco em sua mensagem para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, que se celebra pela sexagésima vez no domingo, 30 de abril. Uma iniciativa “providencial”, recorda, instituída por São Paulo VI em 1964, durante o Concílio Vaticano II, em que este ano o Papa convida a refletir sobre o tema “Vocação: graça e missão”.
Com os votos de que todas as iniciativas previstas "possam fortalecer a sensibilidade vocacional em nossas famílias, nas comunidades paroquiais e nas de vida consagrada, nas associações e nos movimentos eclesiais", Francisco espera também que "o Espírito do Senhor ressuscitado nos sacuda da apatia e nos doe simpatia e empatia, para vivermos regenerados cada dia como filhos de Deus Amor e, por sua vez, sermos geradores no amor”. Capazes, escreve ainda, “de levar a vida a todos os lugares, especialmente onde há exclusão e exploração, indigência e morte. Para que os espaços de amor se alarguem e Deus reine cada vez mais neste mundo”. Somos chamados, esclarece o Pontífice entrando no tema escolhido para o Dia, "à fé testemunhal", que une fortemente "a vida da graça, através dos Sacramentos e da comunhão eclesial, e o apostolado no mundo". Assim o cristão, animado pelo Espírito Santo, “deixa-se interpelar pelas periferias existenciais e é sensível aos dramas humanos”, recordando sempre “que a missão é obra de Deus e não se realiza sozinhos, mas em comunhão eclesial”.
Como escreve o apóstolo Paulo na Epístola aos Efésios, a mensagem continua, Deus "nos escolheu antes da criação do mundo para sermos santos e imaculados", ele, portanto, "nos concebe" à sua imagem e semelhança "e quer que sejamos seus filhos: somos, fomos criados pelo Amor, por amor e com amor, e fomos feitos para amar”. E o Papa Francisco recorda aqui o seu chamado, em 21 de setembro de 1953, quando, “enquanto ia à festa anual dos estudantes, senti vontade de entrar na igreja e confessar-me. Aquele dia mudou a minha vida e deixou uma marca que dura até hoje". Mas “a imaginação de Deus que nos chama é infinita”, ressalta. Pode ser "no contato com uma situação de pobreza, num momento de oração, graças a um testemunho claro do Evangelho, a uma leitura que abre a nossa mente, quando escutamos uma Palavra de Deus e a sentimos dirigida a nós, no conselho de um irmão ou irmã que nos acompanha, em tempo de doença ou luto…”.
E a iniciativa de Deus espera a nossa resposta, porque a vocação é "o entrelaçamento da escolha divina e da liberdade humana". Um chamado que nos abre a Deus e aos outros: “Deus chama amando e nós, gratos, respondemos amando”. Mas o chamado, esclarece o Papa, “inclui o envio”, porque “não há vocação sem missão. E não há felicidade e realização plena sem oferecer aos outros a nova vida que encontramos. Em seguida, cita a Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, na qual explica que todo batizado pode dizer: "Eu sou uma missão sobre esta terra, e para isso estou neste mundo".
A missão comum a todos nós cristãos, continua Francisco, “é testemunhar com alegria, em cada situação, com atitudes e palavras, aquilo que experimentamos estando com Jesus e na sua comunidade que é a Igreja”. Concretamente isso se traduz “em obras de misericórdia materiais e espirituais, em um estilo de vida acolhedor e manso, capaz de proximidade, compaixão e ternura, contracorrente no que diz respeito à cultura do descarte e da indiferença”. Porque o "núcleo" da vocação cristã é "imitar Jesus Cristo que veio para servir e não para ser servido".
Uma ação missionária que não nasce apenas “das nossas capacidades” ou da nossa vontade, mas “de uma profunda experiência com Jesus”. Só então podemos nos tornar testemunhas, como os dois discípulos de Emaús, que com o coração ardente ouvem Jesus explicar-lhes as Escrituras ao longo do caminho. O Pontífice espera que assim aconteça também durante a JMJ de Lisboa, que espera com alegria: seguindo o tema "Maria levantou-se e partiu apressadamente" cada um e cada uma "sintam-se chamados a levantar-se e partir apressadamente, com o coração ardente!"
Por fim, o Papa Francisco escreve que a Igreja é "Ekklesía", termo grego que significa "assembleia de pessoas chamadas, convocadas", para formar a comunidade das discípulas e dos discípulos missionários de Jesus Cristo. Na Igreja, recorda, “somos todos servos e servas, segundo diversas vocações, carismas e ministérios”. De fato, a vocação à doação de si no amor, comum a todos, concretiza-se "na vida dos cristãos leigas e leigos, empenhados na edificação da família como pequena igreja doméstica e a renovar os vários ambientes da sociedade com o fermento do Evangelho". Mas também “no testemunho dos consagrados e das consagradas, doados todos a Deus pelos irmãos e irmãs como profecia do Reino de Deus”; nos ministros ordenados, diáconos, presbíteros e bispos, "colocados a serviço da Palavra, da oração e da comunhão do povo santo de Deus". E só na relação com todas as outras, "cada vocação específica na Igreja" emerge "com a sua própria verdade e riqueza", porque a Igreja "é uma sinfonia vocacional, com todas as vocações unidas e distintas em harmonia", em saída, para “irradiar a vida nova do Reino de Deus no mundo”.
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Francisco: não existe vocação sem missão junto aos últimos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU