"Em uma mensagem, junto aos presos do Centro de detenção Nápoles, na Itália, lembrando o episódio da Paixão do Senhor, o Papa deu mais um passo na explicação sobre como bem viver uma boa vida, tema que também rendeu inúmeras teses filosóficas ao longo da história: 'Você sabe quem foi o primeiro santo da Igreja? Um prisioneiro. Um prisioneiro condenado à morte ao lado de Cristo, que disse: 'Hoje, estará comigo no paraíso'. A sociedade deve aprender com o exemplo de Cristo. Todos precisamos receber o perdão. Mas Deus diz na Bíblia que quando perdoa, esquece. E se eu digo que este homem é um pecador que fez tal coisa, eu peco, porque se Deus esquece, quem sou eu para não esquecer?'"
O comentário é de Patricia Fachin, jornalista, graduada e mestre em Filosofia pela Unisinos.
"Não contei histórias de amor no começo da minha carreira. Aprendi, pouco a pouco, a ter confiança para contá-las. Falava sobretudo da necessidade do amor, mas desde certo tempo comecei a tratar do amor como algo possível. O que aconteceu em 'O hotel de um milhão de dólares' é uma esperança de amor, mesmo que não tenha um final feliz", relatou o cineasta alemão Wim Wenders em entrevista ao jornalista Fernando Eichenberg, ao comentar sua produção cinematográfica.
Em uma das entrevistas que concedeu à imprensa posteriormente, em decorrência da direção do documentário "Papa Francisco: Um homem de palavra" (2018), ele acrescentou que "há diferentes impulsos" a partir dos quais um cineasta pode querer fazer um filme. O seu, esclareceu, está associado a querer compartilhar algo do qual gosta muito. "Meus filmes dependem totalmente do fato de eu me conectar emocionalmente e de estar perto de algo, querer compartilhar essa proximidade e transmiti-la".
Essa conectividade, ele expressou nas cenas e falas do Papa Francisco, dirigidas não somente aos católicos, mas a todas as pessoas de boa vontade que reconhecem na pessoa do pontífice uma bússola que nos orienta diante da superfície. Das 55 perguntas que elaborou para dialogar com Francisco, disse, "havia perguntas complicadas como a pergunta sobre pedofilia, pergunta sobre gays, mas muitas das perguntas eram do tipo que você nunca pensou que poderia perguntar ao Papa: sobre a vida e a morte, bem como sobre coisas muito pessoais, como devo me sentir sobre minha própria morte".
Essas questões básicas da existência humana, sobre a vida e sobre a morte, e a nossa limitação diante de ambas, é resumida pelo cineasta na abertura do documentário:
"O tempo voa é o que dizemos porque não entendemos muito bem o que é o tempo. Os dias passam, as estações, anos, séculos. Somos jovens, envelhecemos, morremos. Todos somos expostos ao tempo, mas não temos controle sobre ele. E temos menos controle do que gostamos de pensar. Terremotos, inundações, furacões nos atingem, mas ainda pior que esses desastres naturais são os que nós causamos: guerras, escassez de alimento, violência, terrorismo, catástrofes nucleares."
Na mensagem dirigida aos presos do Centro de detenção Filadélfia, nos Estados Unidos, o Papa Francisco respondeu à questão de Wim Wenders sobre a vida, seu sentido e significado:
"Viver implica sujar os pés pelos caminhos empoeirados da vida. É doloroso ver quem acredita que só alguns têm a necessidade de ser lavados sem perceber que seu cansaço, sua dor e suas feridas, são também as feridas de toda uma sociedade. O Senhor nos mostra, por meio de um gesto: lavar os pés e voltar à mesa. Uma mesa que é oferecida para todos, à qual todos somos convidados."
Em outra mensagem, junto aos presos do Centro de detenção Nápoles, na Itália, lembrando o episódio da Paixão do Senhor, o Papa deu mais um passo na explicação sobre como bem viver uma boa vida, tema que também rendeu inúmeras teses filosóficas ao longo da história:
"Você sabe quem foi o primeiro santo da Igreja? Um prisioneiro. Um prisioneiro condenado à morte ao lado de Cristo, que disse: 'Hoje, estará comigo no paraíso'. A sociedade deve aprender com o exemplo de Cristo. Todos precisamos receber o perdão. Mas Deus diz na Bíblia que quando perdoa, esquece. E se eu digo que este homem é um pecador que fez tal coisa, eu peco, porque se Deus esquece, quem sou eu para não esquecer?"
Em um mundo em que a vivência de algumas poucas décadas diante do tempo do universo leva algumas pessoas a profetizarem todo tipo de catástrofe, medo e falta de sentido, o Papa profetiza a esperança:
"Para nós, cristãos, o futuro tem nome, que é esperança. A esperança é a virtude de um coração que não se fecha no peito, não se apega ao passado e não só sobrevive no presente, mas sabe ver o amanhã."
Vivendo o presente, no cotidiano concreto, o pontífice nos exorta a aprendermos a ser também "apóstolos da beleza", sem perder o senso de humor:
"Uma coisa que ajuda os outros na vida é a expressão da beleza. Um artista é um apóstolo da beleza que ajuda os outros a viver. Se me pedir um exemplo de beleza, que seja simples e cotidiano, que podemos ter para ajudar os outros a ficar bem e mais felizes, penso em dois: o sorriso e o senso de humor. O sorriso, a capacidade de sorrir, é a flor do coração, sobretudo quando é gratuito e não manipulado por interesses sedutores. Só o sorriso - o sorriso fresco, dizem os estudiosos. E o senso de humor. E quero confessar uma coisa: todos os dias, depois de rezar as laudes, eu rezo a oração de Tomás Moro, para pedir senso de humor, que começa de um modo que faz rir: 'Dai-me Senhor, uma boa digestão, mas também algo para digerir'. É isso".
Que possamos nos unir ao pontífice na oração das laudes e na súplica pelo senso de humor:
"Senhor, dai-me uma boa digestão, mas também algo para digerir. Dai-me a saúde do corpo, mas também o bom humor, necessário para mantê-la. Dai-me, Senhor, uma alma simples, que saiba aproveitar tudo o que é bom e que não se assuste quando o mal chegar, e sim que encontre a maneira de colocar as coisas no lugar."