Papa Francisco: "As mulheres têm uma capacidade de administrar e pensar que é superior à dos homens". E ele cita Ursula Von der Leyen

Ursula von der Leyen apresenta sua visão aos eurodeputados | Foto: CC-BY-4.0: © European Union 2019 – Source: EP

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07 Março 2023

Com a editora do Osservatore Romano, o pontífice recorda a conversa com o presidente da Comissão Europeia sobre a possibilidade de aprovar o "plano de recuperação" apesar da oposição dos países do norte. "Mesmo no Vaticano onde colocamos as mulheres, as coisas mudam imediatamente”, afirma.

A reportagem é de Iacopo Scaramuzzi, publicada por La Repubblica, 03-04-2023.

As mulheres têm "uma capacidade de administrar e pensar" que é "superior" à dos homens. Assim o Papa Francisco que, na audiência que concedeu hoje à redação feminina do Osservatore Romano, citou a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

Donne Chiesa Mondo - assim se chama o encarte que nestes dias comemora dez anos - é coordenado pela jornalista Rita Pinci e aborda todos os meses, com a contribuição de jornalistas, teólogos, intelectuais de diversas nacionalidades, os diversos temas que entrelaçam a sensibilidade feminina e a vida da Igreja Católica. Em vista do Dia da Mulher, em 8 de março, a próxima edição publicará dez cartas sobre a liberdade escritas por outros tantos escritores italianos e dirigidas às "mulheres do planeta", afegãs, yazidis, iranianas, curdas, africanas, sul-americanas, indianas, migrantes, e assim por diante.

Outra forma, pensamento, sentimento e obras

“As mulheres têm uma capacidade de gestão e de pensamento totalmente diferente de nós e também, eu diria, superior a nós, de outra forma”, disse Francisco falando de improviso, segundo o mesmo diário da Santa Sé dirigido por Andrea Monda. “Vemos isso também no Vaticano”, continuou Bergoglio: “Onde colocamos as mulheres, as coisas mudam imediatamente. Vemos isso na vida cotidiana, muitas vezes eu vi quando passava de ônibus, as filas de mulheres para visitar seus filhos encarcerados. As as mulheres lá estavam: a mulher que nunca deixa seu filho, nunca!".

Nós, continuou o Papa argentino, "usamos o feminino como uma coisa descartável, um jogo, uma brincadeira... Uma vez perguntei a Von der Leyen 'Diga-me, senhora: a senhora é médica e tem sete filhos, aos quais telefona todas as tardes; diga-me: como conseguiu desbloquear aquela oposição da relação da União Europeia com a Europa durante a covid [o "plano de recuperação", ed.], a questão do Benelux e alguns países se opondo, como você fez isso?'. Ela olhou para mim e silenciosamente começou a gesticular com as mãos de maneira laboriosa, eu olhei para ela com atenção, observando suas mãos e finalmente ela disse: 'Assim nós mães fazemos'. E o Papa continuou: "É outro caminho, é outra categoria de pensamento, mas não só pensamento: pensamento, sentimento e obras".

"Não é o feminismo clerical do Papa"

Para Francisco, "a mulher tem a capacidade de ter três linguagens juntas: a da mente, a do coração e a das mãos. E ela pensa o que sente, sente o que pensa e faz, faz o que sente e pensa. Não estou dizendo que todas as mulheres têm, mas elas têm essa capacidade, elas têm. Isso é ótimo".

“Trabalhamos todos juntos, nós que vemos aqui hoje e as pessoas que por vários motivos não puderam vir”, disse por seu lado Rita Pinci, que há quatro anos coordena a redação: “A comissão diretiva, a redação, as nossas duas designers gráficas... somos um bom grupo e trabalhamos com muito interesse, paixão e até alegria. O nosso grupo é intercultural e inter-religioso. Entre nós há crentes e não crentes, somos mulheres de diferentes religiões e confissões, mães de família e mulheres sem filhos, professoras, funcionárias, jornalistas, escritoras... e este é um ponto forte do nosso jornal".

O Papa agradeceu à coordenadora e, dirigindo-se a todos os presentes, sublinhou o seu prazer pela leitura da publicação mensal: "Leio Donne Chiesa Mondo, desde o tempo da coordenação da professora Scaraffia: sempre o leio, porque gosto, gosto deste desafio que já está no título". Bergoglio disse, novamente: “Gosto de ler e encorajar este periódico, e não é uma espécie de feminismo clerical do Papa, não! É abrir a porta para uma realidade, uma reflexão que vai além”.

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