Nicarágua. Daniel Ortega volta a atacar a Igreja: "Nunca tive respeito pelos bispos"

Foto: David Peterson / unsplash

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22 Dezembro 2022

O presidente expressou publicamente sua antipatia pelos padres e prelados da Nicarágua, a quem descreveu como "fariseus" e "tumbas caiadas".

A reportagem é de Miroslava Lopez, publicada por Vida Nueva, 21-12-2022.

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, voltou a atacar a Igreja Católica naquele país ao declarar em ato público que nunca teve respeito pelos bispos nem acredita neles.

Ao presidir a formatura de um grupo de cadetes da Polícia Nacional, o presidente confessou que, desde criança, embora tivesse fé, admiração e respeito por Jesus Cristo, não podia confiar nos padres nem nos bispos, que eram incapazes de condenar os crimes cometidos durante o governo de Anastasio Somoza.

"Imagine", repreendeu, "um tirano, um assassino foi enterrado com as honras de príncipe da Igreja! Nunca tive respeito pelos bispos, não pude acreditar nos bispos", disse, embora reconhecesse sua proximidade com o padre espanhol Gaspar García Laviana, que pegou em armas contra a ditadura de Somoza.

De acordo com a transcrição do discurso, divulgado em 20 de dezembro, Ortega destacou o papel dos chefes de polícia que reprimiram os protestos desencadeados na Nicarágua desde 2018, e chegou a qualificar Ramón Avellán de "herói", considerado o carrasco da ordem de Ortega ditadura, acusado do assassinato de 107 opositores.

Quatro anos de perseguição

Vale destacar que a perseguição contra a Igreja Católica se intensificou há quatro anos depois que ela denunciou os abusos que o governo estava cometendo contra os opositores e protegeu alguns manifestantes dentro dos templos que eram contrários às reformas da previdência.

Ortega se referiu aos padres como “fariseus”, “túmulos caiados” e “somocistas”, tanto por apoiar, disse, o governo de Somoza quanto por aqueles que se manifestaram contra seu governo a partir de abril de 2018.

O capítulo mais recente desta perseguição contra a Igreja ocorreu em agosto deste ano, quando a polícia prendeu o Dom Rolando Álvarez, outros sete sacerdotes e dois colaboradores, considerando-os “golpistas” e “terroristas”.

Vale destacar que na semana passada a Assessoria de Imprensa do Complexo Judicial de Manágua informou que o bispo de Matagalpa, Rolando Álvarez, é acusado de "conspiração para atentar contra a integridade nacional e propagação de notícias falsas por meio da tecnologia do Estado e da sociedade nicaraguense".

Durante seu discurso, Ortega não se referiu ao processo judicial que pesa sobre o bispo de Matagalpa, que terá uma audiência inicial em 10 de janeiro de 2023.

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