22 Fevereiro 2011
A pedido do Movimento Gerardi da Guatemala, o Fórum Gaspar García Laviana lança uma campanha para pedir que a sepultura de Monsenhor Gerardi seja colocada em um lugar mais acessível para a população. Atualmente, a sepultura do profético prelado guatemalteco não pode ser visitada por seu povo. O Fórum de sacerdotes das Astúrias considera que a causa e os valores que Gerardi defendeu se fazem mais necessários que nunca em um país fraturado pela violência indiscriminada. E pedem às pessoas que se somem à campanha, a exemplo do que fez Pedro Casaldáliga.
A informação está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 22-02-2011. A tradução é do Cepat.
No dia 26 de abril de 1998, aproximadamente às 22 horas, Juan Gerardi Conedera foi brutalmente assassinado na garagem de sua casa, ao retornar de uma janta com familiares. Na ocasião, Gerardi era bispo auxiliar da Arquidiocese da Guatemala, fundador da ODHAG (Escritório de Direitos Humanos do Arcebispado da Guatemala) e responsável pelo REMHI (Projeto de Recuperação da Memória Histórica).
O REMHI era um projeto que tinha como objetivo trazer à tona as atrocidades cometidas durante os anos de guerra civil na Guatemala, esclarecer a verdade sobre as violações dos direitos humanos sofridos pela população guatemalteca e, através da verdade, conseguir uma reconciliação autêntica. A conclusão do REMHI foi o Relatório Guatemala nunca mais, onde, além de uma análise rigorosa das causas da violência e seus mecanismos, se recolhiam milhares de testemunhos de vítimas e familiares, que relatavam suas experiências durante a época de terror.
Monsenhor Gerardi conhecia de boa mão os sofrimentos do povo guatemalteco. Durante sua etapa como bispo de Quiché (Departamento indígena do interior do país), de 1974 até 1980, foi testemunha dos horrores causados pela guerra na população camponesa e empobrecida. Após o assassinato por parte do Exército de vários de seus sacerdotes, e após sofrer uma tentativa de assassinato, em 1980 decide fechar a diocese ao não poder garantir a segurança de seus colaboradores, e parte para o exílio na Costa Rica até 1983.
O assassinato de Monsenhor Gerardi se deu exatamente dois dias depois da apresentação pública do relatório Guatemala nunca mais, no que foi um crime político organizado pelas mais altas instituições civis e militares guatemaltecas. A partir de então, a figura de Gerardi foi um ícone da defesa dos direitos humanos, da reconciliação e da justiça em seu país.
O Fórum de Cristãos Gaspar García Laviana é uma associação localizada nas Astúrias, onde mulheres e homens, sacerdotes e leigos refletem sobre os problemas do Mundo e da Igreja, desde uma perspectiva centrada no Evangelho de Jesus.
Em dezembro passado, duas pessoas pertencentes a este Fórum tiveram a oportunidade de viajar à Guatemala. Durante sua estada, puderam visitar a sepultura de Monsenhor Gerardi, situada no sótão da Catedral de Guatemala, onde é costume enterrar os bispos dessa cidade. A sepultura não pode ser visitada pela população salvo no dia do aniversário de martírio do bispo.
O Fórum de Cristãos Gaspar García Laviana considera que, devido ao significado da figura de Monsenhor Gerardi para a Guatemala e ao desejo da população de poder visitar sua sepultura, esta deveria estar situada em um local mais apropriado, aberto ao público (como é o caso do mausoléu de Oscar Romero em El Salvador). Desta maneira, se valorizaria a figura de Gerardi e as causas que defendeu e pelas quais foi assassinado, tão necessárias hoje em dia em um país dilacerado pela violência indiscriminada.
Pelo acima exposto, o Fórum de Cristãos Gaspar García Laviana solicita que a sepultura de Monsenhor Gerardi seja transladada para um lugar digno de sua figura e de sua luta, onde o povo da Guatemala possa visitá-la e honrar a memória de seu mártir.
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Organização reclama um lugar digno e acessível para a sepultura de bispo assassinado - Instituto Humanitas Unisinos - IHU