19 Outubro 2022
Em março de 2021, Dom Leonardo Steiner convocava uma Assembleia Sinodal Arquidiocesana, um processo que tem neste final de semana, de 21 a 23 de outubro, um momento importante com a realização da Assembleia Sinodal, onde se espera a participação de 260 delegados e delegadas das paróquias, áreas missionárias, pastorais e movimentos que fazem parte da Igreja da capital do Amazonas.
A reportagem é de Luis Miguel Modino.
Uma arquidiocese que está “colocando em prática o pedido do Papa Francisco de fazer realidade uma Igreja cada vez mais participativa, que esteja em comunhão e que saia para a missão”, segundo o Padre Geraldo Bendaham. Tem sido um processo em que “houve um envolvimento das comunidades, das pessoas, dos jovens, dos adultos, das pastorais, dos movimentos”, afirma o Coordenador de Pastoral Arquidiocesana.
O Padre Geraldo reconhece que “é um exercício que não é fácil, a gente vai observando que tem descompassos, tem muitas posses, ainda tem muita auto referencialidade e um caminho longo, mas é o caminho da Igreja”. Nessa perspectiva, ele insiste em que “a Igreja abraça esse processo sinodal, onde a gente partilha os serviços, que nós acreditamos são inspiração do Espírito Santo, e a gente se abre a essa experiência da participação”. Uma dinâmica onde “vai aparecendo mais serviços na Igreja, a coordenação da Igreja sendo partilhada”, insiste o Coordenador de Pastoral, que vê “um crescimento que vai se concluir na Assembleia Sinodal, mas é um exercício, uma experiencia que faz avançar e até renovar a Igreja”.
No processo de escuta tem sido recolhido “as experiências das nossas comunidades, a Igreja é comunidade, a Igreja é Povo de Deus com Jesus Cristo, mas dentro das nossas comunidades, a gente vai observando o surgimento dos ministérios”, segundo o Padre Geraldo Bendaham. Ele relata a descoberta da presença nas comunidades de lideranças de idade avançada, o que é muito bom, mas coloca como desafio eclesial o fato de ir ao encontro da juventude.
Em relação com a juventude, o Coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Manaus, que também coordena a Assembleia Sinodal, reflete sobre realidades presentes no mundo juvenil, como é a perda de sentido da vida, que muitos foram cooptados pelo tráfico de drogas. Diante disso, “a comunidade eclesial é um sinal de fraternidade, harmonia, solidariedade”, afirma o Padre Geraldo, para quem “a comunidade precisa ser orante, samaritana, acolhedora, misericordiosa". Junto com isso, “a comunidade não pode ficar isolada, ao contrário, tem que se abrir à missão, à missionariedade”. Um desafio que se concretiza no fato da comunidade gerar discípulos missionários e missionárias, novos membros para a Igreja.
Pe. Geraldo Bendaham
Em uma Igreja onde se constata um número insuficiente de presbíteros, 170 para mais de dois milhões de habitantes, e onde os processos de formação presbiteral são prolongados, e é necessário que sejam longos, e junto com isso a falta de vocações ao presbiterato, insiste o Padre Bendaham, “a gente tem que pensar que a Igreja não é formada só de padres, mesmo sendo importante que tenha o presbítero e possa celebrar a Eucaristia, o pão tem que estar à mesa, para todas as pessoas”.
O ministério do leigo, da leiga, a questão da celebração, de levar a Palavra, levar a Eucaristia, isso é uma realidade na Arquidiocese de Manaus. O Padre Geraldo defende a necessidade de ampliar esses ministérios, “confiando mais nas pessoas, dando-lhes o ministério”, mas ele também insiste na necessária ajuda econômica para que esses ministros possam chegar nas comunidades mais distantes, pois “é um direito dos fiéis, que estão perto, que estão longe, que estão nas periferias, ter acesso à Palavra de Deus, ter acesso a Jesus Eucarístico”.
O Coordenador de Pastoral da Arquidiocese de Manaus vê necessário que “a Igreja tome decisões mais velozes. A gente não vai perder o trem da história, mas nós estamos com uma Igreja um pouco acanhada nesse sentido de tomar decisões para que a gente possa favorecer o acompanhamento sobretudo das comunidades do interior”. Nesse sentido, ele defende a necessidade de “estar mais presente, não só final de semana, mas morar, ficar na companhia, ter proximidade, respeitar o povo, ser sinal de esperança lá para o povo que mora distante”.
Em relação à Assembleia Sinodal que vai acontecer, o Padre Geraldo Bendaham insiste em que “ela é fruto de uma escuta, a gente espera muita fraternidade, espera muita harmonia e espera também que aprofunde em discussões, em debates, que a gente possa ser uma Igreja viva, uma Igreja de presença, mas que a gente possa tomar decisões, que essas decisões sejam bem discernidas e possam responder aos desafios da evangelização, mas também das realidades especiais que tanto desafiam à Igreja”.
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Assembleia Sinodal Arquidiocesana em Manaus: “Fazer realidade uma Igreja cada vez mais participativa” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU