18 Outubro 2022
Durante um encontro pessoal com o Papa Francisco em 10 de outubro, o primeiro-ministro de Montenegro propôs que um eventual encontro entre o Papa Francisco e o Patriarca Kirill, da Igreja Ortodoxa Russa, pudesse ocorrer em seu país.
A reportagem é de Andrea Gagliarducci, publicada por Catholic News Agency, 14-10-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Falando com a CNA em 11 de outubro, Dritan Abazović observou que “somos um país pequeno e pacífico, sem pretensão política. Não temos grande economia em competição com outros países. Somos um país ortodoxo, mas estamos cheios de um espírito de diálogo. Assim, podemos ser o país onde o papa pode organizar reuniões importantes com outros líderes religiosos globais”.
Abazović disse: “Convidei o papa para visitar Montenegro, e insinuei ao papa que Montenegro, se ele concordar com isso, pode ser o lugar certo para tentar marcar o encontro com o Patriarca Kirill, o líder da Igreja Ortodoxa Russa, em Montenegro”.
Em 2020, havia rumores sobre uma possível visita papal a Montenegro. Esta teria sido uma escala durante a viagem a Chipre e Grécia. No entanto, a viagem para Chipre e Grécia ocorreu em 2021 e não incluiu uma visita ao Montenegro.
As negociações para um segundo encontro entre o Papa Francisco e o Patriarca Kirill de Moscou e Toda a Rússia – após seu encontro em 2016 – estão em andamento desde antes da guerra na Ucrânia.
O papa e o patriarca se encontraram por videoconferência em 6 de março, e um encontro pessoal deveria ocorrer em Jerusalém em 14 de junho, ao final de uma viagem ao Líbano que também acabou sendo cancelada.
Além disso, o Papa Francisco disse mais tarde em uma entrevista que um encontro com o patriarca russo foi considerado inoportuno.
Outro lugar de encontro foi o Cazaquistão em 14 de setembro, onde tanto o Papa Francisco quanto o Patriarca Kirill estavam programados para participar do Congresso dos Líderes das Religiões Mundiais. O Patriarca Kirill, no entanto, retirou sua participação pouco antes da reunião.
É neste contexto que o primeiro-ministro do Montenegro propõe agora o seu país para tal reunião. A nação no sudeste da Europa, um pouco menor que o estado americano de Connecticut, abriga cerca de 620 mil pessoas e já fez parte da Iugoslávia. Hoje, faz fronteira com a Albânia, Bósnia e Herzegovina, Croácia, Kosovo e Sérvia.
A CNA entrevistou o primeiro-ministro montenegrino logo após a apresentação do livro de Abazović “A Critique of Global Ethics” em Roma. O Papa Francisco recebeu uma cópia em seu encontro com o primeiro-ministro.
“Quando o papa viu o título, exclamou: ‘estes são meus temas, estou falando sobre isso o tempo todo’”, contou Abazović.
Abazović ressaltou que uma crítica à ética global é necessária porque “a globalização não é ruim, mas estamos destruindo o globo por causa da globalização e, portanto, precisamos encontrar uma maneira de tornar a globalização melhor, mais funcional, mais justa”.
O primeiro-ministro de Montenegro acrescentou que “a globalização surgiu do fracasso do Estado como modelo”, quando agora a questão dos Estados-nação está novamente nas manchetes e está entrando nos movimentos políticos.
“Precisamos, acima de tudo, da solidariedade entre as nações. Tivemos esse problema da covid-19, que começou na China, mas se tornou um evento global, e precisávamos de solidariedade. E agora não podemos encerrar a agressão da Federação Russa à Ucrânia como uma questão local. Há uma crise energética envolvida e ligada a ela, por exemplo. Assim, um país não pode superá-lo. Seja uma superpotência ou não, ela não pode resolver todos os problemas sozinha”.
De acordo com Abazović, “precisamos pensar mais, mais em termos de unidade global e, claro, mudanças globais relacionadas à ética global. Não precisamos sair das Nações Unidas. Precisamos de uma ONU mais produtiva e mais eficaz”.
As relações com o papa são cruciais para alcançar esse objetivo porque o pontífice romano é “de alguma forma o líder de cerca de 1,3 bilhão de pessoas e desempenha um papel crítico na sociedade global”.
Não há dúvida na mente do primeiro-ministro: o apoio do papa, junto com o de outros líderes religiosos, pode fazer a diferença.
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O Papa Francisco e o Patriarca Kirill poderão finalmente se encontrar? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU