12 Setembro 2022
A Ir. Maria De Coppi foi enterrada no “seu” Moçambique, na quinta-feira, 8. A reivindicação: foi morta porque era “comprometida demais” com a difusão do cristianismo.
A reportagem é de Avvenire, 09-09-2022. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A Ir. Maria De Coppi, religiosa comboniana morta em uma emboscada terrorista na sua missão, foi enterrada no “seu” Moçambique. Após o funeral, que foi celebrado nessa quinta-feira, a Ir. Maria foi sepultada no cemitério de Carapira. No mesmo dia, na igreja de Ramera (Treviso), sua paróquia de origem, foi celebrada uma missa de sufrágio.
A religiosa deixa as irmãs Dina e Lucia e o irmão Paolo. Ao longo dos anos, a Ir. Maria manteve um vínculo muito vivo com a paróquia de Ramera e com o pároco, Pe. Adriano Zanette.
Enquanto isso, chegou de Moçambique uma implacável confirmação da matriz terrorista da emboscada à missão de Chipene, na província de Nampula, no norte do país, na qual morreram, além da freira, outros três cristãos, pelas mãos do autodenominado Estado Islâmico (ISIS).
Segundo a BBC, a organização jihadista publicou a reivindicação em algumas de suas contas no aplicativo de mensagens Telegram em nome da Província do Estado Islâmico na África Central.
No seu comunicado, especifica a emissora britânica, o ISIS afirma ter matado a freira porque ela estava “excessivamente comprometida com a difusão do cristianismo”. A organização também disse que seus militantes queimaram uma igreja, dois veículos e “outras propriedades” da missão na área.
Em junho, o ISIS havia reivindicado a responsabilidade por outro ataque a Nampula, quando relatou ter invadido um vilarejo em Memba e decapitado um cristão. Nampula está localizada no sul da província de Cabo Delgado, onde se concentra a atividade do autodenominado Estado Islâmico.
“Ela é uma mártir da fé”, comentou Dom Inácio Saure, arcebispo de Nampula, quando soube da reivindicação. “Se a afirmação for autêntica, então a Ir. Maria é verdadeiramente uma mártir da fé”, reiterou Dom Saure em uma entrevista à Agência Fides. Ele se diz preocupado, porque a província de Nampula parece ter sido tomada como alvo pelos jihadistas, cujas atividades até agora tiveram seu foco na província vizinha de Cabo Delgado. “Os ataques estão ocorrendo em nossa província desde o início de setembro”, disse o arcebispo.
“A população está desorientada e em grande sofrimento, porque vive na incerteza e não sabe o que fazer. Muitos fogem, mas não sabem bem para onde ir”, disse Dom Saure.
“Eu falei com o bispo de Nancala (onde se encontra a missão Chipene), e ele me disse que as autoridades enviaram os militares para lá, mas que a população está assustada.”
As preocupações dos bispos moçambicanos são partilhadas pelos seus homólogos da África do Sul, Botswana e Eswatini (ex-Suazilândia) da SACBC (Conferência dos Bispos Católicos da África Austral), que na sua mensagem de condolências pela morte da Ir. Maria afirmam: “Notamos com crescente preocupação os primeiros ataques à província de Nampula na sexta-feira (2 de setembro) em Namapa e na noite de ontem (6 de setembro) em Chipene. Com efeito, os ataques estão se aproximando cada vez mais da cidade de Nampula”.
“Sim – confirma Dom Saure –, estamos preocupados com o avanço dos jihadistas. Com efeito, eles poderiam atacar aqui em Nampula (capital da província de mesmo nome).” “Espero que o sacrifício da Ir. Maria ajude a manter a atenção internacional naquilo que está acontecendo aqui entre nós”, conclui.
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ISIS reivindica assassinato de freira em Moçambique: “Mártir da fé” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU