31 Agosto 2022
O Papa Francisco abriu uma reunião de dois dias com quase 200 cardeais nesta manhã, 29 de agosto, para discutir “Predicate Evangelium”, a constituição para a reforma da Cúria Romana que ele promulgou em 19 de março e que entrou em vigor em 5 de junho.
A reportagem é de Gerard O'Connell, publicada por America, 30-08-2022. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
A última vez que o Colégio dos Cardeais se reuniu para uma reunião para discutir um tema importante foi em 2014 para discutir a família antes do Sínodo dos Bispos sobre a Família em outubro daquele ano. Neste ano não é apenas uma oportunidade para se discutir a nova constituição, que impactará suas dioceses, mas também para se conhecerem. Muitos cardeais não conhecem seus irmãos cardeais, e é importante que eles tenham a oportunidade de se conhecer bem antes de um futuro conclave. Um conclave ainda não está no horizonte, pois o papa não deu nenhuma indicação de que pretende renunciar.
Vários cardeais, que desejaram permanecer anônimos, disseram à America que o Papa Francisco lembrou em sua breve introdução à reunião que a reforma da cúria havia sido pedida pelos cardeais nas reuniões pré-conclave em março de 2013. Ele disse que havia nomeado um conselho de cardeais para aconselhá-lo nesta e em outras tarefas. Ressaltou que se exige uma nova abordagem da Cúria Romana e que ela deve ser um corpo a serviço do ofício petrino e dos bispos do mundo, tendo como prioridade a evangelização. Ele lembrou que desde 2013, ampla consulta foi realizada em várias etapas, resultando no texto final.
Ele encorajou os cardeais a “falar livremente” enquanto discutiam o texto em duas sessões hoje e em uma sessão na terça-feira de manhã. Ele deixou claro que queria que eles discutissem o Ano Santo 2025 na sessão final na tarde de terça-feira, antes da missa que ele celebrará com os 20 novos cardeais às 17h30 daquela noite.
Os cardeais, que receberam uma cópia da constituição e uma série de perguntas para orientar sua discussão, então se dividiram em grupos de idiomas variando de 10 a 15 em cada grupo. O inglês parece ser a língua mais falada entre os cardeais, e existem quatro grupos de língua inglesa. As outras línguas faladas são o espanhol, o francês e o italiano.
A primeira sessão foi dedicada à discussão da introdução à constituição. “Havia um clima sinodal”, segundo o cardeal Juan José Omella, arcebispo de Barcelona, citado pela SIR, agência de notícias da Conferência Episcopal Italiana. Ele disse que os principais temas que emergiram até agora são “evangelização” e “como todos os batizados são chamados a ser evangelizadores” e que devem fazê-lo por meio de “atos de caridade, proximidade, ternura e principalmente pela escuta”.
As mídias espanhola e italiana informam que alguns cardeais que não concordam totalmente com a Constituição pretendem levantar questões na reunião sobre a separação do poder de governo do poder das ordens sagradas (por exemplo, permitindo que leigos ocupem cargos a Cúria Romana) e a ênfase em ser uma igreja sinodal em vez de uma Igreja hierárquica. Mas fontes disseram à America que parece haver um forte apoio à ênfase em ser uma Igreja missionária que alcança as pessoas.
Estes são apenas os primeiros indícios do que está acontecendo neste primeiro grande encontro de cardeais desde 2014, um evento que deu origem a todo tipo de especulação, até mesmo a rumores de que o papa anunciaria sua renúncia, um rumor que não tem fundamento segundo vários cardeais que falaram com a nossa reportagem.
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Papa Francisco diz ao Colégio dos Cardeais para ‘falar livremente’ na primeira reunião desde 2014 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU