23 Agosto 2022
"Está descarado o lado em que o mal se apresenta", escreve Edelberto Behs, jornalista, que atuou na Igreja Evangélica de Confissão Luterana do Brasil – IECLB de 1974 a 1993, como repórter e editor do Jornal Evangélico e depois como assessor de imprensa.
Quem já conviveu com colegas e familiares que distorcem fatos, propostas, iniciativas, quando não as tomam “emprestadas” de quem teve a ideia, sabe quão chato, perigoso e desagradável é o contato com essas pessoas. Agora, imaginem quando esta pessoa é uma ex-ministra, pastora, seguidora do “euangelho” usar desse artifício para obstruir o outro, deturpar e, com isso, ganhar pontos para si como candidata na disputa a cargo eletivo.
Pois essa pessoa existe e se chama Damares Alves (Republicanos-DF), pastora que inventa mentiras para ganhar eleitores, enquanto candidata ao Senado federal. Em 2 de agosto, a “pastora” compartilhou quatro vídeos no Facebook, no Instagram e no Youtube divulgando a “Cartilha do governo Lula” que “ensinava jovens a usar crack”.
Trata-se justamente o oposto, de material sobre meios de reduzir danos de drogaditos, iniciativa reconhecida pela Organização Mundial da Saúde. Em outra postagem, a “pastora” reporta-se a uma cartilha de orientações sobre prevenção de doenças sexualmente transmissíveis, associando-a a uma suposta erotização infantil.
O ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Raul Araújo, determinou, na quinta-feira 18, que sejam retirados das redes sociais os vídeos que a “pastora” faz referências distorcidas e divulgava fake news sobre iniciativas do governo do PT. Ou seja, chamou a ex-ministra, “pastora”, de mentirosa.
Ministra, a senhora não aprendeu da escola dominical ou ouviu de seu pai que mentir é feio e ofende o próximo e a Deus?
Mas o clube da mentira não conta só com a ex-ministra Damares, aquela que se mostrou preocupada com as cores das roupas de meninas – que vestem rosa – e de meninos, que vestem azul. Faz-lhe companhia outro “pastor”, mentiroso, diabólico (que provoca a discórdia), e se chama Marco Feliciano (PL-SP), deputado bolsonarista, um dos mais próximos do tchutchuca do Centrão.
Ele admitiu, em entrevista à CBN, que é o responsável pelo alerta de que Lula, se eleito presidente, vai fechar igrejas. “Conversamos sobre o risco de perseguição, que pode culminar no fechamento de igrejas. Tenho que alertar meu rebanho de que há um lobo nos rondando, que quer tragar nossas ovelhas através da enganação e da sutileza. A esmagadora maioria das igrejas está anunciando a seus fiéis: tomemos cuidado."
A fake news se espalhou com rastilho de pólvora em templos evangélicos. “Por mais absurdo que isso possa parecer, a maioria dos fiéis acreditou, como apurou levantamento feito durante o mês pela rádio CBN”, registrou o colunista Ricardo Kotscho, do UOL.
Será que o “pastor” Feliciano sabe mencionar quantas igrejas foram fechadas nos 13 anos do governo do PT no Brasil? Será que o deputado mentiroso não se lembra que foi o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que sancionou, no dia 3 de setembro de 2009, a lei criando o Dia Nacional da Marcha para Jesus, comemorado 60 dias após a Páscoa?
Quando da assinatura da lei estavam presentes no ato representantes da Igreja Universal do Reino de Deus, Assembleia de Deus, Renascer em Cristo, Sara a Nossa Terra e Igreja Batista. Lideranças de algumas dessas igreja que apontam agora para Lula como o representante do capeta na sagrada luta “do bem contra o mal” travada nesta eleição.
Está descarado o lado em que o mal se apresenta.
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Religioso mente para beneficiar candidatura do capitão. Artigo de Edelberto Behs - Instituto Humanitas Unisinos - IHU