16 Agosto 2022
A Frente Inter-Religiosa Dom Paulo Evaristo Arns repudiou, em nota, as declarações da primeira-dama do Brasil, Michelle Bolsonaro, na Igreja Batista Lagoinha, em Belo Horizonte, quando afirmou que antes de Jair Messias o Palácio do Planalto era consagrado ao demônio.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Michelle também compartilhou nas redes sociais um vídeo da vereadora Soraia Fernandes (Republicanos-SP) que associa “às trevas” religiões de matriz afro-brasileira, como a umbanda e o candomblé.
A Frente pediu, “em nome do respeito à fé”, que a primeira-dama se “retrate imediatamente, dentro dos princípios cristãos de amor ao próximo que afirma professar, e aja em conformidade com as leis que regem nosso país”, uma pátria para todos os brasileiros e brasileiras “indistintamente de opção religiosa ou política”.
A primeira dama estava acompanhado do marido na Igreja Batista Alagoinha. A Frente Dom Paulo Evaristo Arns destacou que a Presidência da República é uma instituição republicana fundamentada em mandato secular, em um país laico.
O posicionamento de Michelle desnuda a “propaganda” do presidente de defesa da liberdade religiosa. Em discurso na ONU, na abertura da 75ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em 22 de setembro de 2020, o presidente da República denunciou a “cristofobia” e defendeu liberdade religiosa.
Liberdade religiosa desde que seja para os da sua grei, que não sejam umbandistas e seguidores do candomblé. Atacar as religiões de matriz africana é um discurso que agrada evangélicos pentecostais, neopentecostais, fundamentalistas e, a essas alturas da campanha eleitoral, gera votos para o cameleão “cristão” defensor de armas, que se diz católico mas bajula e se quer próximo a pregadores picaretas do Evangelho.
É o presidente que denuncia a “cristofobia”, quando a primeira-dama incentiva a “exufobia”.
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Primeira-dama incentiva a “exufobia” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU