27 Julho 2022
O canonista Thomas Schuller vê na repreensão do Vaticano uma atitude política ameaçadora: "Roma insiste em seu direito exclusivo de decidir sobre a manutenção e a modificação da doutrina”.
A reportagem é publicada por Dom Radio e reproduzida por Fine Settimana, 22-07-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
O canonista falou sobre isso com a agência de imprensa evangélica Evangelische Pressedienst (epd). Forças conservadoras na cúria romana e no episcopado alemão conseguiram dar aos tomadores de decisão romanos a impressão de que a Igreja alemã está caminhando para um tipo particular de caminho sinodal.
Na quinta-feira, o Vaticano publicou uma declaração alertando bispos e leigos sobre reformas de sua própria autoridade e sem o consenso da Igreja universal. Desde dezembro de 2019, bispos e leigos na Alemanha discutem no processo de reforma do Caminho Sinodal formas de lidar com a crise desencadeada pelo escândalo de abusos. O processo de reforma terminará em 2023. A próxima assembleia sinodal está marcada para setembro em Frankfurt.
Schüller declarou que, como canonista, não entende as preocupações de Roma. Considera que o Caminho Sinodal é um "nullum jurídico". “Suas decisões não vinculam nenhum bispo diocesano e afirma-se expressamente que a autoridade dos bispos não é de forma alguma posta em discussão”, destacou. Mas, aparentemente, as meras propostas relativas à bênção dos casais homossexuais ou ao previsto vínculo dos tomadores de decisão episcopais nos conselhos diocesanos com os leigos já foram suficientes para "disparar um alarme em Roma".
No entanto, essa intervenção política não deixará de ter efeito sobre os "bispos indecisos e volúveis do episcopado alemão", acrescentou Schüller. Em setembro, eles garantirão que na próxima reunião plenária do Caminho Sinodal, em muitos casos, não seja alcançada a necessária maioria de dois terços dos bispos: "O Caminho Sinodal como projeto de reforma, portanto, corre o risco de se chocar contra um muro".
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“O Caminho Sinodal Alemão corre o risco de se chocar contra um muro” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU