21 Julho 2022
Publicamos o relatório final de um seminário sobre Cristianismo, religiões e contextos que aconteceu no ISSR da Toscana. Experiência, em seu âmbito reduzido, interessante para a busca de novas modalidades, estilos e motivações para praticar a teologia que escapa cada vez mais dos âmbitos clássicos – e às vezes estreitos – de cultivo de um conhecimento teológico (e social) compartilhado. [1]
O relatório foi elaborado por Grupo de trabalho Cristianismo, religiões e contextos, publicado por Settimana News, 20-07-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
"Quando a paixão por algo ganha vida e o fogo é alimentado por pessoas qualificadas - e que ativam o trabalho dos outros – nascem experiências como aquela que surgiu em torno de um grupo de pessoas vindas de diferentes lugares da Itália, diferentes idades e formação universitária, mas mesmo assim, todos unidos pelo mesmo desejo”.
Nasceu dessa intuição - expressa através das palavras de um dos participantes - a experiência do nosso seminário de estudos, uma experiência de verdadeira "teologia de baixo", como percurso de aprofundamento aberto a todos sobre o cristianismo, as religiões e as evoluções da dimensão religiosa em nossos contextos sociais.
Mas talvez devêssemos dizer que tudo começou a partir do encontro de alguns alunos com alguns de seus professores, que souberam aceitar o desafio mais fascinante para o crescimento - intelectual e espiritual - de um ser humano: alimentar a curiosidade e dar espaço à pesquisa e ao questionamento.
O projeto a que demos forma foi desenvolvido dentro do Instituto Superior de Ciências Religiosas da Toscana, durante as aulas do curso sobre Novos Movimentos Religiosos ministrado pelo prof. Fabrizio Mandreoli - em colaboração com outros pesquisadores - no ano letivo 2020/2021.
A metodologia participativa e dialogada – apesar das aulas a distância – fez nascer no pequeno grupo de estudantes a paixão pelo aprofundamento e a pesquisa, em um espaço que pudesse ampliar horizontes. Durante as férias de verão – à sombra do mosteiro cisterciense de Valserena, na província de Pisa – a ideia de um seminário permanente tomou “corpo e alma”, identificando locais/temas de interesse e centrando-se na área mediterrânica, entendida como “espaço teológico-cultural" de particular relevância no atual contexto geo-histórico e espiritual.
Em outubro de 2021, com a retomada do ano letivo, o ISSR da Toscana - graças ao importante trabalho do prof. Marco Pietro Giovannoni e ao apoio do coordenador Alfredo Jacopozzi e do diretor Stefano Grossi - nos ofereceu um espaço de encontro virtual, disponibilizando tanto uma sala de aula na plataforma online para o nosso projeto quanto o apoio do Instituto para esse seminário livre. A partir desse momento, de acordo com um calendário pré-estabelecido, o percurso se desdobrou em encontros mensais, abertos a quem quisesse participar.
A estrutura dos encontros prevê uma breve exposição inicial, muitas vezes apresentada por um convidado externo qualificado, e um trabalho de discussão coletiva livre, preparado por algumas leituras prévias sobre o tema.
Como já mencionado acima, o estilo principal - em suas intenções originais - quer ser o de uma "teologia que parte de baixo" em um diálogo coletivo e igualitário que se relaciona com o contexto particular (no nosso caso o Mediterrâneo é entendido como o horizonte de fundo de nossos contextos locais) para abordar as pequenas e grandes questões em jogo.
Isso comporta necessariamente a forma do diálogo, da interculturalidade, da escuta respeitosa, do deixar espaço como ingredientes básicos na perspectiva de uma pesquisa rigorosa e científica sobre o “fato religioso” e suas evoluções. Pluralismo e diálogo (recordamos aqui alguns temas: significados e formas de verdade, a relação entre liberdade religiosa e ordem sapiencial divina, "teologia e filosofia do nascimento" com Michele Zanardi); Islamismo e modernidade (com a contribuição do Prof. Ignazio De Francesco); a experiência da rede dos mosteiros envolvidos no Mediterrâneo fronteira de Paz (com o testemunho das atentas monjas de Pennabilli); perdão e justiça… foram apenas alguns dos temas que acompanharam o grupo de trabalho até o mês de maio, que terminou com um encontro presencial nas colinas de Florença para compartilhar um momento de conclusão e fraternidade.
As razões do percurso realizado emergem claramente pelas vozes dos protagonistas. É uma oportunidade única para continuar, em locais fora da universidade, as reflexões amadurecidas no estudo teológico (e não só), para reler as próprias experiências de vida e trabalho, num contexto pluralista e multicultural.
Mas é também uma oportunidade de explorar as competências em outros âmbitos que não os do ensino escolar, num ambiente que reúne diferentes pessoas (e pensamentos), "horizontais" entre si, mas capazes de convergir num ponto catalisador ou em quadros polares e dinâmico.
Um elemento fecundo é também a união do aspecto teórico-teorético e a práxis, em uma troca recíproca entre visão e ação, alto e baixo, bem como a metodologia básica que traz o foco em pistas tangíveis no concreto, a partir de uma discussão livre, atenta (aos temas e aos demais participantes do grupo) e responsável.
E no futuro próximo? O desafio é continuar a viagem iniciada juntos e focar mais a atenção nos contextos, tentando realizar explorações, pesquisas e observações participantes em microâmbitos significativos. Com o objetivo de oferecer uma contribuição para a edificação de um "mundo comum" e movidos pela convicção de que "quando os muros das próprias construções interiores caem por estarem expostos ao vento do diálogo [inter e intra-religioso], pode acontecer de ficar enterrados sob os escombros... mas se pode começar a construir a própria morada para que outros possam entrar e sair” [2].
[1] Redatores e autores do relatório: Valentina Bandini, Daniele Ascani, Mirko Bueti, Alessandro Ranieri, Roberta Soldà, Emanuela Prina Mello, Neri Batisti. Membros do grupo de trabalho: Valentina Bandini, Daniele Ascani, Mirko Bueti, Neri Batisti, Emanuela Prina Mello, Emanuela Provera, Giacomo Ceccolini, Michele Zanardi, Federica Neri, Hamdan Alzeqri, Simonetta Grementieri, Mariella Vaccaro, Alfredo Jacopozzi, Marco Giovannoni, Fabrizio Mandreoli.
[2] A. Rossi, Un artista del dialogo, in R. Panikkar, L’altro come esperienza di rivelazione. Dialogo con Achille Rossi, l’Altrapagina, Città di Castello 2008, p. 19.
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Por uma teologia de baixo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU