No final do Curso sobre o foro interno, recentemente cerca de 800 clérigos tomaram parte do encontro com o Santo Padre na Sala Nervi. Este é o 32º ano em que se celebra esse importante momento organizado pelo Tribunal da Penitenciária Apostólica.
Nos últimos anos, o Sacramento da Reconciliação tornou-se alvo de numerosos ataques, em particular no debate sobre os abusos perpetrados contra os menores. A Igreja continuou a reafirmar a inviolabilidade do sacramento, distinguindo-o do simples "sigilo profissional", ainda que com a consciência de ter que formar clérigos para poder aconselhar da melhor forma os penitentes. Na ocasião, o Santo Padre Francisco dirigiu aos padres presentes um belo discurso no qual delineou “três dimensões essenciais do ministério do confessor; três faces do amor, às quais deve se somar a alegria, que sempre o acompanha."
Em seguida, ele contou uma breve anedota que o cardeal Mauro Piacenza lhe confidenciou há alguns anos e que Francisco apreciou bastante: “E eu gostaria de dizer outra coisa sobre a escuta: por favor, removam toda curiosidade. Às vezes há penitentes que se envergonham do que estão contando, não sabem como dizer, mas dão um aceno. O Penitenciário Maior nos ensinou uma coisa boa: quando entendemos a situação, podemos dizer: 'Entendi, vá em frente, vamos para outra coisa...' Poupar a dor de dizer as coisas que eles não sabem como dizer, e não cair na curiosidade de perguntar: 'E como foi? E quantas vezes?' Por favor! Você não é um torturador, você é um pai amoroso. A curiosidade pertence ao diabo. 'Não, eu tenho que saber para avaliar se vou perdoar...' Se Jesus te tratasse assim!"
O texto é publicado por Silere Non Possum, 25-03-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
O Papa advertiu depois sobre algumas derivas perigosas que animam algumas associações laicais. Basta pensar em realidades como Novos Horizontes, mas não só, onde o sacramento da reconciliação se torna algo relativo e os membros são convidados a "abrir-se aos responsáveis".
Francisco foi muito duro: “E sobre isso eu gostaria de esclarecer uma coisa. Entendi que em alguns grupos, em algumas associações, está entrando uma relativização do sigilo sacramental. Por exemplo, diz-se: o sigilo é o pecado, mas então tudo o que vem depois do pecado ou antes do pecado, você pode contar. Não! E há alguns grupos que defendem isso; e depois o confessor conta aos superiores as outras coisas. Não. O sigilo é do momento em que se começa até o momento do fim. Mas e se vocês falaram sobre aquela coisa bem no meio...? Não importa, tudo está sob sigilo. Para ter certeza disso, quero que todos os confessores sejam especialistas em escuta. E se tivesse aparecido algo que até o penitente gostaria que se soubesse? É preciso pedir permissão sobre o que ele me falou na confissão: “Diga-me de novo ou diga-me se posso falar sobre isso”. Ser claros. Alguns teólogos podem dizer: "Mas não é assim, é mais amplo". É doutrina comum - pelo menos neste Pontificado! - que o sigilo vá do momento inicial até o fim. E esta é a doutrina a seguir, sem entrar nessas nuances “daqui até ali”, que depois servem para governar mal”.
Com uma esplêndida clareza, o Papa então silenciou todas aquelas ideias de confissão "aberta" e reafirmou o ensinamento da Igreja Católica sobre a Confissão. Conforme sancionado pelo Código de Direito Canônico (Cân. 983-984), tudo o que é relatado no confessionário, ou seja, desde o momento em que se faz o sinal da cruz até o seu término (com ou sem absolvição), está sob um sigilo absolutamente inviolável. Todas as informações relatadas na confissão são "sigilosas" porque são dadas somente a Deus, portanto, não estão à disposição do sacerdote confessor. O Catecismo de 1441 diz: "Só Deus perdoa os pecados".
"Aqueles que se aproximam do sacramento da Penitência obtêm da misericórdia de Deus o perdão da ofensa a Ele feita e, ao mesmo tempo, são reconciliados com a Igreja, que tinham ferido com o seu pecado, a qual, pela caridade, exemplo e oração, trabalha pela sua conversão com caridade, exemplo e oração".
Catecismo da Igreja Católica, 1422
“Aqueles que se aproximam do sacramento da penitência recebem da misericórdia de Deus o perdão das ofensas contra ele; ao mesmo tempo, reconciliam-se com a Igreja, à qual infligiram a ferida do pecado e que coopera na sua conversão com a caridade, o exemplo e a oração”.
Lumen Gentium, 11
"No sacramento da penitência, os fiéis que confessam seus pecados ao ministro legítimo, arrependidos e com o propósito de se emendarem, alcançam de Deus, mediante a absolvição dada pelo ministro, o perdão dos pecados cometidos após o batismo, e ao mesmo tempo se reconciliam com a Igreja, à qual ofenderam pelo pecado.”
Código Direito Canônico. 959 CJC
Em seguida, Francisco ofereceu dois belíssimos testemunhos de dois confessores que caracterizaram seu ministério.
Audiência com os participantes do Curso sobre o Fórum Interno promovido pela Penitenciária Apostólica
Caros Irmãos, bom dia e bem-vindos!
Tenho o prazer de encontra-me com vocês por ocasião do Curso anual sobre o Foro Interno, organizado pela Penitenciária Apostólica e agora em sua trigésima segunda edição. Eles são constantes, eles são constantes. Cumprimentos!
Saúdo o Cardeal Mauro Piacenza, Penitenciário Maior, e agradeço-lhe sinceramente as suas palavras introdutórias.
Saúdo o Regente, os Prelados, os Oficiais e Funcionários da Penitenciária, os Colégios das Penitenciárias Ordinárias e Extraordinárias das Basílicas Pontifícias in Urbe e todos vocês, participantes do Curso, realmente numerosos: cerca de oitocentos clérigos! Este é um bom sinal, porque hoje uma mentalidade difundida tem dificuldade para entender a dimensão sobrenatural, ou mesmo gostaria de negá-la. Sempre, sempre a tentação de reduzir. A confissão é um diálogo. E o diálogo não pode ser reduzido a três ou quatro conselhos psicológicos para seguir em frente, isso é tirar do Sacramento o essencial do Sacramento.
Pode ser bom não só para você, mas para todos os sacerdotes confessores, talvez aproveitando o tempo quaresmal, reler e meditar a Nota sobre o foro interno e a inviolabilidade do sigilo sacramental, publicada pela Penitenciária Apostólica em 2019. Ela aborda aspectos de grande atualidade e, sobretudo, ajuda-nos a redescobrir o quanto seja precioso e necessário, mesmo nos nossos dias, o ministério da Reconciliação, que torna visível e realiza a misericórdia de Deus, a realiza.
Em entrevista recente, com uma expressão inusitada, afirmei que “o perdão é um direito humano”. Todos nós temos o direito de ser perdoados. Todos. De fato, é o que o coração de todo homem anseia mais profundamente, porque, afinal, ser perdoados significa ser amados pelo que somos, apesar de nossas limitações e nossos pecados. E o perdão é um "direito" no sentido de que Deus, no mistério pascal de Cristo, o concedeu de forma total e irreversível a todo homem disposto a acolhê-lo, com coração humilde e arrependido. Ao dispensar generosamente o perdão de Deus, nós, confessores, colaboramos na cura dos homens e do mundo; cooperemos na realização daquele amor e daquela paz que cada coração humano anseia tão intensamente; com o perdão contribuímos, permitam-me a palavra, para uma "ecologia" espiritual do mundo.
Gostaria de oferecer alguns pontos de reflexão e revisão de vida em torno de três palavras-chave: acolhimento, escuta e acompanhamento. Acolhimento, escuta e acompanhamento. Três dimensões essenciais do ministério do confessor; três faces do amor, às quais deve se somar a alegria, que sempre o acompanha.
É aquela que ajuda o penitente a aproximar-se do Sacramento com o espírito correto, não para ficar dobrado sobre si mesmo e o próprio pecado, mas para se abrir à paternidade de Deus, ao dom da Graça. O acolhimento é a medida da caridade pastoral, que amadurecestes no caminho da formação ao sacerdócio e é rica de frutos tanto para o penitente como para o próprio confessor, que vive a sua paternidade, como o pai do filho pródigo, cheio de alegria pelo retorno do filho. Temos nós este acolhimento e esta alegria? A serenidade de um confessor que sabe acolher, de dia ou de noite: "Sente-se", e deixa falar. Criar o clima de paz, também de alegria.
Escutar - sabemos - é mais do que ouvir. Requer uma disposição interior feita de atenção, disponibilidade, paciência. É preciso deixar de lado os próprios pensamentos, os próprios esquemas, para realmente abrir a mente e o coração para a escuta. Se, enquanto o outro estiver falando, você já está pensando no que dizer, no que responder, então você não está ouvindo ele ou ela, mas você mesmo. Este é um vício ruim, o confessor que escuta a si mesmo: "O que vou dizer?". Ele sai purificado, mas você? Você sai pecador, porque você não cumpre o seu serviço de escutar para perdoar. Em algumas confissões, nada ou quase nada deve ser dito - quero dizer como conselho ou exortação - mas apenas se deve escutar e perdoar. A escuta é uma forma de amor que faz o outro se sentir realmente amado.
E eu gostaria de dizer outra coisa sobre a escuta: por favor, removam toda curiosidade. Às vezes há penitentes que se envergonham do que estão contando, não sabem como dizer, mas dão um aceno. O Penitenciário Maior nos ensinou uma coisa boa: quando entendermos a situação, podemos dizer: "Entendi, vá em frente, vamos para outra coisa...". Poupar a dor de dizer as coisas que eles não sabem como dizer, e não cair na curiosidade de perguntar: “E como foi? E quantas vezes?” Por favor! Você não é um torturador, você é um pai amoroso. A curiosidade pertence ao diabo. "Não, eu tenho que saber para avaliar se vou perdoar..." Se Jesus te tratasse assim!
E quantas vezes a confissão do penitente se torna também um exame de consciência para o confessor! Isso aconteceu comigo. Com vocês também, tenho certeza. Diante de certas almas fiéis, acontece de nos perguntarmos: tenho essa consciência de Jesus Cristo vivo? Tenho essa caridade para com os outros? Essa capacidade de me questionar? A escuta implica uma espécie de esvaziamento: esvaziar-me do meu eu para acolher o outro. É um ato de fé no poder de Deus e na tarefa que o Senhor nos confiou. Só pela fé os irmãos e as irmãs abrem o coração ao confessor; portanto, têm o direito de serem ouvidos com fé e com aquela caridade que o Pai reserva aos seus filhos. E isso gera alegria!
O confessor não decide no lugar do fiel, não é senhor da consciência do outro. O confessor simplesmente acompanha, com toda a prudência, discernimento e caridade de que é capaz, para o reconhecimento da verdade e da vontade de Deus na experiência concreta do penitente. Às vezes dizendo uma palavra ou duas, mas justas, e não fazendo uma homilia dominical. O penitente quer sair o mais rápido possível, isso dá para entender. Dizer a palavra certa para acompanhá-lo, sempre. É sempre necessário distinguir a conversação da verdadeira confissão, vinculada pelo sigilo, do diálogo de acompanhamento espiritual, também reservado, ainda que de forma diferente.
E sobre isso eu gostaria de esclarecer uma coisa. Entendi que em alguns grupos, em algumas associações, está entrando uma relativização do sigilo sacramental. Por exemplo, diz-se: o sigilo é o pecado, mas então tudo o que vem depois do pecado ou antes do pecado, você pode contar. Não! E há alguns grupos que defendem isso; e depois o confessor conta aos superiores as outras coisas. Não. O sigilo é do momento em que se começa até o momento do fim. Mas e se vocês falaram sobre aquela coisa bem no meio...? Não importa, tudo está sob sigilo. Para ter certeza disso, quero que todos os confessores sejam especialistas em escuta. E se tivesse aparecido algo que até o penitente gostaria que se soubesse? É preciso pedir permissão sobre o que ele me falou na confissão: “Diga-me de novo ou diga-me se posso falar sobre isso”. Ser claros. Alguns teólogos podem dizer: "Mas não é assim, é mais amplo". É doutrina comum - pelo menos neste Pontificado! - que o sigilo vá do momento inicial até o fim. E esta é a doutrina a seguir, sem entrar nessas nuances “daqui até ali”, que depois servem para governar mal.
O confessor tem sempre como objetivo o universal chamado à santidade (cf. Lumen gentium, 39-42), e a acompanhar discretamente isso.
Acompanhar significa cuidar do outro, caminhar junto com ele ou com ela. Não basta indicar um destino, se depois você não estiver disposto a percorrer nem mesmo um trecho de estrada junto. Por mais breve que seja a conversa confessional, a partir de poucos detalhes já se pode compreender quais são as necessidades do irmão ou irmã: a estes somos chamados a responder, acompanhando sobretudo para a compreensão e para a aceitação da vontade de Deus, que é sempre o caminho do bem maior, o caminho da alegria e da paz.
Caros irmãos, agradeço ao Senhor convosco pelo ministério que vocês desempenham, ou que em breve lhes será confiado - porque aqui há diáconos -, ministério ao serviço da santificação do povo fiel de Deus. E vocês também, por favor, confessem-se. Vocês vão pedir o perdão pelos vossos pecados, não é verdade? Isso é muito saudável. É bom para nós, confessores, fazê-lo. Recomendo: vivam de boa vontade o confessionário, acolham, escutem, acompanhem, sabendo que todos, absolutamente todos, precisam de perdão, ou seja, sentir-se amados como filhos de Deus Pai. As palavras que proferimos: “Eu lhe absolvo de seus pecados” também significam “você, irmão, irmã, é precioso, você é preciosa para Deus; é bom que você esteja aqui". E este é um remédio muito poderoso para a alma, e também para a psique de todos.
E gostaria de voltar a um detalhe que já mencionei antes. Dois depoimentos. Já contei o detalhe sobre a dificuldade de contar os pecados, para os quais o penitente diz uma pequena parte, mas entendemos que a coisa é maior. Então devemos parar, não torturar o penitente: "Entendi, vá em frente". “Mas eu tenho que, eu sou um juiz, eu tenho que julgar”. Você entendeu? Perdoe o que você entende. Ponto. Às vezes é verdade que é um juízo, mas de misericórdia. É uma linda ópera pop que fizeram três ou quatro anos atrás, um desses grupos de músicos dos jovens de hoje, com essa música que eu não entendo, mas que dizem que é linda. É uma obra sobre a parábola do filho pródigo. Depois de toda a história, na parte final, o filho, coitado, já sujo de tantos pecados, de tantas coisas, mesmo derrotado por todas aquelas coisas, sente a necessidade de voltar ao Pai e diz a um amigo: "Mas não sei se meu pai vai me receber...” E cantam assim: “Ele me receberá? me receberá?" O amigo dá um conselho: “Envie uma carta ao seu pai e diga: Pai, quero me arrepender e dizer isso na sua cara, mas tenho medo de ir até você, não sei se você vai querer me receber ou não... Eu só quero ir para pedir perdão, não mereço que me chame de seu filho, é só isso”. E seguindo o conselho do amigo, ele escreveu o seguinte: “Se você estiver disposto a fazer isso, por favor, coloque um lenço branco na janela, para quando eu me aproximar da casa, eu verei o lenço e entrarei. Se eu não ver o lenço, vou embora”. A ópera continua e então o último ato é quando o filho vai pela estrada que leva até a casa. Olha a casa: está toda coberta de lenços brancos, toda coberta! Ou seja, a misericórdia de Deus não tem limites. A misericórdia de um confessor, o mesmo. Pensem nos lenços brancos! Isso é lindo, eu gostei.
Um sacramentino, um bom garoto, morreu aos 92 anos! Era o confessor de todo o clero de Buenos Aires. Todos procuravam por ele, muitos leigos... Era assim. Um grande confessor. Mesmo como provincial - foi provincial de sua Ordem - sempre encontrava um lugar naquela basílica onde morava, para confessar. Quando eu fui provincial, costumava me confessar com ele - para não me confessar com um jesuíta, para que eles não soubessem das coisas -; ele sempre dizia: “Tudo bem, tudo bem... Coragem, em frente!”. E ele te perdoava.
Num domingo de Páscoa - eu já era vigário geral - desci à secretaria para ver se havia algum fax - naquela época ainda não havia o e-mail -, vi um fax das 23h30, pouco antes de começar a Vigília Pascal: "Às 20h30 o padre Aristi morreu aos 93 anos".
Costumava almoçar com os sacerdotes na casa de repouso, na Páscoa e no Natal, e pensei: depois do almoço vou para lá. E assim eu fiz. Entrei na basílica, não havia ninguém, havia um caixão aberto. Duas velhinhas ali rezando o Rosário. Aproximei-me do caixão. Nenhuma flor. "Mas você que perdoou os pecados de todos... Assim?". Saí, fui até a rua, tem umas floriculturas, comprei as flores, voltei. E quando estava arrumando as flores, vi o Rosário e tive uma grande tentação e caí: roubei o Crucifixo de seu Rosário. Ele partiu sem crucifixo. Naquele momento eu disse: "Dê-me metade de sua misericórdia", pensando em Elias e Eliseu e toda aquela história. Eu lhe pedi aquela graça. E aquela cruz eu a carrego aqui, sempre comigo, e peço ao Senhor que me dê misericórdia. Eu gostaria de compartilhar isso.
O outro é um capuchinho, agora com 96 anos, grande confessor. Continua fazendo isso! Mora no Santuário de Nossa Senhora de Pompeia, em Buenos Aires. Sempre tem fila na frente do confessionário: leigos, leigas, padres, bispos, freiras, jovens, velhos, pobres, ricos, todos. Um verdadeiro rio de gente. E este homem veio me ver aqui, no início do pontificado, porque ia participar de uma conferência. Este homem, quando eu era arcebispo, tinha 86-87 anos naquela época, ele veio até mim e disse: "Tire essa tortura que eu tenho" - "Por quê?" - "Mas você sabe que eu sempre perdoo, perdoo tudo, eu perdoo demais" - "É por isso que as pessoas procuram por você" - "Sim, mas às vezes sinto escrúpulo" - "E me diga, o que você faz quando sente o escrúpulo de ter perdoado demais?" - “Vou à capela e peço perdão ao Senhor e digo: 'Senhor, desculpe-me, hoje perdoei demais. Mas logo sinto algo dentro de mim: 'Mas tenha cuidado Senhor, porque foi Você quem me deu o mau exemplo'".
Esses são testemunhos de grandes confessores. Encontrei o Superior Geral dos Capuchinhos há alguns meses e ele me disse: "Diga-me Santo Padre, se precisar, trarei seu amigo confessor aqui". Como se sabe, até o Papa precisa ser perdoado por coisas ruins que não pode contar aos outros. Uma coisa linda, um belo testemunho. Vocês têm à vossa frente o testemunho dos grandes confessores, daqueles que sabem perdoar bem, com sentido de Igreja, com justiça, mas com muito amor. Com muito amor.
Aproxima-se o Jubileu de 2025. Aproveito a ocasião para convidar a Penitenciária, a cujo cuidado é confiado, por assim dizer, o "núcleo profundo" de cada Jubileu, a dispor, de acordo com os demais órgãos interessados, do que for necessário para que o próximo Ano Santo seja o mais fecundo possível. E encorajo-vos a usar toda a criatividade que o Espírito sugere, para que a misericórdia de Deus chegue a todos os lugares e a todos: perdão e indulgência!
E obrigado por vosso serviço à Divina Misericórdia, sob a doce proteção de Maria, Refúgio dos pecadores. Ela é Mãe, e Ela sempre tenta salvar seus filhos. Quando tiverem alguma dúvida, pensem na Mãe, como diz a lenda da aldeia da chamada “Madonna dei Mandarini” (Nossa Senhoras das Tangerinas), também apelidada de padroeira dos ladrões. No sul da Itália há uma lenda sobe o fato que Nossa Senhora perdoa tudo, e que se eles orarem a Nossa Senhora, Ela os salvará. E falam que Nossa Senhora da janela olha para a fila que está diante da porta do Céu. E São Pedro julga quem entra e quem não entra. E quando Nossa Senhora descobre um desses seus devotos, faz-lhe sinal para se esconder, porque São Pedro certamente não o deixará entrar. E depois, quando, mais tarde, começa a escurecer, antes da noite, Nossa Senhora os deixa entrar pela janela. Orem a Nossa Senhora para que vos dê este coração paterno e também materno, para perdoar e integrar na Igreja as pessoas. Ela é o refúgio dos pecadores.
Eu abençoo a todos de coração. E por favor, lembre-se de orar por mim também, porque hoje eu também tenho que me confessar. Obrigado!
Francisco