11 Novembro 2021
As duas superpotências assinam um comunicado conjunto. O enviado especial de Pequim, Xie Zenhua: "Queremos colaborar com os Estados Unidos para enfrentar uma emergência que põe em risco a nossa própria existência". O enviado de Biden, John Kerry: "Existem diferenças entre nós, mas em relação ao clima devemos agir na mesma direção”.
A reportagem é de Luca Fraioli, publicada por La Repubblica, 10-11-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Às seis da tarde, a reviravolta. O negociador-chefe chinês na COP26 em Glasgow aparece na entrevista coletiva e anuncia uma declaração conjunta China-Estados Unidos, finalizada algumas horas antes. Que os dois gigantes estivessem trabalhando juntos, ficou claro desde o início da manhã, quando circulou o primeiro esboço do acordo, um esboço que parecia escrito especificamente para atender aos pedidos de Pequim, começando com a neutralidade de carbono a ser alcançada até a metade do século e não necessariamente em 2050.
Xie Zenhua anunciou um acordo com os Estados Unidos para transformar esta Conferência do Clima em um sucesso. O passo crucial é o respeito dos acordos de Paris com a fórmula fortemente defendida dos chineses: "...manter o aumento da temperatura média global bem abaixo de 2°C em relação aos níveis pré-industriais e buscar limitar o aumento da temperatura para 1,5°C em comparação com os níveis pré-industriais". O chefe da delegação de Pequim falou em cortes de emissões até 2030 "em conformidade com os acordos de Paris, em conformidade com as características dos diferentes países". Mas o acordo também prevê progressos nas finanças (ajuda aos países em desenvolvimento, criação de um mercado único global dos créditos de carbono, até um plano chinês de combate ao desmatamento e outro de redução das emissões de metano “como aquele já anunciado pelos Estados Unidos").
O próprio Xie Zenhua anunciou que depois dele falaria John Kerry, o enviado especial para o clima da Casa Branca. E anunciou que no primeiro semestre de 2022 haverá o primeiro encontro dos dois grupos de trabalho estadunidense e chinês sobre o clima. "A cooperação é a única escolha possível. Queremos continuar trabalhando com os Estados Unidos para enfrentar uma emergência que coloca em risco a nossa própria existência”. "Tanto nós quanto os Estados Unidos agiremos em conjunto e com as outras partes para fazer da COP26 um sucesso. Nós precisamos pensar grande e ser responsáveis".
Pouco menos de uma hora depois, John Kerry sobe ao palco: "As duas maiores economias do mundo para limitar o aquecimento do planeta na década que estamos vivendo. Precisamos agir agora". Kerry insistiu no metano, um gás de efeito estufa 80 vezes mais poderoso que o CO2: "Pequim se comprometeu a apresentar um plano para reduzir suas emissões de metano na próxima COP27". Não escondeu as diferenças entre os dois países: “Existem e vão continuar, mas sobre o clima, é a palavra da ciência, temos de agir juntos e na mesma direção”.
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COP26, a virada da China e dos EUA: “Trabalharemos juntos contra as mudanças climáticas” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU