09 Novembro 2021
"A COP26, portanto, representa o momento para que todos se comprometam e respondam ao urgente chamado para cuidar da nossa Casa Comum. Nossa fé, de fato, exige que cuidemos e ajamos para salvaguardar a criação de Deus e os mais pobres, ambos ameaçados pelos impactos cada vez mais graves da crise climática. Nossos irmãos e irmãs mais vulneráveis são os que mais sofrem, embora não sejam os responsáveis por esta crise", escrevem Svitlana Romanko, gerente da Zero Fossil Fuels Campaign (Movimento Laudato Si') e Cecilia Dall'Oglio, Diretora Associada dos Programas Europeus (Movimento Laudato Si'), em artigo publicado por Adista Notizie n° 40, 05-11-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
A COP26 é a 26ª edição da Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre mudanças climáticas (UNFCCC). Nesse encontro anual, delegados de governos, organizações da sociedade civil, movimentos populares, ONGs, organizações de povos indígenas, sindicatos, empresas, líderes religiosos e pessoas interessadas em questões climáticas se reúnem para discutir ações globais sobre a crise climática.
Seis anos após o Acordo de Paris de 2015 sobre mudanças climáticas, este é um momento chave para fazer um balanço dos progressos, mas também para intensificar os compromissos, juntamente com um plano de ação claro para estabelecer como os objetivos de ação climática serão cumpridos no curto, médio e longo prazos.
Além disso, a COP26 representa uma grande oportunidade para fazer avançar o princípio global de justiça climática e salvar o planeta de uma maior deterioração, reduzindo as emissões, fortalecendo a resiliência e apoiando a adaptação à crise climática. Temos a oportunidade de pedir que os líderes mundiais se engajem em uma ação corajosa e justa para responder à crise ecológica enfrentada pela nossa Casa comum. A COP26 acontece depois de vários relatórios das Nações Unidas e do mundo científico terem deixado claro que, se quisermos atingir os objetivos do Acordo de Paris, devemos escolher um futuro mais limpo, manter os combustíveis fósseis no subsolo e desinvestir dessa nociva indústria extrativista.
Na reunião do G20 realizada em Roma no final de outubro, os líderes políticos mundiais mostraram que ainda não surgiu um consenso sobre um compromisso coletivo sobre a mudança climática; a COP26, portanto, representa o momento para que todos se comprometam e respondam ao urgente chamado para cuidar da nossa Casa Comum. Nossa fé, de fato, exige que cuidemos e ajamos para salvaguardar a criação de Deus e os mais pobres, ambos ameaçados pelos impactos cada vez mais graves da crise climática. Nossos irmãos e irmãs mais vulneráveis são os que mais sofrem, embora não sejam os responsáveis por esta crise.
A COP26, nesse sentido, pode ser um marco no caminho para o fim dos financiamentos aos combustíveis fósseis e para um investimento em verdadeiras soluções climáticas. Antes da COP26, 72 instituições religiosas de seis continentes, com mais de US $ 4,2 bilhões de patrimônio sob gestão, anunciaram seu desinvestimento dos combustíveis fósseis no maior anúncio de desinvestimento conjunto por organizações religiosas. Os principais parceiros nos compromissos de Desinvestimento de Fé incluem o Movimento Laudato Si', um motor histórico para a campanha católica de desinvestimento/reinvestimento, junto com a Operação Noah, Green Faith, a Igreja Anglicana da África do Sul e o Conselho Ecumênico Mundial de Igrejas.
As pessoas de fé estão desinvestindo em grande escala de carvão, petróleo e gás, exigindo que os líderes políticos da COP26 concluam que não há futuro para as finanças dos combustíveis fósseis. Como resultado da COP26, pedimos aos líderes mundiais e representantes da indústria que todos os investidores institucionais assumam o compromisso público e imediato de interromper completamente todos os financiamentos para companhias e para as atividades de carvão, petróleo e gás. Além disso, para atingir as emissões zero líquido até 2050, todos os investidores institucionais deveriam adotar planos de consumo líquido zero, que cortam imediatamente os investimentos em combustíveis fósseis e garantem que todas as outras atividades em seu portfólio desenvolvam planos de transição capazes de reduzir pela metade as emissões absolutas até 2030, coerentemente com as demandas da ciência para limitar o aquecimento global a 1,5 °C.
Svitlana Romanko, Zero Fossil Fuels Campaign Manager (Movimento Laudato Si ')
Cecilia Dall'Oglio, Diretora Associada dos Programas Europeus (Movimento Laudato Si')
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COP26: combustíveis fósseis e escolhas dignas de fé - Instituto Humanitas Unisinos - IHU