08 Novembro 2021
O padre jesuíta encerra uma greve de 24 dias na Igreja, na cidade portuária francesa de Calais, mas dá apoio a dois voluntários da Cáritas que decidiram continuar o jejum durante este mês.
A reportagem é de Juliette Paquier, publicada por La Croix, 05-11-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Philippe Demeestère, padre jesuíta que era uma das três pessoas que começaram uma greve de fome em defesa dos migrantes no último mês na cidade de Calais, no norte da França, decidiu por encerrar seu protesto.
O capelão da Secours Catholique (Cáritas da França), anunciou na quinta-feira a sua decisão de voltar a comer, algo que ele não fazia há 24 dias.
“O primeiro objetivo que eu estabeleci para mim foi de, no dia 02 de novembro, celebrar a memória daqueles que morreram em Calais”, falou ao La Croix.
O padre e dois voluntários da Cáritas começaram a greve de fome em 11 de outubro para protestar contra a falta de trato humano e acolhimento para os exilados estrangeiros.
Os dois companheiros de greve de Demeestère continuarão o protesto sem ele.
“Eu permaneço em total solidariedade com a determinação deles, porque as propostas feitas pelas autoridades não levam em conta as jornadas do povo exilado, a quem nunca foi dado voz”, disse em uma declaração.
Ele também pretende enviar uma carta aberta para o presidente francês Emmanuel Macron, requisitando um encontro com um membro do seu gabinete.
No final de outubro, o governo confiou a mediação ao servidor público Didier Leschi, diretor do Escritório Francês para Imigração e Integração (OFII, na sigla em francês).
Mas as tentativas de fazer um compromisso falharam.
Nathanaël Caillaux, chefe da migração da Secours Catholique na região, disse que Leschi não deu “nenhuma resposta” para os questionamentos das ONGs em relação à desocupação forçada dos migrantes em Calais durante o inverno.
O padre Demeestère disse ao La Croix que pretende “continuar seu compromisso” com a causa dos migrantes.
Ele está planejando retomar um projeto para estabelecer um “abrigo de inverno” para acomodar os exilados mais vulneráveis.
Ele disse que será um lugar “flexível e voltado para a família”, onde as pessoas podem se reunir livremente, ao contrário dos abrigos de inverno frequentemente saturados, onde a espera por atendimento pode ser longa.
Embora tenha encerrado sua greve de fome, o jesuíta segue determinado como sempre.
“É sobre vidas humanas”, ele insistiu.
“Ontem à noite, policiais intervieram em um acampamento para apagar incêndios onde os migrantes se aqueciam com recipientes de água. Qual é o significado disso?”, questiona.
Ele disse que pretende se instalar em um dos campos de exilados a partir do próximo mês “para estar presente durante as operações de despejo realizadas pela polícia”.
“Dormir entre os exilados é uma forma de expressar minha proximidade com eles através do meu corpo”, disse o jesuíta.
Ele disse que também está planejando celebrar a liturgia de Natal ali, convidando aqueles que desejam se juntar a ele para uma “missa festiva”.
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França. Jesuíta encerra greve de fome, mas pretende continuar lutando pelos migrantes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU