20 Outubro 2021
A dinamarquesa Lego, maior fabricante de brinquedos do mundo, anunciou que está trabalhando para tornar os seus produtos mais inclusivos e remover o preconceito de gênero de suas linhas. A decisão foi tomada depois que a empresa encomendou uma pesquisa global e descobriu que as atitudes para brincar e as carreiras futuras permanecem desiguais e restritivas.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
“Há assimetria”, disse a neurobiologista Gina Rippon para a repórter Helen Russel, do The Guardian. “Nós encorajamos as meninas a brincarem com ‘coisas de meninos’, mas não o contrário”, explicou. Os pesquisadores descobriram que enquanto as meninas estavam se tornando mais confiantes e interessadas em desenvolver uma ampla gama de atividades, o mesmo não acontecia com os meninos.
A pesquisa levantou que 71% dos meninos pesquisados temiam ser ridicularizados se brincassem com “brinquedos de meninas”, um medo compartilhado pelos pais. Os comportamentos associados aos homens são mais valorizados, analisou Madeline Di Nonno, diretora executiva do Instituto Geena Davis de Gênero na Mídia, que conduziu a pesquisa. “Quando as sociedades reconhecerem que os comportamentos e atividades tipicamente associados às mulheres são tão valiosos ou importantes, os pais e os filhos tentarão adotá-los”, vaticinou.
“O estudo descobriu que pais incentivam os filhos a praticarem esportes ou atividades com o tronco, enquanto as filhas recebem incentivos para dançar, se vestir ou cozinhar. “Essas percepções enfatizam como os preconceitos de gênero estão arraigados em todo o mundo”, destacou a atriz Geena Davis, fundadora, em 2004, do instituto que leva o seu nome para combater os estereótipos negativos de gênero e promover a inclusão.
A diretora de marketing do Grupo Lego, Julia Goldi, informou que a empresa não rotula mais nenhum de seus produtos como sendo “para meninas” ou “para meninos”. O site da Lego oferece produtos sob temas que denomina de “pontos de paixão”.
No estado da Califórnia, Estados Unidos, entrará em vigor, no início do ano que vem, lei que obriga grandes lojas de brinquedos e que tenham mais de 500 funcionários/as a manter nas lojas “uma seção ou área neutra em relação ao gênero”. A lei, assinada pelo governador democrata Gavin Newson, é a primeira no gênero a ser aplicada no país.
A lei prevê que uma seleção razoável de brinquedos voltada a crianças deve ser exibida sem a divisão tradicional de itens destinados a “meninos” e “meninas”, informa o The Christian Post. O descumprimento da lei implicará multas diárias de 500 dólares (cerca de 2,75 mil reais).
A Federação do Consumidor da Califórnia apoiou o projeto, alegando que exibir itens infantis semelhantes que serão expostos mais próximos uns dos outros em uma área não dividida por piso nas lojas trará facilidades aos consumidores. Além disso, “manter itens semelhantes que são tradicionalmente comercializados para meninas ou meninos separados torna mais difícil para o consumidor comparar os produtos e implica de forma incorreta que o seu uso por um gênero seja inadequado”.
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Lego deixa de rotular brinquedos “para meninos” e “para meninas” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU