10 Julho 2021
Eloy Jacintho, professor e militante indígena, participou do BdF Paraná entrevista sobre o PL 490.
A reportagem é de Frédi Vasconcelos, publicada por Brasil de Fato, 08-07-2021. A edição é de Lia Bianchini.
Scarlett Rocha / ApibCom faixas estendidas no canteiro central da Esplanada dos Ministérios, indígenas pedem justiça aos povos indígenas, contra o marco temporal (Foto: Scarlett Rocha | Apib)
Nos últimos dias, houve diversas manifestações de indígenas contra a aprovação na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania da Câmara dos Deputados (CCJC) do Projeto de Lei 490, que praticamente acaba com a demarcação de terras indígenas.
Para novas titulações, seria necessário aprovar novas leis em um Congresso dominado por ruralistas, latifundiários, madeireiros e mineradoras. Mais que isso, o projeto passa por cima de leis de proteção existentes e procura legalizar a mineração nos territórios indígenas, com previsíveis danos à preservação ambiental e ao modo de vidas dos povos originários.
Eloy Jacintho, do povo Guarani Nhandewa, professor e militante do movimento indígena, esteve no acampamento Terra Livre, em Brasília, e nas manifestações contra o projeto e relata que a palavra de ordem entre os indígenas era: “Lutar contra esse projeto até a morte". "Ou gente luta ou o ‘tratoraço’ vai passar, acabando com todos os direitos indígenas”, afirmou.
Eloy participou do programa Brasil de Fato Paraná Entrevista, que discutiu o PL 490, na segunda-feira (5). Também participando do programa, o indigenista Paulo Porto lembrou que esse é um ataque ao que é central à luta indígena: a territorialidade.
“É uma tragédia que não dá para descrever. Nunca vi um ataque tão organizado, tão feroz, tão criminoso aos direitos desses povos. Nós temos um inimigo de morte instalado no Planalto”, disse. Paulo também considerou que o governo Bolsonaro está em seus “estertores”, mas ainda paga contas a ruralistas e outros grupos reacionários que o elegeram.
Já Maira Moreira, advogada popular e coordenadora do Programa Cerrado da Terra de Direitos, destacou que o projeto é inconstitucional e um ataque da bancada ruralista aos direitos indígenas.
O projeto já tramita há vários anos, mas na versão atual também permite a possibilidade de ampliação de práticas extrativas nesses territórios, como a mineração. “O PL anda no Congresso sem nenhuma consulta pública, sem consulta aos povos indígenas, o que passa por cima da Convenção 169 da OIT”, destacou.
Assista à entrevista a seguir.
Leia mais
- O genocídio dos povos indígenas. A luta contra a invisibilidade, a indiferença e o aniquilamento Revista IHU On-Line Nº 478
- Em busca da terra sem males: os territórios indígenas Revista IHU On-Line Nº 257
- “Desgoverno transformou genocídio em projeto e encontrou eco”, diz professora indígena
- Indígenas são atacados pela polícia em Brasília durante protesto pacífico contra PL 490/2007
- Lira diz que vai discutir mineração em terra indígena com líderes
- Os indígenas mostraram: lugar de lutar por direitos é a rua!
- Indígenas pintam mãos do presidente da CCJC de urucum: “se PL 490 for aprovado, derramará sangue”
- Brasil é citado na ONU por risco de genocídio de indígenas
- Mineração em terras indígenas: o PL 191/2020. Uma análise
- Kátia Abreu será relatora do PL de flexibilização do licenciamento ambiental
- “Desrespeito aos direitos indígenas ameaça o futuro do Brasil”
- “A guerra continua, perdemos uma batalha”, diz líder indígena sobre PL 490
- Pela manutenção dos modos de vida dos povos indígenas e do direito de dizer não à mineração! Dizemos #NãoPL490 #NãoPL191
- Bolsonaristas e ruralistas aprovam projeto que abre caminho a novo genocídio indígena
- Indígenas pintam mãos do presidente da CCJC de urucum: “se PL 490 for aprovado, derramará sangue”
- Indígenas no Paraná são impedidos de realizar manifestação em vias públicas no oeste do estado
- Aprovação do PL 490 na CCJC e brutalidade policial representam dupla violência contra os povos indígenas do Brasil, aponta o Cimi
- Ruralistas e bolsonaristas aprovaram o PL490, projeto de lei inconstitucional que abre caminho a mais um genocídio indígena. Os indígenas recorreram ao STF e precisam da nossa ajuda
FECHAR
Comunicar erro.
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
"Ou gente luta ou o tratoraço vai acabar com todos os direitos indígenas", diz militante - Instituto Humanitas Unisinos - IHU