29 Junho 2021
No plano pastoral, a questão é crucial: que forma de Igreja está amadurecendo a atual pandemia de Covid-19? Que perspectivas se abrem neste novo tempo? A “Igreja que virá” é o tema que Dario Vivian, professor de Teologia Pastoral, juntamente com Alessio dal Pozzolo, professor de Teologia Fundamental, irá abordar num seminário-laboratório do ciclo de especialização em Teologia Pastoral da Faculdade teológica do Triveneto no próximo ano acadêmico. A proposta será enriquecida pela contribuição de quatro teólogas, que aprofundarão algumas solicitações: a crise das práticas eclesiais (Stella Morra); a percepção e as modalidades de viver o tempo e o espaço (Lucia Vantini); a questão do gênero (Simona Segoloni Ruta); os processos abertos pelo caminho do sínodo amazônico (Serena Noceti).
A entrevista é editada por Paola Zampieri, publicada por Settimana News, 28-06-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Professor Dario Vivian, que forma de Igreja está emergindo da pandemia?
Está surgindo uma forma de Igreja que deve se reinventar cada vez mais. De fato, trata-se de ser Igreja não nos lugares e tempos habituais, mas onde as pessoas vivem. É o fim da civilização paroquial, com tudo e todos em volta da torre do sino.
Quais são as provocações que a atualidade propõe?
A provocação de uma aumentada indiferença religiosa, que paradoxalmente caminha junto com uma busca de espiritualidade não interceptada pelas Igrejas em suas formas institucionalizadas. A Igreja deve redescobrir uma leveza evangélica, visando o essencial.
E as novidades que este tempo trouxe?
Fomos obrigados a refletir sobre nossas existências, sobre a fragilidade constitutiva de todo ser humano imerso no mundo, continuamente em risco de morte, mas também de vida. Isso pode tanto nos fechar mais ainda, quanto nos abrir para uma fraternidade solidária mais intensa.
Vamos destacar os processos de mudança em curso.
Já faz algum tempo que a modernidade, e ainda mais a contemporaneidade, deu início a processos de mudança nas modalidades de experimentar as coordenadas de tempo e espaço. Na rede e no mundo das redes sociais isso é muito evidente. O onde e o quando determinam o como das nossas existências.
Quais são as etapas que geram o futuro da Igreja?
A Igreja está em geração contínua. Esta eclesiogênese é moldada e remodelada por meio de experiências fundamentais, que podem ser separadas em três grupos: hospedar a vida, sem juízos e preconceitos; narrar o evangelho, entrelaçando-o com nossas histórias; celebrar o dom da graça, não apenas nas igrejas, mas nas casas e nos vários lugares da vida.
Que perspectivas se abrem hoje?
Será o Espírito quem nos dirá, na medida em que soubermos fazer uma leitura de fé do nosso tempo. Jesus observa que a colheita é abundante no campo do mundo, trata-se de não deixar cair os frutos, mas de recolhê-los e acolhê-los. O reino de Deus vai além da Igreja e se abre para amplos horizontes.
Como agir para não desperdiçar essas oportunidades, dando espaço para a Igreja que virá?
Vou relançar o que o Papa Francisco frequentemente repete. Em primeiro lugar, não ocupar espaços, como se tivéssemos que recuperar o que se perdeu, mas compartilhar e acompanhar processos, mesmo aqueles dos quais não somos titulares. Depois pensar no grande e agir no pequeno, de acordo com a lógica glocal adequada aos nossos tempos. Já o teólogo De Lubac dizia: a minha paróquia é o vasto mundo!
De 04 de junho a 10 de dezembro de 2021, o IHU realiza o XX Simpósio Internacional IHU. A (I)Relevância pública do cristianismo num mundo em transição, que tem como objetivo debater transdisciplinarmente desafios e possibilidades para o cristianismo em meio às grandes transformações que caracterizam a sociedade e a cultura atual, no contexto da confluência de diversas crises de um mundo em transição.
XX Simpósio Internacional IHU. A (I)Relevância pública do cristianismo num mundo em transição
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A Igreja que virá. Entrevista com Dario Vivian - Instituto Humanitas Unisinos - IHU