O planeta acima dos lucros – Apenas uma Terra

Imagem: Green Initiatives

04 Junho 2021

 

“O Império tem procurado reestruturar sua base econômica com projetos de mercado que tenham em seu DNA a necessidade de aumentar a exploração dos bens comuns dos países do Sul para produzir uma nova base tecnológica supostamente 'verde'. Por isso, acabar com a barbárie capitalista é a tarefa central de nosso tempo. Precisamos enterrar o domínio do capital sobre a vida, construir um mundo justo, igual e belo, para que todos possamos viver bem e em paz”, é o manifesto da Semana Internacional de Jornada de Lutas Anti-imperialistas, 02-06-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

 

Eis o manifesto.

 

 

 

Nós seres humanos temos apenas um planeta onde viver. E somente sobreviveremos se for em aliança com os demais seres vivos, animais e vegetais.

A extração e a exploração desenfreada dos bens da natureza, somente em busca de lucro por parte das grandes corporações, e a lógica do sistema capitalista levou o nosso planeta ao limite.

O poder destrutivo da etapa atual do capitalismo, em sua fase financeira, não tem precedentes. As empresas transnacionais aumentam sua capacidade de exploração dos bens comuns, avançando a mineração, o desmatamento, apropriação privada da água, entre outros. Na agricultura aplicam o modelo de agronegócio, baseado no monocultivo e na aplicação de agrotóxicos, que destrói a biodiversidade e altera o clima. O imperialismo estadunidense e os demais países do Norte global avançam sobre os países periféricos buscando privatizar estes bens comuns que os povos, seus verdadeiros donos, cuidavam em cada país.

O resultado é evidente: estamos vivendo a pior crise ambiental da história da humanidade e toda a humanidade pode se ver comprometida se continua esta dinâmica insana do capital. A mudança climática já afeta aos povos de diversas partes do mundo, porém infelizmente não é a única consequência da crise ambiental. As águas do mundo estão contaminadas por plásticos e pesticidas, e os mananciais se esgotaram. A biodiversidade se enfrenta a um ritmo brutal de extinção, ademais de ser objeto de grandes circuitos de biopirataria. Os solos estão se degradando pelo desmatamento e o monocultivo, e grandes regiões estão sendo completamente destruídas pela mineração em grande escala.

 

 

 

A pandemia de covid-19 é a última cara desta crise ambiental e do sistema. A origem de superpatógenos está diretamente relacionada com a destruição dos ecossistemas historicamente conservados pelos povos campesinos e tradicionais. Devastação que libera micro-organismos que estavam em equilíbrio dinâmico em seu habitat e que quando se encontram com as gigantescas instalações de escala industrial, superpovoadas de espécies animais, confinadas e bombardeadas intensamente com antibióticos e hormônios, são selecionados e se reproduzem como patógenos, depois se encontram com grandes aglomerações humanas e com pessoas imunodeprimidas pela constante contaminação agroquímica dos alimentos e pela própria comida completamente industrializada. É assim como o desmatamento e eliminação dos habitats de animais silvestres provocam a migração de patógenos para os seres humanos. Tudo indica que, se este modo de produção continuar, teremos inúmeros novos vírus, que se transformarão em mais pandemias.

 

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Todos os seres humanos estão sendo afetados, especialmente os mais pobres, mulheres, crianças e povos indígenas em todo o mundo. Além disso, hoje temos mais de 134 mil espécies da fauna e da flora em perigo de extinção.

Também é importante destacar o papel nefasto que as atividades militares desempenham na destruição do planeta. O exército dos EUA e de seus aliados, além das constantes agressões contra a vida das pessoas, são um dos maiores poluidores do mundo, deixando um legado tóxico na forma de urânio empobrecido, óleo, combustível para aviação, pesticidas, desfolhantes como o agente laranja e chumbo entre outros.

Uma parte das corporações, em vez de combater as causas, se dedica a organizar o capitalismo verde, transformando os bens da natureza em novas mercadorias e fonte de especulação, como papéis de crédito de carbono, títulos de preservação ambiental e outras soluções falsas que não dão respostas às necessidades sociais e ecológicas dos povos. O Império tem procurado reestruturar sua base econômica com projetos de mercado que tenham em seu DNA a necessidade de aumentar a exploração dos bens comuns dos países do Sul para produzir uma nova base tecnológica supostamente “verde”.

Este caminho levará inevitavelmente à destruição da humanidade e da natureza como a conhecemos. É um projeto de morte, dominação e destruição.

A saída está na reconstrução da relação entre o ser humano e a natureza, onde a vida, o bem viver coletivo e os tempos ecológicos guiam as nações e os povos, não a ganância, o lucro e a propriedade privada. É uma saída da produção agroecológica de alimentos, da democratização do acesso à terra a partir da reforma agrária, do cuidado com os bens comuns como a água, a biodiversidade e a Terra, e a transição para uma matriz energética que responda às reais necessidades da classe trabalhadora com justiça social e ambiental, superando o patriarcado e o racismo.

Acabar com a barbárie capitalista é a tarefa central de nosso tempo. Precisamos enterrar o domínio do capital sobre a vida, construir um mundo justo, igual e belo, para que todos possamos viver bem e em paz.

 

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