01 Junho 2021
“Cemitérios cheios, geladeiras vazias” – Cartaz visto nas grandes manifestações do dia 29 de maio – O Estado de S. Paulo, 01-06-2021.
“Um tsunami se aproxima. Terceira onda pode atingir 115 mil novos casos por dia, algo sem precedentes” - João Abreu, diretor-executivo da ImpulsoGov, Marco Brancher, coordenador de dados da ImpulsoGov, Marcia Castro, professora da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard (EUA) e Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) – Folha de S. Paulo, 01-06-2021.
“Uma terceira onda se aproxima rapidamente. Agora estamos falando de uma pandemia que em outros países já se mostra contida, com uma ferramenta de imunização que se provou útil. Temos um sistema de saúde pública capilarizado, um Programa Nacional de Imunização que é referência mundial, a Estratégia de Saúde da Família e um grande contingente de agentes comunitários. A nossa pergunta é somente uma: quando o Brasil usará este potencial? Até agora, estamos apenas esperando o tsunami chegar” - João Abreu, diretor-executivo da ImpulsoGov, Marco Brancher, coordenador de dados da ImpulsoGov, Marcia Castro, professora da Escola de Saúde Pública da Universidade Harvard (EUA) e Carlos Lula, presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) – Folha de S. Paulo, 01-06-2021.
“Está longe de ser novidade a “parceria” entre os dirigentes de futebol (a popular “cartolagem”) e o poder político na América do Sul. No Brasil, a força dos clubes e da CBF em Brasília pouco variou desde a ditadura (1964-1985). Fernando Henrique Cardoso recebeu os campeões mundiais no Planalto, em 2002, Lula se empenhou pela Copa de 2014, que teve Dilma Rousseff na abertura. Não seria diferente com o capitão da reserva Jair Bolsonaro, claro. Na simbologia do “bolsonarismo”, o futebol ocupa lugar de destaque, basta ver a coleção de camisas do presidente. Desde as manifestações pelo impeachment em 2015 e 2016, a “amarelinha” da seleção passou a ser associada ao “Brasil acima de tudo, Deus acima de todos”. Portanto, se Bolsonaro aceitar a Copa América, estará recorrendo à “paixão nacional” como colete salva-vidas em momento de mar bastante mexido na política, a quase um ano das eleições” - Alberto Bombig, jornalista - O Estado de S. Paulo, 01-06-2021.
“O risco da aposta reside em:
1) a Copa América pode funcionar como catalisador de novas manifestações contra o presidente;
2) o torneio atiçará a CPI da Covid e colocará cartolas sob holofotes, algo que eles temem;
3) a seleção pode ser um fiasco e ampliar a sensação de descontentamento dos brasileiros.
E o vírus? Esse já circula livremente com ou sem Copa América” - Alberto Bombig, jornalista - O Estado de S. Paulo, 01-06-2021.
“Jair Bolsonaro se mostra pouco supersticioso com sua intempestiva e populista decisão de abraçar a Copa América deixada na sarjeta pela crise política colombiana e pela pandemia na Argentina. Afinal de contas, mal se passaram 48 horas desde que dezenas de milhares de manifestantes contrários ao governo enfim decidiram ir à rua contra Bolsonaro, mesmo arriscando aglomerações e perder a superioridade moral ao falar sobre estímulo a contágio. Enviesado à esquerda, o ato do sábado (29) assustou o governo e gerou reações confusas por parte dos aliados. Sobrou a Bolsonaro fazer piadinha, mas o sinal amarelo acendeu” – Igor Gielow, jornalista – Folha de S. Paulo, 01-06-2021.
“Do ponto de vista político, Bolsonaro dobra a aposta na provocação contra seus opositores. Se sob a ótica da saúde talvez a copa seja exequível dado que a situação epidemiológica brasileira não difere tanto da dos vizinhos, ela parece mais uma demonstração de força populista ante as ruas do sábado. Um pouco mais de circo em meio à catástrofe da Covid-19, por assim dizer. Vai agradar à base bolsonarista que adotou as camisas da CBF como símbolo há tempos, mas a sensação de engodo poderá ampliar o círculo dos descontentes” – Igor Gielow, jornalista – Folha de S. Paulo, 01-06-2021.
“A realização da Copa América no Brasil, neste momento da pandemia, pode ser considerada uma loucura, uma insanidade” – Gonzalo Vecina, médico sanitarista, professor do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP e da FGV Saúde – O Estado de S. Paulo, 01-06-2021.
“Eu espero que seja proibido o embarque de torcedores de outros países. Pelo menos, isso. Se houver essa liberação, aí teremos a tempestade perfeita na pandemia” – Gonzalo Vecina, médico sanitarista, professor do Departamento de Política, Gestão e Saúde da Faculdade de Saúde Pública da USP e da FGV Saúde – O Estado de S. Paulo, 01-06-2021.
“É um total absurdo. A situação da pandemia não está nem perto de estar controlada no país e estamos na iminência da terceira onda. Trazer a Copa América para cá, ao invés de levar para o Chile ou Uruguai, onde um percentual grande da população está imunizada, é uma temeridade” — Pedro Hallal, epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) – Zero Hora, 01-06-2021.
“A terceira onda parece estar começando no território nacional inteiro. Claro que temos Estados em situações piores, e o Rio Grande do Sul é um deles. Talvez, a exceção seja Manaus que, ao que parece, o aumento de casos não está tão marcante como em outras capitais. Mas, anunciar um evento esportivo no país em um momento em que os casos estão em crescimento é, no mínimo, temerário. Se fosse uma decisão baseada em dados científicos, não teria sido trazida para o Brasil” — Pedro Hallal, epidemiologista e ex-reitor da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) – Zero Hora, 01-06-2021.
“No momento atual, o Brasil não deveria ter jogo nenhum. Penso que para ter escola e comércio funcionando, deveríamos ter um número de casos por dia muito menor. Hoje, temos de 70 a 80 mil casos. Isso é muito alto se contabilizarmos a população nacional. A pandemia no Brasil está descontrolada e a vacinação está muito lenta. Então, é uma tempestade perfeita. O povo está se movimentando, os casos estão aumentando e ainda vem um evento esportivo de grande porte para o país” - Diego Rodrigo Costa, médico infectologista mineiro que atua no Hospital Saúde, de Caxias de Sul, e no São João Batista, de Nova Prata – Zero Hora, 01-06-2021.
“Estão debochando da nossa cara. E rindo sem parar. Teremos Copa América no Brasil, esse país que choca o mundo pelo descaso com que seu governo lida com a pandemia. Esse país que perde 1,8 mil pessoas por dia (conforme a média, pela média móvel dos últimos 14 dias, no levantamento do consórcio de veículos de imprensa). Esse país que recusou ofertas de vacinas lá atrás e, agora, tem apenas 10,4% da população imunizada com a segunda dose. Não há clima nem ambiente para uma Copa América aqui. Não há razão para se jogar uma Copa América em qualquer lugar do mundo. Me respondam: você sentiria falta da Copa América se ela não saísse? Tenho certeza de que não. Será a quarta edição em sete anos. Jogar essa competição desinteressante só se explica pelo negócio que ela envolve” – Leonardo Oliveira, jornalista – Zero Hora, 01-06-2021.
“O ex-capitão, chamado de “mau soldado” pelo ditador Ernesto Geisel, extrapola o poder conferido pelas urnas em 2018, evidentemente esgarçado como demonstram as pesquisas e até as ruas que o escolheram como pior que a Covid, para trazer ao país o que já é chamado de Cova América” – Juca Kfouri, jornalista – Folha de S. Paulo, 01-06-2021.
“As jornadas do antibolsonarismo não devem parar por aí. Quem vacinado foi às ruas tende a repetir a dose; quem, sem a vacina, correu riscos continuará com a mesma disposição. E quem por falta de vacina se absteve, vacinado, pode aderir a novos protestos. A paisagem se alterou, o lado da Rua que faltava surgiu na foto” – Carlos Melo, cientista político, professor do Insper – O Estado de S. Paulo, 01-06-2021.
“Apostar na recuperação econômica é a bala de prata do governo. Resta saber em qual ritmo se daria e o que seria o efeito do desemprego e do recrudescimento da fome, a pouco mais de um ano da eleição. No momento, não há respostas. E, mesmo assim, restarão os mortos — que, infelizmente, não voltarão” – Carlos Melo, cientista político, professor do Insper – O Estado de S. Paulo, 01-06-2021.
“O potencial de piora é impressionante, eis agora a Copa América, no País. Na Colômbia, o evento que lá se realizaria já estimulou protestos; em 2013, a Copa das Confederações, no Brasil, foi explosiva. Difícil saber seus efeitos por aqui, mas positivo não será. O gás dos protestos, uma vez liberado, tende a se expandir” – Carlos Melo, cientista político, professor do Insper – O Estado de S. Paulo, 01-06-2021.
“Com Jair Bolsonaro em viés de baixa nas pesquisas, o Palácio do Planalto pediu empenho dos ministérios envolvidos na elaboração de uma nova medida para transferir dinheiro diretamente aos brasileiros, seja em um novo auxílio emergencial ou por meio de um programa assistencial, um Bolsa Família turbinado, por exemplo. A pressão pela ajuda financeira é grande na base de apoio do presidente no Congresso, que antevê grandes dificuldades eleitorais para a candidatura dele à reeleição, especialmente no Nordeste, onde PT ainda continua forte” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 01-06-2021.
“Em grupo de WhatsApp de senadores, o ex-presidente do Senado Eunício Oliveira (MDB-CE) chamou o orçamento secreto, revelado pelo Estadão, de “escândalo mundial, que vai estourar daqui um tempo”. Disse ainda não entender o silêncio de seu partido nesse caso e cobrou uma manifestação pública” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 01-06-2021.
“Pessoas morrendo por falta de remédio e estão comprando tratores, máquinas, retroescavadeira… Só se for para cavar cova para enterrar as pessoas”, disse, em áudio” – Coluna do Estadão – O Estado de S. Paulo, 01-06-2021.
“A ideia de deixar Bolsonaro sangrando e expulsá-lo "manu electore" no ano que vem parece tentadora, mas não é isenta de riscos. Os tucanos apostaram nessa estratégia contra Lula em 2005, quando o petista estava enredado no mensalão, mas a economia o socorreu e ele foi reeleito sem dificuldades em 2006. (...) Em suma, parece-me precipitado contar com um Bolsonaro exangue em 2022” – Helio Schwartsman, jornalista – Folha de S. Paulo, 01-06-2021.
“Há um ano o PT anunciou o “Plano Lula para o Brasil”, que seria elaborado ao longo de 2020 como um conjunto de propostas para o País. A partir do final do ano, o que foi formalmente chamado de “Plano de Reconstrução e Transformação do Brasil” foi apresentado em lives com o ex-presidente Lula. De lá pra cá Lula ficou elegível e disparou nas intenções de voto para 2022. Se é cedo para especular planos de governo, o Plano Lula é o documento que melhor se aproxima de um: passados mais de dez anos desde que saiu do governo, que ideias norteariam um novo governo Lula? O que é novo? E velho?” – Pedro Fernando Nery, doutor em economia – O Estado de S. Paulo, 01-06-2021.
“Há um bom número de propostas com a cara de millennials no documentado elaborado pelo que parece uma oxigenada Fundação Perseu Abramo – braço do partido que está sob nova direção. Há protagonismo para a mudança climática: estão ali propostas por um New Deal Verde e a tributação do carbono – um tema atual, mas esquecido nas atuais discussões da reforma tributária. Também se defende taxar álcool, açúcares e gordura. É uma simpática lembrança dos hiatos entre a tecnocracia e os políticos: Lula tem prometido churrasco e cerveja quando critica os preços atuais. Os técnicos querem mais tributos para o carbono do boi, sua carne e os componentes da bebida (frise-se que as propostas estão em linha com o que tem se praticado em países desenvolvidos)” – Pedro Fernando Nery, doutor em economia – O Estado de S. Paulo, 01-06-2021.
“Outro tema em que há avanço é o da política industrial, que parece ter incorporado o conceito de complexidade – campo novo da economia que promete orientar a escolha sobre quais setores de um território devem ser estimulados. (...) O interessante estudo do economista Felipe Machado mostra que uma política industrial voltada para complexidade não levaria às escolhas feitas nos governos do PT” – Pedro Fernando Nery, doutor em economia – O Estado de S. Paulo, 01-06-2021.
“E de velho, datado, “cringe” (gíria em inglês para indicar “vergonha alheia”)? Apesar da defesa de uma ótima e vigorosa expansão do Bolsa Família, o documento ignora a área onde a ciência mais moderna tem apontado que as políticas redistributivas devem focar: a infância. Crianças são ignoradas no documento de mais de 200 páginas. Nem creches recebem atenção, enquanto abundam as discussões sobre ensino superior” – Pedro Fernando Nery, doutor em economia – O Estado de S. Paulo, 01-06-2021.
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Um tsunami se aproxima e a Cova América: Cemitérios cheios, geladeiras vazias – Frases do dia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU