24 Mai 2021
"A Igreja tem tudo a ganhar ao incluir mais os leigos, especialmente as mulheres", escreve Fanny Steyer, Jornalista da televisão pública RBB de Berlim, em depoimento publicado por La Croix, 21-05-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Há sete anos sou membro da paróquia de Saint-Christophe, no bairro multicultural de Neukoelln em Berlim. É dirigida por um padre palotino e é conhecida na capital como uma paróquia muito aberta e moderna, comprometida com os refugiados. Na França, eu frequentava a paróquia católica de Saint-Ferdinand-des-Ternes no 17º arrondissement de Paris, uma enorme “máquina” muito estruturada.
O escotismo acompanhou minha juventude, estudei em institutos católicos. Ao chegar a Berlim, demorei a encontrar uma paróquia que correspondesse à minha visão de fé atual e que fosse adequada também para o meu marido, alemão e de confissão protestante. Fui membro do conselho paroquial durante dois anos. O papel dos leigos é importante nesse conselho e tenho a impressão de que a organização aqui é menos hierárquica do que na França. O conselho é muito misto, com igual número de mulheres e homens, mas todos com mais de 50 anos. O padre é bastante aberto e pede nossa opinião sobre a organização de eventos como a festa de São Martinho, as ações durante a Quaresma.
Aqui os padres são realmente poucos. Embora estejamos na capital, nós, católicos, somos uma minoria. E este é o caso em toda a parte oriental do país, devido à história recente da Alemanha. Que diferença em relação ao 17º arrondissement de Paris, onde todos são católicos e todos pensam mais ou menos da mesma maneira! Nosso ego é recolocado em discussão. Tenho refletido muito mais sobre minha fé desde que cheguei a Berlim. Isso é enriquecedor. Isso nos leva a nos abrirmos mais, a dialogar com os protestantes, a encontrar soluções práticas.
Por exemplo, o padre de Saint-Christophe tem que cuidar de três paróquias e delegar algumas tarefas aos leigos, em particular a uma mulher, Lissy Eichert, que também pertence à comunidade palotina e faz as homilias. Ela faz isso regularmente aos domingos também na televisão pública ARD. Acho isso positivo. Em Paris, nunca vi uma mulher proferir homilias. Mesmo em Berlim, o fato é bastante excepcional. Gostaria que essa prática se tornasse a regra, que os leigos gerissem mais as cerimônias. Devemos nos adaptar, ser pragmáticos diante da escassez de padres. A Igreja tem tudo a ganhar ao incluir mais os leigos, especialmente as mulheres. Na Alemanha, está se realizando há um ano e meio um caminho sinodal, um diálogo entre bispos e leigos. Já falamos sobre isso várias vezes na paróquia, mas as pessoas são bastante críticas. Acreditam que esse processo de diálogo não está avançando ou rápido o suficiente. Sei que as mudanças na Igreja levam tempo para acontecer, mas às vezes isso me desanima.
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Por uma Igreja mais sinodal: “Tornar a organização menos hierárquica” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU