05 Mai 2021
"Fazemos um chamado urgente à Comunidade Internacional, não só para dar visibilidade às inúmeras violações dos Direitos Humanos na Colômbia; mas também para pressionar o governo colombiano a agir dentro da lei e impedir uma ditadura como a que se aproxima", alerta comunidado assinado pelo Esquema Feminista de Direitos Humanos e enviado ao presidente Iván Duque.
Bogotá, Colômbia, 2 de maio de 2021
No cenário das mobilizações que vêm ocorrendo em diferentes cidades do país desde 28 de abril contra a reforma tributária apresentada pelo Ministro da Fazenda, Alberto Carrasquilla, denominada pelo governo de "Lei de Solidariedade Sustentável", o povo colombiano decidiu se manifestar em plena pandemia porque não tem outra opção, porque seus bolsos estão vazios, porque o governo colombiano não tem sido "solidário" com os colombianos e as colombianas, porque tiraram tudo de nós, até mesmo nossas vidas.
Apoiamos e acompanhamos o exercício dos direitos da população que, diante de uma nova tentativa de repressão, está se manifestando nas ruas com gritos de indignação, panelaços arte, música e resistência, à espera de ser escutada. No entanto, o que se recebeu como resposta do governo indolente e mesquinho foi a investida de suas Forças Armadas, Polícia Nacional e ESMAD; como se não bastasse a desumanidade histórica de suas práticas, em meio a uma crise sanitária, o Presidente Iván Duque fez um investimento exorbitante de 14 bilhões de pesos em armamentos militares; e mantém manifestantes de todo o país em ALERTA VERMELHO, com a recente ordem presidencial de ativar o mecanismo de "Assistência Militar" para conter aqueles que ocupam as ruas, o que se traduz na militarização das cidades e territórios onde as pessoas estão exercendo seu direito fundamental e legítimo à livre associação, à liberdade de expressão e ao protesto pacífico.
Desde o último 28 de abril e com a dignidade como bandeira:
A horrível noite não terminou, o Estado colombiano declarou guerra a um povo desarmado!
Consideramos o Estado Colombiano, chefiado pelo Presidente Iván Duque enquanto autoridade máxima das forças militares, responsável por todos os assassinatos, violações, desaparecimentos, detenções irregulares e demais violações dos direitos dos manifestantes nos diferentes territórios onde a assistência militar está em vigor.
Declaramos Estado de Alerta por abuso de autoridade e repressão policial! Entre 28 de abril e 1º de maio, de acordo com a Campanha Defender la Libertad Asunto de Todas, foram relatados 21 assassinatos, 10 casos de violência sexual e violência de gênero, 208 pessoas feridas, 18 delas com lesões oculares, 503 detenções e 42 abusos e ataques contra defensoras e defensores dos direitos humanos. Por sua vez, a Organização Temblores, por meio da plataforma GRITA, registrou pelo menos 940 casos de violência policial, incluindo 92 vítimas de violência física, 672 detenções arbitrárias, 136 intervenções violentas das forças de segurança, 30 casos de disparos com armas de fogo contra manifestantes, bem como o assassinato de pelo menos 8 pessoas, casos que estão em processo de verificação e esclarecimento.
Dada a situação preocupante que o país atravessa, fazemos um chamado urgente à Comunidade Internacional, não só para dar visibilidade às inúmeras violações dos Direitos Humanos na Colômbia; mas também para pressionar o governo colombiano a agir dentro da lei e impedir uma ditadura como a que se aproxima; para exigir garantias à vida dos manifestantes, dos defensores de direitos humanos, da imprensa e dos cidadãos como um todo; e para exigir a revogação da assistência militar em todo o território nacional.
Se nos violarem, assassinarem ou desaparecermos, foi o Estado!
Assinado:
Esquema Feminista de Direitos Humanos
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Colômbia. 'A horrível noite não terminou, o Estado colombiano declarou guerra a um povo desarmado!' Comunicado público para a comunidade nacional e internacional - Instituto Humanitas Unisinos - IHU