22 Março 2021
“A opção pela não violência quebra aquela corrente de ódio e sangue que a resposta armada gera. Por outro lado, quem faz essa elevada escolha também deve estar ciente de que o caminho do Gólgota pode se abrir diante deles, ou seja, tornar-se vítima”, escreve Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em comentário publicado por Il Sole 24 Ore, 21-03-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Quem pegar a espada em suas mãos, morrerá pela espada. Mas quem não pegar a espada (ou deixá-la cair) perecerá na cruz.
Essas palavras certamente impressionam. Quem as escreveu foi uma mulher judia de inteligência extraordinária, fascinada pelo cristianismo, Simone Weil em sua obra O peso e a Graça, publicada postumamente em 1947. Estamos diante de uma verdade com duas faces, ambas necessárias. Por um lado, aqui estão as palavras de Jesus diante do gesto do discípulo que com um golpe de espada cortou a orelha de um dos que estavam prendendo seu mestre no Getsêmani: “Todos os que empunham a espada morrerão pela espada” (Mt 26, 52).
A opção pela não violência quebra aquela corrente de ódio e sangue que a resposta armada gera. Por outro lado, quem faz essa elevada escolha também deve estar ciente de que o caminho do Gólgota pode se abrir diante deles, ou seja, tornar-se vítima. Claro, a não violência não é mera passividade; é um empenho em denunciar o mal, é um testemunho gritado e coerente de justiça. Não foi à toa que o próprio Jesus afirmou ter vindo "para trazer a espada" (Mateus 10,34). No Cenáculo, ele exortou a comprar uma espada (Lucas 22, 36-38). Mas quando um discípulo respondeu: "Senhor, aqui estão duas espadas!", Cristo concluiu amargamente: "Basta!".
O equívoco da "força" com respeito à verdadeira "fortaleza" do testemunho era evidente e intransponível.
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#A espada. Comentário de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU