18 Dezembro 2020
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Lucas 1,26-38, que corresponde ao 4° Domingo do Advento, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
O Evangelista Lucas temia que os seus leitores lessem a sua escrita de qualquer forma. O que lhes queria anunciar não era notícia mais, como tantas outras que corriam o império. Deviam preparar os seus corações: despertar a alegria, banir medos, e acreditar que Deus está perto, disposto para transformar a nossa vida.
Com arte difícil de igualar, recriou uma cena evocando a mensagem que Maria ouviu no íntimo do seu coração para acolher o nascimento do seu Filho Jesus. Todos podemos unir-nos a ela para acolher o Salvador. Como podemos nos preparar para receber com alegria Deus encarnado na humanidade cativante de Jesus?
«Alegra-te». É a primeira palavra que ouve aquele que se prepara para viver uma boa experiência. Hoje não sabemos esperar. Somos como crianças impacientes, que querem tudo imediatamente. Não sabemos estar atentos para conhecer os nossos desejos mais profundos. Simplesmente esquecemo-nos de esperar por Deus, e já não sabemos como encontrar a alegria.
Estamos a perder o melhor da vida. Contentamo-nos com a satisfação, o prazer e a diversão que nos proporciona o bem-estar. Sabemos que é um erro, mas não nos atrevemos a acreditar que Deus, acolhido com fé simples, nos pode descobrir novos caminhos para a alegria.
«Não tenha medo». A alegria é impossível quando vivemos cheios de medos, que nos ameaçam por dentro e por fora. Como pensar, sentir e agir de forma positiva e esperançosa? Como esquecer a nossa impotência e covardia para enfrentarmos o mal?
Esquecemo-nos que cuidar da nossa vida interior é mais importante do que tudo o que nos vem de fora. Se vivermos vazios por dentro, somos vulneráveis a tudo. Vai-se diluindo a nossa confiança em Deus e não sabemos como nos defendermos do que nos faz mal.
«O Senhor está contigo». Deus é uma força criadora que é boa e nos quer bem. Não vivemos sozinhos, perdidos no cosmos. A humanidade não está abandonada. Onde ir buscar esperança senão à do Mistério último da vida? Tudo muda quando o ser humano se sente acompanhado por Deus.
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Acolher Jesus com alegria - Instituto Humanitas Unisinos - IHU