14 Dezembro 2020
"Battaglia encontra uma cidade que o espera ansiosamente. Que, apesar das tantas e graves contradições, une a sua fé a um culto popular disseminado transversalmente, entre classes e territórios", escreve Conchita Sannino, em artigo publicado por La Repubblica, 12-12-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Nomeação para Domenico Battaglia. Um padre de comunidade em Donnaregina. O bispo que há apenas 8 meses trovejava contra o capitalismo selvagem e os poderosos expostos pelo vírus, que sabiam "viver só para si mesmos e para o seu dinheiro", vai liderar a Igreja de Nápoles, a capital do sul empobrecida pela crise. O anúncio deveria ocorrer, como de costume, no sábado ao meio-dia: ao mesmo tempo no Vaticano, na Cúria napolitana e no Palácio Episcopal de Cerreto Sannita.
Domenico Battaglia, 57, bispo da diocese de Benevento, é o sucessor de Crescenzo Sepe no topo do Largo Donnaregina. Há quase um ano, em janeiro de 2020, dizia-se no Vaticano que o Papa Francisco pensava nele, depois de um encontro entre os dois, e que o considerava o sucessor certo para o cardeal Sepe. Um jovem pastor, nomeado bispo por Bergoglio em 2016, profundamente engajado na proximidade com os irmãos mais frágeis e, ao mesmo tempo, conhecido por sua espiritualidade sólida e ancorada na radicalidade do Evangelho.
Depois, a explosão da pandemia e a dramática crise econômica e social - que empenhou muito as dioceses em todo o território nacional - atrasaram fatalmente todos os procedimentos rituais que conduzem às nomeações. Os rumores já circulavam há meses, o "Repubblica" falou sobre isso em junho, agora chegou a confirmação da mudança do palácio napolitano. Sepe sai após 16 anos: foi nomeado em maio de 2006 por Bento XVI.
Nascido em 20 de janeiro de 1963 em Satriano, província e arquidiocese de Catanzaro, Domenico Battaglia - que para muitos de seus amigos calabreses continua sendo Dom Mimmo - realizou seus estudos filosófico-teológicos no Seminário "San Pio X" de Catanzaro. Ordenado sacerdote em 6 de fevereiro de 1988, foi Reitor do Seminário Liceu de Catanzaro, Pároco de Nossa Senhora do Carmine de Catanzaro, Diretor do Escritório Diocesano para a "Cooperação Missionária entre as Igrejas".
De 2000 a 2006 foi Vice-Presidente da Fundação Betania de Catanzaro (obra diocesana de caridade assistencial) e até 2015 ocupou o cargo de Presidente Nacional da Federação Italiana de Comunidades Terapêuticas. Era 24 de junho de 2016 quando o Papa Francisco o nomeou bispo em Cerreto Sannita, Telese e Sant'Agata de 'Goti para substituir Michele De Rosa, que havia atingido o limite de idade. Assim como Sepe, a quem, no entanto, o pontífice havia concedido mais de 24 meses de prorrogação, como costuma acontecer com os titulares de grandes dioceses.
Conhecido como o "padre dos últimos", o bispo Battaglia é amigo de Dom Luigi Ciotti e de Dom Virginio Colmegna, outro símbolo da Igreja que está entre os esquecidos, escreveu "Os pobres têm sempre razão", testemunho de dois pastores que honram sua escolha de vida e fé, estando presentes em meio ao sofrimento e à marginalização dos que ficaram para trás. A imagem de uma Igreja de proximidade constante e quotidiana, que em Nápoles conta com presenças fortes e carismáticas, de sacerdotes que fizeram da sua missão entre os invisíveis o símbolo do empenho espiritual e da militância social.
Em abril passado, como bispo em Cerreto, havia chamado a atenção a sua importante carta pastoral sobre as consequências do coronavírus. Uma emergência, escrevia Battaglia, que “expôs a fragilidade deste nosso mundo, a inconsistência daquilo em que pensávamos ter encontrado a chave para resolver todos os nossos problemas, a fragilidade daquela economia, que tanto em plano local como global, era considerada a única meta e era vista e saudada como o único caminho que, fora de qualquer regra, leva a humanidade à felicidade na terra”.
E ele havia destacado como o Covid-19 agora causava sofrimento e colocava todos em exílio dentro de suas casas, "até mesmo os executivos e proprietários de grandes empresas financeiras internacionais, aqueles que hoje veem milhares de homens morrerem e tremendo pelo futuro de seus lucros, não querem afrouxar os cordões da bolsa. Não sabem fazê-lo: até agora viveram apenas para si mesmos e para o seu dinheiro. A estátua de ouro é preciosa, mas dura e insensível como o seu coração”.
Battaglia encontra uma cidade que o espera ansiosamente. Que, apesar das tantas e graves contradições, une a sua fé a um culto popular disseminado transversalmente, entre classes e territórios.
Bem-vindo, bispo: o seu nome, na cidade que corre o risco de indolência com a desculpa da espera do milagre, já é um bom programa.
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Nápoles, Battaglia, 'padre dos últimos', é o novo arcebispo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU