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04 Dezembro 2020

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Marcos 1,1-8, que corresponde ao 2° Domingo do Advento, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. 

Eis o comentário.

Há muitas pessoas que já não conseguem acreditar em Deus. Não é que o rejeitem. É que não sabem que caminho seguir para encontrar-se com Ele. E, no entanto, Deus não está longe. Oculto no interior, mesmo, da vida, Deus segue os nossos passos, muitas vezes errados ou desesperados, com amor respeitoso e discreto. Como perceber a sua presença?

Marcos recorda-nos o grito do profeta no meio do deserto: «Preparai o caminho ao Senhor, endireita as suas veredas». Onde e como abrir caminhos a Deus nas nossas vidas? Não devemos pensar em vias esplêndidas e livres por onde chegue um Deus espetacular. O teólogo catalão J. M. Rovira lembrou-nos que Deus se aproxima de nós procurando as frestas que o homem mantém aberta ao verdadeiro, ao bem, ao belo, ao humano. São esses resquícios da vida que temos de atender para abrir caminhos a Deus.

Para alguns, a vida tornou-se um labirinto. Ocupados em mil coisas, movem-se e agitam-se sem cessar, mas não sabem de onde vêm nem para onde vão. Abre-se neles uma fresta para Deus quando param para se encontrar com o melhor de si mesmos.

Há quem viva uma vida «descafeinada», plana e intranscendente em que a única coisa importante é estar entretido. Só poderão vislumbrar Deus se começarem a atender ao mistério que bate no fundo da vida.

Outros vivem submersos na «espuma das aparências». Só se preocupam com a sua imagem, do aparente e externo. Estarão mais perto de Deus se procurarem com simplicidade a verdade.

Os que vivem fragmentados em mil pedaços pelo ruído, a retórica, as ambições ou a pressa, darão passos em direção a Deus se se esforçarem por encontrar um fio condutor que humanize as suas vidas.

Muitos irão encontrar-se com Deus se souberem passar de uma atitude defensiva perante Ele para uma postura de acolhimento; do tom arrogante à oração humilde; do medo ao amor; da autocondenação ao acolhimento do Seu perdão. E todos nós daremos mais espaço para Deus nas nossas vidas se O procurarmos com um coração simples.

 

 

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