03 Dezembro 2011
A leitura que a Igreja propõe neste Segundo Domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos, 1,1-8. O teólogo espanhol Antonio José Pagola, comenta o texto.
BOA NOVA
Ao longo deste novo ano litúrgico, nós, os cristãos, iremos ler aos domingos o evangelho de Marcos. O seu pequeno texto inicia-se com este título: "Começa a Boa Nova de Jesus Cristo, Filho de Deus". Essas palavras permitem-nos evocar algo que encontraremos no seu relato. Com Jesus "começa" algo novo. É a primeira mensagem que Marcos quer deixar claro. Tudo o que é anterior pertence ao passado. Jesus é o começo de algo novo e inconfundível. No relato Jesus dirá que "o tempo se cumpriu". Com Ele chega a Boa Nova de Deus.
Isso é o que experimentam os primeiros cristãos. Quem se encontra vitalmente com Jesus e penetra um pouco em seu mistério sabe que começa uma vida nova, algo que nunca havia experimentado anteriormente.
O que encontram em Jesus é uma boa nova. Algo novo e bom. A palavra evangelho que utiliza Marcos é muito frequente entre os primeiros seguidores de Jesus e expressa o que eles sentem ao encontrar-se com Jesus. Uma sensação de libertação, alegria, segurança e desaparecimento de medos. Em Jesus encontram-se com "a salvação de Deus".
Quando alguém descobre em Jesus o Deus amigo do ser humano, o Pai de todos os povos, o defensor dos últimos, a esperança dos perdidos, sabe que não encontrará uma notícia melhor. Quando conhece o projeto de Jesus de trabalhar por um mundo mais humano, digno e ditoso, sabe que não poderá dedicar-se a nada maior.
Esta Boa Nova é Jesus mesmo, o protagonista do relato que vai escrever Marcos. Por isso a sua intenção primeira não é oferecer-nos doutrina sobre Jesus nem fornecer-nos informação biográfica sobre Ele, mas seduzir-nos para que nos abramos à Boa Nova que só poderemos encontrar Nele.
Marcos atribui a Jesus dois títulos: um tipicamente judeu, o outro mais universal. No entanto reserva aos leitores, algumas surpresas. Jesus é o "Messias" que os judeus esperavam como libertador do seu povo. Mas um messias muito diferente do líder guerreiro que muitos desejavam para destruir os romanos. No seu relato, Jesus é descrito como enviado por Deus para humanizar a vida e conduzir a história para a sua salvação. É a primeira surpresa.
Jesus é "Filho de Deus", mas não dotado do poder e da glória que alguns poderiam imaginar. Um Filho de Deus profundamente humano, tão humano que só Deus pode ser assim. Só quando termina a Sua vida de serviço a todos, executado numa cruz, um centurião romano confessa: "Verdadeiramente este homem era Filho de Deus". É a segunda surpresa.
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Jesus é descrito como enviado por Deus para humanizar a vida - Instituto Humanitas Unisinos - IHU