24 Novembro 2020
O papa Francisco traçou uma rota para uma nova economia, que ele espera que transforme o mundo.
A reportagem é publicada por La Croix International, 23-11-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Francisco gravou uma videomensagem em 20 novembro para o evento chamado “Economia de Francisco”.
O evento, que se pretendia ter a realização em Assis de maneira presencial, foi feito via por streaming devido à pandemia de coronavírus.
Em torno de 2 mil jovens economistas e futuros tomadores de decisões de 120 países participaram das conferências virtuais.
Organizadores do Vaticano disseram que ela “dirigiram-se pelo objetivo comum de uma construção mais justa e um mundo mais sustentável”.
La Croix selecionou alguns destaques da mensagem de Francisco para os participantes:
Vocês mostraram um interesse pessoal em identificar questões cruciais que estamos encarando, e vocês fizeram isso desde uma perspectiva particular: que é a economia, é a área de pesquisa, estudo e trabalho de vocês.
Vocês reconheceram a urgente necessidade para uma narrativa econômica diferente, para uma realização responsável porque “o atual sistema mundial é certamente insustentável desde inúmeros pontos de vista” e está ferindo nossa irmã Terra, tão gravemente maltratada e espoliada, junto com os pobres e excluídos de nosso meio.
Essas duas coisas caminham juntas: se você agride a Terra, o número de pobres e excluídos aumenta. Eles são os primeiros a serem feridos... e os primeiros a serem esquecidos.
Vocês são chamados para gerar um impacto concreto nas cidades e universidades, locais de trabalhos, sindicatos, negócios e movimentos sociais, escritórios públicos e privados, e para trabalhar com inteligência, compromisso e convicção a fim de encontrar os centros onde ideias e paradigmas são desenvolvidos e decididos. Por isso que convidei vocês para esse pacto.
A gravidade da situação atual, deixa tudo mais evidente pela pandemia do coronavírus, demanda que essa responsabilidade seja assumida por todos os atores sociais, todos nós na vanguarda. Os efeitos de nossas ações e decisões afetarão vocês pessoalmente.
Consequentemente, não se pode ficar fora dos centros que estão moldando não apenas o nosso futuro, mas também, estou convencido disso, nosso presente. Vocês não podem se ausentar dos locais onde o presente e o futuro são gerados. Vocês também são parte deles ou a história passará por vocês.
Todo esforço para organizar, cuidar e melhorar nossa casa comum, se quiser ter sentido, exigirá também uma mudança no “estilo de vida, nos modelos de produção e consumo e nas estruturas de poder estabelecidas que hoje governam as sociedades”.
A título de exemplo, podemos pensar na fome, que, como bem assinalou Bento XVI, “não depende tanto da falta de recursos materiais quanto da escassez de recursos sociais, dos quais os mais importantes são institucionais”... Precisamos recuperar o senso do bem comum.
Não estamos condenados a modelos econômicos cujo interesse imediato se limita ao lucro e à promoção de políticas públicas favoráveis, sem nos preocupar com seu custo humano, social e ambiental...
Caros jovens economistas, empresários, trabalhadores e líderes empresariais, é chegada a hora de enfrentar o desafio de promover e estimular modelos de desenvolvimento, progresso e sustentabilidade nos quais as pessoas, especialmente os excluídos (incluindo nossa irmã Terra), não serão apenas uma presença meramente nominal, técnica ou funcional. Em vez disso, eles se tornarão protagonistas de suas próprias vidas e de toda a sociedade.
Passada a atual crise de saúde, a pior reação seria cair ainda mais profundamente no consumismo febril e nas formas de autoproteção egoísta. Lembrem-se: nunca saímos de uma crise sem ser afetados: ou terminamos melhor ou pior.
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Principais pontos da mensagem do papa Francisco aos jovens economistas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU