24 Novembro 2020
A esperança para a Amazônia surgirá de um retorno a suas origens, argumenta por escrito, o que exige a superação de "uma visão neoliberal de saquear os bens da mãe terra", ignorando a população local e pisoteando "os direitos humanos e os da natureza", com o consentimento dos Estados", escreve Luis Miguel Modino, padre espanhol e missionário Fidei Donum, em nota sobre a Carta de Mocoa, produzida durante o IX Fórum Social Panamazônico.
Os povos amazônicos se tornaram conscientes de que somente através da unidade é possível alcançar uma vida digna na Amazônia. O IX Encontro do Fórum Social Pan-Amazônico - FOSPA, que deveria ter sido realizado em março passado em Mocoa, na Amazônia colombiana, ocorreu virtualmente de 12 a 15 de novembro. Em sua carta final, que acaba de ser publicada, é recolhido o sentimento da diversidade dos povos e das realidades que fazem parte da realidade amazônica, e "chamamos a sentir a partir das espiritualidades, a olhar para dentro de nós mesmos, a fortalecer nossos laços e curar as feridas de nosso território e corpo, a ganhar a força interior, a unidade que, como povos, necessitamos para a compreensão e ação conjunta no cuidado e defesa da Amazônia".
Assembleia FOSPA (Foto: Captura de tela/Luis Miguel Modino)
A esperança para a Amazônia surgirá de um retorno a suas origens, argumenta por escrito, o que exige a superação de "uma visão neoliberal de saquear os bens da mãe terra", ignorando a população local e pisoteando "os direitos humanos e os da natureza", com o consentimento dos Estados. Diante disso, pode-se ver que "a defesa da floresta requer aprender a viver com ela", uma dimensão que "não é compreendida nem compatível pela sociedade consumista com suas ambições extrativistas", que "age sem se importar com a destruição da casa comum". Diante disso, propõem a ética da vida, o que daria a entender que "a defesa da floresta amazônica contribui para a conservação da vida no planeta".
A carta denuncia a crise ambiental, social e política, a incapacidade de enfrentar a Covid-19, "o aprofundamento estrutural das brechas sociais, étnicas e de gênero", que se tornou mais evidente neste tempo de pandemia, fazendo-nos perceber a crescente presença de "governos ditatoriais", o aumento dos assassinatos daqueles que cuidam dos territórios e da natureza. Nesta situação, eles propõem uma série de pontos para avançar em direção à Amazônia que queremos, divididos em povos e culturas na identidade amazônica, territórios e modos de vida e autonomia e autogoverno, detalhando os passos que, segundo o FOSPA, devem ser dados. Finalmente, em um caminho para um bem viver, eles especificam algumas tarefas que devem ser realizadas.
Assembleia FOSPA (Foto: Captura de tela/Luis Miguel Modino)
O IX FOSPA tem sido um momento para reafirmar o compromisso com a vida e a Natureza, e a grande aliança que nasce da diversidade de pensamentos e modos de fazer, tendo em vista a defesa e o cuidado da Amazônia. Este é mais um passo em um caminho iniciado há 18 anos em Santarém, na Amazônia brasileira, querendo ser um instrumento de denúncia e de propostas de alternativas.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
“A defesa da floresta exige aprender a conviver com ela”, aponta Carta do Fórum Pan-Amazônico - Instituto Humanitas Unisinos - IHU