17 Novembro 2023
Subsídio elaborado pelo grupo de biblistas da Escola Superior de Teologia e Espiritualidade Franciscana – ESTEF: Dr. Bruno Glaab, Me. Carlos Rodrigo Dutra, Dr. Humberto Maiztegui e Me. Rita de Cácia Ló. Edição: Dr. Vanildo Luiz Zugno.
1ª Leitura - Pr 31,10-13.19-20.30-31
Salmo - Sl 127,1-2.3.4-5 (R. 1a)
2ª Leitura - 1Ts 5,1-6
Evangelho - Mt 25,14-30
Esta parte do Evangelho de Mateus (23,37-25,30) reúne sua visão sobre o futuro de Jesus, de seu povo e do mundo. A Parábola dos Talentos traz como pano de fundo uma visão econômica que quer refletir o sentido da proclamação do Evangelho de Jesus Cristo, em um mundo desigual, hostil e marcado pela perseguição e a violência.
O texto pode ser dividido em quatro partes: a) o “homem” que vai viajar e distribui os “talentos” entre seus servos (v. 14-15); b) o uso diverso dos talentos (v. 16-18); c) a prestação de contas (v. 19-27); d) o ensinamento (v. 28-30).
No entanto, se considerarmos que é sabedoria judaica, o ensinamento não estaria no fim, mas no centro. O v. 14 apresenta o viajante como “homem” (antrópos) que tem “servos” (doulos). No entanto, a partir do v. 18 começa a ser usado o termo “senhor” (kurios/Kurié, cf. v. 19.21.22.23.24.26), para se referir a quem repartiu os talentos. Isso destaca as três últimas partes em relação à primeira.
Entendendo assim, o centro desta parábola estaria nos versículos 19 a 27, onde aparece o refrão: “Bem, servo bom e confiável (pisté), sobre o pouco foste de confiança (pistós), sobre muito tu serás colocado. Entra na alegria do teu Senhor” (v. 21 e 23). A introdução serve para reconhecer que diferentes pessoas têm diferentes capacidades, portanto a parábola não trata de uma competição entre “servos”, mas de um reconhecimento igual da dignidade de todas as pessoas (v. 15; elemento ausente na versão de Lucas; cf. 19,12s). No centro, enfatiza-se a confiabilidade no “pouco”, pois os 5, 2 ou 1 talentos sempre são “pouco”. Este é um Senhor cuja fé e missão se vive no “pouco”. O “muito” se dá quando o servo vive na alegria da presença do seu Senhor (este é o princípio a ser aprendido). Finalmente, se “condena” sapiencialmente quem sucumbiu ao medo! (v. 28-30).
A comunidade de Mateus sabia o que era ter medo da perseguição e da traição (cf. Mt 10,28). Assumir o princípio da fidelidade não tem a ver com “mérito”, mas com viver a fé como força capaz de superar o medo. O Evangelho adverte, em sua visão futura, que as pessoas com medo de Deus ou da realidade hostil não teriam a capacidade de construir um futuro de “alegria” e, portanto, só lhes restaria um futuro de dor e tristeza.
Provérbios 31 apesenta os ditos sobre a “mulher virtuosa” (Pr 31,10), ensinados por uma mãe para o seu filho (Pr 31,1-2). Aqui se apresenta uma mulher da classe dominante que, embora, “submissa” à autoridade do seu “marido” (v. 11.23.28-29), é capaz de administrar a “casa” (v. 15.21) e praticar a solidariedade com as pessoas pobres (v.20). Lido a partir das mulheres submetidas pelo patriarcado, convida a acreditar na capacidade de se libertar. Mas enaltece ainda mais a luta das mulheres pobres (muitas vezes sozinhas) sendo fiéis no pouco e dando a vida por filhas e filhos. Em 1 Tessalonicenses encontramos a ênfase no futuro iminente da “parusia”, o que, à luz do Evangelho, nos chama à vigilância no pouco, para garantir um futuro em que o muito seja para todas as pessoas.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
33º domingo do tempo comum – Ano A – Subsídio exegético - Instituto Humanitas Unisinos - IHU