09 Novembro 2020
“O valor que Biden dá ao ensino social católico nos impressiona. Biden se preocupa com o bem comum, a dignidade da pessoa humana, a boa convivência com a criação, uma opção preferencial pelos pobres e vulneráveis”, posiciona-se em editorial o portal estadunidense National Catholic Reporter, 07-11-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
Pela segunda vez nos 244 anos de história de nossa nação, um católico foi eleito para o mais alto posto do país. Joe Biden, o ex-vice-presidente, um católico de nascimento e atualmente paroquiano da St. Joseph, em Brandywien, Greenville, Delaware, será o 46º presidente dos Estados Unidos.
Como católicos, nós oferecemos nossas congratulações.
A imprensa adora os símbolos externos da fé de Biden: o rosário que ele costumava agarrar durante uma crise, o folheto enrolado nas mãos ao sair da missa no dia da eleição, a citação de encíclicas papais durante a campanha eleitoral.
Mas o rosário dele não é apenas para uma declaração da moda, tampouco a fé meramente um ponto de campanha. A crença de Biden em Deus – e na ressurreição e redenção – é a base espiritual que ele carrega pelas trágicas perdas da esposa e da filha de 1 ano de idade em um acidente de carro, e depois a morte do filho Beau aos 46 anos devido a um câncer de cérebro.
E o valor que Biden dá ao ensino social católico – internalizado sobre uma vida de fé praticada, e cimentada pela dor e perdas – nos impressiona. Biden se preocupa com o bem comum, a dignidade da pessoa humana, a boa convivência com a criação, uma opção preferencial pelos pobres e vulneráveis. Biden também demonstrou a capacidade de deixar no passado os ressentimentos, o trabalho foca na cura da nação que a necessita desesperadamente.
“Biden realmente vê a fé católica como uma chave para levar o país de volta juntos e acima das divisões que nos dividem”, falou Stephen Schneck, diretor-executivo da Franciscan Action Network, para um perfil de Joe Biden, feito por Christopher White, na NCR em julho.
“Em sua própria mente, essa é a inspiração de tudo que sua campanha está tentando fazer”, disse Schneck.
Depois de quatro anos de racismo, misoginia, narcisismo na Casa Branca, nós olhamos para frente para um digno e honesto líder que deve restaura um nível de respeito para o cargo e para a nação. Está claro que Biden crê em algo maior que ele próprio.
A disputa não foi fácil: incluiu falsas alegações de fraude, tentativas de supressão de votos, convenções canceladas, debates disputados que necessitaram do botão de “mudo”, e um evento superlotado que resultou em um candidato infectado pelo coronavírus.
E ainda precisou de três dias de contagem para determinar o vencedor. Agora que a contagem finalizou, o resultado é claro e já não há motivos racionais para duvidar.
Aqueles tantos católicos que não votaram em Biden – algumas pesquisas de boca de urna disseram algo entre 37% e 49% - são evidências da narrativa, por parte de muitos líderes da Igreja, que ser católico e votar nos Republicanos se dá apenas pelo tema do aborto.
Mas outros assuntos – a pandemia, saúde pública, a economia – foram mais atraentes para a maioria dos estadunidenses, e para uma estreita margem no Colégio Eleitoral.
Agora é tempo de promover unidade e integridade depois de anos de sofrimento para muitos. Nós oferecemos nossas orações a Biden, que ele nos guie através do processo para iniciar a curar a alma da nação.
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Saudações a Joe Biden, o segundo presidente católico dos EUA. Editorial do National Catholic Reporter - Instituto Humanitas Unisinos - IHU