Camarões. Matanças de crianças e manifestantes choca comunidade ecumênica

Foto: Pixabay

Mais Lidos

  • O economista Branko Milanovic é um dos críticos mais incisivos da desigualdade global. Ele conversou com Jacobin sobre como o declínio da globalização neoliberal está exacerbando suas tendências mais destrutivas

    “Quando o neoliberalismo entra em colapso, destrói mais ainda”. Entrevista com Branko Milanovic

    LER MAIS
  • Abin aponta Terceiro Comando Puro, facção com símbolos evangélicos, como terceira força do crime no país

    LER MAIS
  • A farsa democrática. Artigo de Frei Betto

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

27 Outubro 2020

Homens armados não identificados invadiram, no sábado, 24, a Academia Internacional Mãe Francisca, em Kumba, Camarões, e mataram oito crianças e feriram outras 12 com armas e facões. “O sofrimento do povo das regiões sudoeste e noroeste de Camarões ultrapassou os limites da compreensão”, escreveu o secretário-geral interino do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), pastor Dr. Ioan Sauca, manifestando solidariedade às famílias em luto e igrejas do país. 

A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista. 

O bispo da Diocese Católica Apostólica Romanda de Kumba, Agapitus Nfon, perguntou: “Quanto do sangue de nossos filhos precisa ser derramado antes que algo concreto e imediato seja feito? Por quanto tempo os poderes que são, e são capazes de restaurar a paz e a tranquilidade nas angustiadas regiões Noroeste e Sudoeste, ficarão sentados e aguardarão?”.

Mapa de Camarões, Kumba em destaque. (Imagem: Britannica)

O país está mergulhado em conflitos internos, uma guerra civil iniciada em outubro de 2016, com a greve nas regiões de fala inglesa, quando advogados e professores protestaram contra o sistema político centralizado que, entendem, privilegia política, cultural e economicamente a população de fala francesa no país. As hostilidades linguísticas têm raízes no passado colonial e no processo histórico de formação do Estado. 

Em 1º de outubro de 2017, grupos separatistas do Noroeste e Sudoeste de Camarões proclamaram o estado independente de Ambazônia. A data é simbólica, pois no mesmo dia, em 1961, a parte oriental do país, administrada pelo colonialismo francês, uniu-se à parte ocidental, administrada pelo colonialismo inglês, para a formação da República de Camarões. Hoje, os anglófonos reclamam dos privilégios da parte francesa e não querem mais a integração com essa república de 27 milhões de habitantes. 

O moderador da Igreja Presbiteriana de Camarões, pastor Fonki Samuel Forba, pediu, em oração, “que aqueles por detrás dessas mortes horríveis de filhos de Deus sejam presos pelo juiz da consciência humana antes mesmo de serem descobertos, processados e condenados”. 

Outra nota de condolências assinada por Sauca foi remetida às famílias que perderam entes queridos e igrejas da Nigéria. Na noite de quinta-feira, 22, manifestantes desarmados protestavam contra a violência policial no pedágio de Lekki, quando foram atacados por forças de segurança em camuflagem militar e usando munição real. Morreram 20 pessoas e outras 50 ficaram feridas. “Nós nos juntamos ao coro crescente de condenação na Nigéria e em todo o mundo contra essa atrocidade”, manifestou Sauca

A nota do CMI destaca que o vice-presidente da Nigéria, Yemi Osinbajo, prometeu justiça para mortos e feridos no ataque de terça-feira. “Apelamos ao governo para cumprir essa promessa sem demora e com total transparência, e cumprir seu dever fundamental de proteger vidas e propriedades de seu povo”. O organismo ecumênico cobra do governo uma ação decisiva para atender às legítimas demandas dos manifestantes.

 

Leia mais