01 Setembro 2020
O cristianismo exige que cristãos se tornem ecologistas. “Não houve época em que a igreja não fosse ecológica”, disse o metropolita da Arquidiocese do Zimbábue, África Oriental, reverendo Seraphim Kykkotis, ao se reportar ao Jubileu da Terra, celebrado anualmente de 1º de setembro a 4 de outubro. Hoje, os melhores ecologistas são os santos, “que frequentemente domesticam animais, trazem cura para as pessoas e para a Terra, além de ensinarem um caminho gentil e amoroso para com todas as coisas”, assinalou.
A reportagem é de Edelberto Behs, jornalista.
Em entrevista para a jornalista Susan Kim, Kykkotis explicou que ortodoxos orientais inspiram outros a viverem a fé cristã. “Esta também é a nossa forma mais poderosa de ensino. Como princípio, ensinamos com mais eficácia por meio de nosso exemplo do que por meio de nossas palavras”.
Ele sugeriu, pois, que se comece essa prática com pequenas coisas: dar graças pela comida, orar pela família e amigos e amigas, fazer do mundo um lugar mais limpo e habitável. “Minha resposta é viver uma vida santa para a extinção do sofrimento e também para a transfiguração de todo o cosmos. Isso significa que devolvemos a Deus tudo o que Ele nos deu”, assinalou.
O líder ortodoxo vê a Bíblia como um manual que indica o manejo de equipamentos. “Deus nos deu um manual do operador com a Bíblia Sagrada. As Escrituras nos dizem muitas coisas sobre o funcionamento correto da Terra e como mantê-la saudável, limpa e em boas condições de funcionamento”, frisou.
O consultor sênior de Cuidados pela Criação, Sustentabilidade e Justiça Climática do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), reverendo Henrik Grape, destacou o perigo que a economia extrativista intensiva com menos “espaço” representa para a humanidade. “Um ano de Jubileu nos ajuda a desacelerar e pode nos ajudar a mudar nossos caminhos”, afirmou.
O covid-19, refletiu, “afetou a nossa maneira de pensar e também nossa espiritualidade – ou deveria! Vimos muitas maneiras de pensar pelas quais as pessoas demonstram cuidado e amor pelo próximo”. Grape avalia que o Jubileu ajuda a entender esse amor e cuidado com a Criação de uma maneira nova e mais profunda.
Bem antes da propagação da pandemia, o tema para a Temporada da Criação 2020 – “Jubileu para a Terra – Novos Ritmos, Nova Esperança” já tinha sido firmado. “Todos nós vimos a importância de parar a perda de biodiversidade, já que isso realmente está indo rápido na direção errada”, explicou.
Agora, com o covid-19, juntamente com a mudança climática, é uma das questões mais urgentes que a humanidade tem que enfrentar, pois “vemos a facilidade com que um vírus pode se espalhar, uma vez que a natureza e o ecossistema são pressionados por uma extração muito insustentável de recursos naturais”.
A escolha do período anual de celebração do Jubileu tem raízes no calendário litúrgico. O dia 1º de setembro foi proclamado, em 1989, como Dia de Oração pelo meio ambiente pelo falecido Patriarca Ecumênico Dimitrios I. Em 4 de outubro, católicos romanos e outras igrejas do Ocidente lembram Francisco de Assis, conhecido como o autor do Cântico das Criaturas.
A Temporada de Criação é organizada pelo CMI, Movimento Católico Global pelo Clima, ACT Alliance, Rede Mundial de Oração do Papa e a Rede Ambiental da Comunhão Anglicana.
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A Igreja sempre foi ecológica, afirma metropolita ortodoxo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU