05 Agosto 2020
Uma pesquisa inédita realizada pela UFRN revela que 57,3% dos trabalhadores informais no turismo do Rio Grande do Norte perderam toda a renda que tinham durante a pandemia. O dado é alarmante se comparado ao período anterior à paralisação das atividades do setor, quando menos de 1% do segmento não tinha renda mensal.
A reportagem é de Allan Almeida, publicada por Agência SaibaMais, 03-08-2020.
As informações estão no relatório “Trabalhador do Turismo e a Covid-19 no Rio Grande do Norte”, elaborado por três pesquisadores da UFRN: Prof. Cesar Sanson, do Departamento de Ciências Sociais, Profª. Luana Junqueira Dias Myrrha, do Departamento de Demografia e Ciências Atuariais e Ms. Moema Hofstaetter, doutoranda do Departamento de Turismo.
Outro percentual que mostra o impacto da pandemia na área é o contingente de trabalhadores que recebem acima de um salário mínimo. Antes da pandemia, 78,9% do segmento ganhava mais que o piso salarial do país, soma reduzida a 32,7% agora, cinco meses depois do início da pandemia. Além disso, 23,1% dos trabalhadores formais declararam não ter nenhuma renda, durante a pandemia.
Perspectiva alinhada com os resultados da Pnad-Covid analisadas anteriormente no ONAS que destacou que no RN 56% dos trabalhadores afastados do trabalho não estavam recebendo salários.
Em análise geral, antes de março, apenas 0,6% dos trabalhadores não possuíam nenhuma renda. Com a pandemia, esse número saltou para 48,8%, o que representa quase a metade dos trabalhadores da área sem rendimento salarial.
“Se não há viagens e, portanto, deslocamentos, não há turistas. E se não há turistas, hotéis, pousadas, restaurantes, bares e lanchonetes, shoppings de artesanato, entre outros deixam de prestar seus serviços”, afirmaram os pesquisadores.
Outro dado apresentado pelo estudo é o recorte por gênero, os trabalhadores homens informais eram os que apresentavam maiores rendimentos antes da pandemia: 52,6% recebiam acima de 2 salários mínimos. Nesse mesmo período, somente 33,3% das trabalhadoras mulheres informais recebiam essa mesma faixa salarial.
No período da pandemia, as mulheres sem carteira assinada são as que apresentam a maior proporção de trabalhadoras com renda zerada, um percentual 58,3%. Já os homens sem carteira assinada chegaram a 57,1% sem nenhuma renda.
Quanto aos formalizados, as mulheres, também, representam a maior parte sem renda em relação aos homens, sendo 23,5% e 22,2%, respectivamente.
O estudo abordou, ainda, quanto ao recebimento do auxílio emergencial por esses trabalhadores informais. Na pesquisa feita, entre os trabalhadores informais, 64,3% foram contemplados. Os demais, 8,9% não se enquadravam nos critérios, 7% tentaram, mas não conseguiram, 1,9% estão com pedido em análise e 17,8% responderam apenas que não receberam.
A Secretaria de Turismo do Rio Grande do Norte divulgou plano gradual de retomada do setor no estado. De acordo com a Fecomércio, o setor de serviços, comércio e turismo representa 65% do PIB do Estado.
O plano prevê a volta gradual em 18 meses, a partir de ações voltadas para rede de hotelaria, bem como campanhas de incentivo a viagem para os municípios do estado. As estratégias planejadas se basearam em pesquisas realizadas pela SETUR desde abril. De acordo com a secretaria, serão divulgadas as informações como protocolos de seguranças sanitárias, capacitação com treinamento e consultoria), estratégias de comunicação com a sociedade, plano de promoção do destino e alinhamentos com os governos.
No primeiro documento publicado, contemplou os detalhamento dos Protocolos de Saúde a serem considerados por empresas e profissionais dos segmentos de Meios de Hospedagem, alimentos e bebidas, Serviços Receptivos, Espaços e Equipamentos de Lazer e Visitação.
O documento está disponível ao público e pode ser acessado aqui.
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Quase 60% dos trabalhadores informais no turismo do RN perderam 100% da renda durante a pandemia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU