Uma nova frente de investigação do Vaticano está sendo aberta. Ontem, o Papa Francisco nomeou comissário extraordinário para a Fábrica de São Pedro, o núncio D. Mario Giordana, encarregando-o da tarefa de "atualizar os Estatutos, esclarecer a administração e reorganizar os escritórios administrativo e técnico". Nessa "delicada tarefa - refere uma nota do Vaticano - o comissário extraordinário será assistido por uma comissão". A escolha segue uma "sinalização" dos escritórios do Auditor Geral que levou nesta manhã "à apreensão de documentos e dispositivos eletrônicos nos escritórios técnico e administrativo da Fábrica de São Pedro".
A reportagem é de Domenico Agasso Jr., publicada por Vatican Insider, 30-06-2020. A tradução é de Luisa Rabolini.
Essa última operação foi autorizada por decreto do promotor de justiça do Tribunal, Gian Piero Milano, e do adjunto, Alessandro Diddi, "mediante prévia informação à Secretaria de Estado do Vaticano". O ato segue as linhas do motu proprio de Bergoglio, sobre "a transparência, o controle e a concorrência nos procedimentos de adjudicação de contratos públicos da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano", promulgado em 1º de junho.
Poderia, portanto, tratar-se de um novo caso administrativo e, em perspectiva, judicial no Vaticano.
A Fábrica de São Pedro – nome oficial em latim: Reverenda Fabrica Sancti Petri – é o ente criado especificamente para a gestão de todas as obras necessárias na época para a realização arquitetônica e artística da basílica de São Pedro. A Fábrica é encarregada da complexa administração da maior igreja do mundo e "das estruturas na área adjacente de sua pertinência".
O presidente é o cardeal Angelo Comastri, arcipreste da Basílica, e o responsável pela administração é o monsenhor Vittorio Lanzani. Ambos estão sendo afastados de seus respectivos ofícios.
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