27 Mai 2020
Publicamos aqui a nota do Mosteiro de Bose, 26-05-2020, sobre a decisão da Santa Sé referente ao seu fundador, Enzo Bianchi.
Fundada por Bianchi, em 1965, a Comunidade de Bose é atualmente composta por cerca de 90 membros, entre irmãos e irmãs, de seis nacionalidades diferentes. São praticamente todos leigos, no rastro da tradição do monaquismo primitivo. Ao longo dos anos, tornou-se um ponto de referência da espiritualidade ecumênica e lugar de diálogo teológico com as Igrejas ortodoxas, protestantes e evangélicas. Desde 2017, Enzo Bianchi deixou o cargo de prior, tendo sido sucedido por Luciano Manicardi.
A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Como anunciado por nós à época, após sérias preocupações que chegaram de muitas partes à Santa Sé, que sinalizavam uma situação tensa e problemática na nossa Comunidade no que diz respeito ao exercício da autoridade do Fundador, à gestão do governo e ao clima fraterno, o Santo Padre Francisco dispôs uma Visita Apostólica, confiada ao Rev.mo Pe. Abade Guillermo León Arboleda Tamayo, OSB, ao Rev.mo Pe. Amedeo Cencini, FDCC e à Rev.ma M. Anne-Emmanuelle Devéche, OCSO, abadessa de Blauvac.
Levando em consideração a relevância eclesial e ecumênica da Comunidade de Bose e a importância de que ela continue desempenhando o papel que lhe é reconhecido, superando graves inconvenientes e incompreensões que poderiam enfraquecê-la ou até anulá-la, com a Visita Apostólica o Santo Padre pretendeu oferecer à Comunidade uma ajuda sob a forma de um tempo de escuta de algumas pessoas de comprovada confiança e sabedoria.
Sede do Mosteiro de Bose, na comuna de Magnano, na região do Piemonte, Itália. (Foto: Mosteiro de Bose)
A Visita Apostólica ocorreu de 6 de dezembro de 2019 a 6 de janeiro de 2020 e, ao seu término, os Visitadores entregaram à Santa Sé o seu relatório, elaborado com base na contribuição dos testemunhos livremente concedidos por cada membro da Comunidade. Após um prolongado e atento discernimento e oração, a Santa Sé chegou a conclusões – sob a forma de um decreto singular do dia 13 de maio de 2020, assinado pelo cardeal Pietro Parolin, secretário de Estado de Sua Santidade, e aprovado na forma específica pelo papa – que foram comunicadas aos interessados há alguns dias pelo Rev.mo Pe. Amedeo Cencini, nomeado Delegado Pontifício ad nutum Sanctae Sedis, com plenos poderes, acompanhado por S. Em.ª. José Rodríguez Carballo, OFM, secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, e por S. Em.ª. Marco Arnolfo, arcebispo metropolitano de Vercelli.
Tal comunicação ocorreu com o maior respeito possível pelo direito à privacidade dos interessados. No entanto, como a partir da notificação do decreto a anunciada recusa dos procedimentos por parte de alguns destinatários determinou uma situação de confusão e desconforto maiores, considera-se necessário especificar que os procedimentos acima referidos dizem respeito ao Ir. Enzo Bianchi, Ir. Goffredo Boselli, Ir. Lino Breda e Ir. Antonella Casiraghi, que deverão se separar da Comunidade Monástica de Bose e se mudar para outro local, decaindo de todos os encargos atualmente assumidos.
Além disso, com a carta do secretário de Estado ao Prior e à Comunidade, a Santa Sé delineou um caminho de futuro e de esperança, indicando as principais linhas de um processo de renovação, que confiamos que infundirá um renovado impulso à nossa vida monástica e ecumênica.
Neste tempo que nos prepara para o Pentecostes, invocamos uma renovada efusão do Espírito em todos os corações, para que dobre o que é duro, aqueça o que é frio, endireite o que é torto e ajude a todos a fazer prevalecer a caridade que nunca falha.
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Esperança na provação. Nota do Mosteiro de Bose - Instituto Humanitas Unisinos - IHU