Brasil tem um dos piores indicadores de distanciamento social da América Latina

Aglomeração em frente ao Palácio do Planalto, na sexta-feira 15-05-2020. Foto: Isac Nóbrega | Presidência da República | Palácio do Planalto | Flickr

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

20 Mai 2020

O Google examinou os dados de smartphones para descobrir como está a mobilidade das pessoas durante a pandemia da Covid-19 no mundo. O “Relatórios de Mobilidade Comunitária” investiga itens em relação a lazer, mercado e farmácia, parques, transporte público e trabalho. A análise dos dados é realizada a partir dos deslocamentos para locais do período de 29 de fevereiro e 11 de abril, na comparação entre 3 de janeiro e 6 de fevereiro.

A reportagem é publicada por Observatório da América Latina.

O Brasil está nas últimas posições da América Latina, indicando que a população brasileira cumpre menos o isolamento social. Em três dos cinco indicadores, o país está na última posição e nos outros dois, o Brasil está nas últimas posições, em comparação a países da região.

A queda na busca por transporte público foi de 52% no Brasil, a mais baixa da América Latina. A maior queda de usuários em ônibus, metrô e trem foi no Equador, 87%. No indicador trabalho, o Brasil também está entre a mais baixa da região. Durante o período analisado, a queda foi de 36%, enquanto no Panamá esse percentual foi de 84%.

A diminuição do deslocamento para mercados e farmácias no Brasil é, também, a mais baixa da América Latina, com redução de apenas 5%. Esse percentual no Equador é de 83%. No deslocamento para parques, o percentual mais baixo foi na Nicarágua (-33%), seguido do Brasil com 59%. Assim como no deslocamento para parques, a Nicarágua e o Brasil estão nas últimas posições no deslocamento para lazer, respectivamente.

Entre os países que mais aderiram às medidas de restrição social, estão Bolívia, Equador e Panamá.

Discursos sobre as políticas de isolamento

O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, vem menosprezando desde o início o impacto do novo coronavírus na saúde da população. Após declarações em cadeia nacional reduzindo a gravidade da doença, governadores de todo o país informaram que caiu a adesão ao isolamento em casa.

Além do seu discurso, o presidente do Brasil tem saído as ruas, em Brasília, indo em farmácia e padarias, causando aglomeração entre os seus apoiadores. Os seus seguidores também estão se aglomerando nas ruas das principais cidades do país, pedindo o fim do isolamento social e o retorno das atividades econômicas.

O presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, também menospreza a importância da Covid-19. De acordo com o levantamento do Google, o país tem alguns dos piores indicadores de adesão ao isolamento social junto com o Brasil. Ortega desapareceu por 34 dias e só foi aparecer em público semana passada. O presidente não anunciou nenhuma medida de restrição social à população. A Nicarágua teria nove contaminados e uma morte até ontem (17), mas a comunidade científica desconfia dos números, pois os países vizinhos Costa Rica e Honduras possuem 649 e 442 infectados, respectivamente.

Ao lado de Bolsonaro e Ortega, estava Andrés Manuel López Obrador até pouco tempo, presidente do México, que pediu para a população seguisse a vida normal, assim como continuasse se abraçando e beijando. Obrador mudou de atitude somente no fim de março, ao cancelar as aulas e as atividades do governo federal não essenciais e passou a pedir para os mexicanos ficarem em casa.

A América Latina superou no dia 17 de abril mais de 90 mil casos de pessoas infectadas e 4.301 mortes confirmadas pelo novo coronavírus, segundo a Universidade John Hopkins. No dia 26 fevereiro, foi confirmado a primeiro caso da região, no Brasil, o país com o maior número de infectadas e de pessoas mortas. As medidas adotadas na região no enfrentamento ao novo coronavírus vão desde o fechamento de fronteiras até toque de recolher.

Acompanhe aqui a evolução dos casos na América Latina.

Leia mais