Foi a ‘capa’ do escândalo sobre o ‘não-livro’ de Sarah e Ratzinger. O ‘intérprete’ de Bento XVI foi um dos protagonistas da última polêmica, que quis contrapor Bento XVI a Francisco por causa do celibato. Duas semanas após o suposto fim da polêmica, o secretário da Casa Pontifícia, Georg Gänswein, desapareceu da esfera pública.
A reportagem é de Jesús Bastante, publicada por Religión Digital, 05-02-2020. A tradução é do Cepat.
“Férias indefinidas”. É assim que alguns meios de comunicação alemães explicam a ausência de Gänswein ao lado do Papa, nas últimas audiências públicas e recepções oficiais, como as realizadas nos últimos dias com os presidentes do Irã e da Argentina e com o vice-presidente dos Estados Unidos. Segundo explica Tagenpost, citando fontes vaticanas, Francisco teria concedido uma ‘licença indefinida’ ao arcebispo alemão depois de sua não esclarecida intervenção no affaire Sarah-Ratzinger.
Sarah, Ratzinger e Gänswein
O secretário particular de Bento XVI permanecerá no cargo de Prefeito da Casa Pontifícia, mas seu lugar foi ocupado, na prática, por Leonardo Sapienza, de 67 anos, que ocupa o cargo de regente da Prefeitura da Casa Pontifícia. A razão? A “desafortunada” apresentação do livro do cardeal Sarah sobre o celibato, que em um primeiro momento foi vendido - e assinado - como escrito a ‘quatro mãos’ com o Papa Emérito.
Outras fontes, por outro lado, apontam que tudo se deve ao desejo de Gänswein de dedicar mais tempo a Bento XVI na última fase de sua vida, enquanto outros informes sugerem que o secretário alemão simplesmente estaria doente.
A verdade é que a publicação, em meados de janeiro, do livro Do fundo de nossos corações [em tradução livre], do cardeal Sarah (um dos principais opositores no interior da Cúria às reformas de Francisco), com a coautoria (que mais tarde se demonstrou falsa) de Bento XVI, fez vibrar todos os alarmes, já que sugeria uma pressão a Francisco para que não aprovasse a presença de padres casados na iminente exortação pastoral pós-Sínodo da Amazônia.
Dupla vinculação
Assim que explodiu o escândalo e Sarah mostrou cartas assinadas por Ratzinger que demonstravam sua participação no livro, o próprio Gänswein teve que exigir do cardeal que retirasse o nome do Papa emérito dos títulos de crédito, negando que fosse coautor e que tivesse lido o texto ou partes da publicação.
No entanto, sua participação no escândalo - e, no fundo, seu duplo vínculo como secretário pessoal do Papa emérito e secretário da Casa Pontifícia do atual Papa – acabou congelando ainda mais as relações já difíceis entre Ratzinger e Bergoglio. O desaparecimento público de Gänswein deve ser explicado a partir dessa ótica. Seja como for, a única certeza é o silêncio de ambos os papas e a ausência do arcebispo alemão ao lado de Francisco. E, talvez, novos estímulos para os mais críticos a este pontificado.
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Duas semanas após a polêmica sobre o ‘não-livro’ de Ratzinger e Sarah, Francisco 'fulmina' Gäenswein - Instituto Humanitas Unisinos - IHU