25 Novembro 2019
Os bispos de Belluno, Renato Marangoni e Vittorio Veneto, Corrado Pizziolo, liberam os divorciados, que têm a possibilidade de acessar os sacramentos. Dom Marangoni também enviou uma carta de "desculpas", divulgada pela diocese. Polêmica entre os tradicionalistas.
A reportagem é de Stefano Bensa, publicada por Corriere della Sera, 24-11-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
Era um dogma que parecia insuperável e obrigava milhares de fiéis a renunciar, contra sua própria vontade, a um dos sacramentos fundamentais para um crente: a comunhão, bem como a confissão. Pelo menos até hoje. Porque a "fuga de almas" das paróquias, o afastamento do ritual semanal que antes lotava as igrejas e talvez até a superação histórica de casamentos civis em relação ao rito religioso estão levando os primeiros bispos - de Vittorio Veneto a Belluno e Feltre – a abrir as portas para casais separados e divorciados. Até encaminhar, como no caso de Dom Renato Marangoni, bispo de Belluno, um apelo público apaixonado que parte de uma premissa: um pedido de desculpas.
Um ato considerado no limite do "sacrilégio" pelos extremistas da tradição. O que, em resposta, desencadearam uma campanha nas mídias sociais que gerou reações e comentários extremamente ácidos.
Mas vamos começar com a carta de D. Marangoni aos separados e divorciados: "Temos uma palavra inicial para lhe confidenciar: desculpem!" Nesta palavra há - afirma o bispo de Belluno e Feltre – a nossa consciência de ter-vos ignorado muitas vezes. Talvez vocês também tenham sofrido por nossas atitudes de julgamento e crítica em relação a você. Por muito tempo, também declaramos que vocês não poderiam ser totalmente admitidos aos sacramentos da Penitência e da Eucaristia”.
A tomada de posição parte de "Amoris Laetitia", a exortação apostólica do Papa Francisco (publicada em 2016), que também examinava a realidade contemporânea da vida familiar. Um texto que desencadeou um amplo debate na comunidade católica, mas que mudou as condições em que as dioceses, bem como as paróquias individuais, podem se mover. Não é por acaso que Monsenhor Marangoni admite que "nos tornamos rígidos em uma visão muito formal das situações familiares. Estávamos errados em não considerar a situação pessoal, os sonhos que vocês haviam alimentado, a vossa vocação para a vida conjugal com os projetos de vida que ela envolvia, embora atravessados por conturbações familiares complicadas". O convite explícito é de se reaproximar das paróquias, começando com um encontro organizado no domingo, 1º de dezembro, às 15h, no Centro Papa Luciani, em Col Cumano di Santa Giustina.
Em outras palavras, uma clara tentativa de reconciliação. O que, no entanto, não foi de todo apreciado por aqueles que não admitem derrogações à tradição. A Radio Spada, site que considera "o catolicismo romano a única forma de antagonismo cultural, social e político à grave decadência e às pulsões dissolutivas do mundo em que vivemos", lançou uma batalha contra a abertura do bispo, definindo "surreal" a sua carta. “Embora seja a carta de um bispo - escreve o site, com um post comentado por dezenas de indignados - não há nenhum chamamento ao abandono da situação gravemente pecaminosa que põe em perigo o destino eterno das almas, nem referência aos altos valores cristãos da castidade, da santidade da família, nenhuma referência à unidade e indissolubilidade do matrimônio. Apenas uma prostrar-se com a desculpa dos eventos conturbados dos indivíduos para modos de viver não segundo Deus, que condena o divórcio e o concubinato". Até mesmo o fechamento do post carece de cortesia: "Mais do que a carta de um sucessor dos apóstolos é a carta de um sucessor dos apóstatas".
Mas a diocese segue em frente: o encontro será realizado. Além disso, o bispo de Belluno, no Vêneto, não está sozinho: nos últimos dias, o "colega" de Vittorio Veneto, Corrado Pizziolo, anunciou, através do semanário diocesano L'Azione, aquela que define "a novidade": "Consiste no fato de proporcionar a determinados casais que não vivem em plenitude o matrimônio cristão a possibilidade de acessar a participação sacramental". Tudo no final de um "percurso de acompanhamento" conduzido pelo pároco ou diretamente pelo bispo. E apesar dos "indignados".
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Itália. Dois bispos pedem desculpas aos divorciados e liberam a Eucaristia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU