15 Outubro 2019
O ecumenismo se constrói a partir de atitudes, de fatos concretos. Isso está se manifestando também no Sínodo para a Amazônia. Na assembleia sinodal, que está acontecendo em Roma, de 6 a 27 de outubro, estão presentes seis delegados fraternos de outras Igrejas. Um deles é Daniel dos Santos Lima, anglicano de Manaus.
A entrevista é de Luis Miguel Modino.
Ele define este momento como “a oportunidade de estar experimentando um momento de hospitalidade ecumênica”, o que representa, “um convite à unidade”, que segundo o representante anglicano “nos coloca diante do trabalho e do serviço pelo cuidado com a casa comum, que é uma missão compartilhada entre as Igrejas”.
Os delegados fraternos têm direito a voz nas congregações gerais e nos grupos menores, onde destaca muitos dos elementos já relatados por outros participantes, “cuidado com a casa comum, o cuidado com a Amazônia, o cuidado com os povos originários e as comunidades da Amazônia, os quilombolas, os ribeirinhos, e também estamos entrando na perspectiva de falar dos ministérios dentro da Igreja”.
Foto: Luis Miguel Modino
Ele, e os outros delegados fraternos, se sentem bem acolhidos pela assembleia, destacando “a possibilidade de crescermos juntos, de colaboração, no sentido de trabalharmos juntos por uma causa que, estrito senso, é a construção do Reino de Deus”. Tudo isso, dentro de um processo de diálogo, que ajuda a “crescermos juntos”, segundo Daniel dos Santos Lima.
O que significa para você como anglicano o fato de participar de um sínodo da Igreja católica?
É a oportunidade de estar experimentando um momento de hospitalidade ecumênica a partir do Papa Francisco. Gente experimenta um espírito de convite à unidade. É próprio do Espírito de Deus esse convite à unidade, e como anglicano aqui estou vivendo essa experiência de esperança para a Igreja de Cristo. A gente olha a Igreja na sua totalidade, naquilo que somos, como missionários da Igreja de Jesus Cristo, como batizados, e aqui é uma experiência de esperança para essa Igreja, para essa grande comunidade, e especialmente para nossa presença na Amazônia, porque a experiência do Sínodo nos convida a esta unidade, nos coloca diante do trabalho e do serviço pelo cuidado com a casa comum, que é uma missão compartilhada entre as Igrejas, o cuidado com a casa comum nos toca, é uma preocupação conjunta.
O que destacaria das discussões sinodais nos primeiros dias, o que está sendo colocado em destaque nas congregações gerais, nos pequenos grupos?
Nestes primeiros dias, no meu grupo de trabalho, nós estamos destacando o cuidado com a casa comum, o cuidado com a Amazônia, o cuidado com os povos originários e as comunidades da Amazônia, os quilombolas, os ribeirinhos, e também estamos entrando na perspectiva de falar dos ministérios dentro da Igreja. Não posso dar mais detalhe, por questões éticas, mas está sendo esse caminho de discussões diversas e começamos a falar a partir de um dos propósitos do Sínodo, a preocupação com a questão amazônica.
Até que ponto, você pensa que este sínodo pode ajudar a avançar na melhora das relações ecumênicas entre as diferentes Igrejas?
Acho que o primeiro passa já foi dado com o convite. Somos seis delegados fraternos, dois anglicanos, outro da Igreja luterana, outra da Igreja presbiteriana, temos um batista e um pastor também da Igreja Assembleia de Deus. O sínodo pode nos ajudar no sentido de que nossa casa é comum, por tanto, o serviço de cuidado com a casa comum, também deve ser comum, porque há questões que nos tocam a todos. O próprio cuidado com a criação, é algo que não toca só a católicos, mas nos toca de qualquer maneira.
O processo de diálogo é um processo de crescermos juntos, católicos nos ensinam, anglicanos ensinam católicos, nós vamos aprendendo juntos, é um processo de escuta, de aprendizado comum.
Como vocês, que fazem parte de outras Igrejas estão se sentido dentro da assembleia sinodal?
Eu estou me sentido muito acolhido, na partilha com os outros companheiros, também estão se sentido muito acolhidos. Nós temos voz, nós podemos no expressar na assembleia e depois nos círculos menores. Isso nos dá a possibilidade de crescermos juntos, de colaboração, no sentido de trabalharmos juntos por uma causa que, estrito senso, é a construção do Reino de Deus.
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Sínodo da Amazônia. “O cuidado com a casa comum é uma missão compartilhada entre as Igrejas”, entrevista com Daniel Lima, delegado fraterno da Igreja anglicana - Instituto Humanitas Unisinos - IHU