Permitir padres casados é única solução para ordenar mais sacerdotes indígenas, defende Dom Erwin Kräutler

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10 Outubro 2019

Tema tem sido debatido abertamente no Sínodo da Amazônia, no Vaticano, e não é unanimidade. Celibato é regra na Igreja, mas comunidades no interior da Amazônia acabam ficando sem padres. Autorizar que homens casados exercessem o sacerdócio permitiria que indígenas assumissem essa função, dando acesso à missa para mais moradores da região.

A reportagem é de Filipe Domingues, publicada por G1, 09-10-2019.

Ganha força no Sínodo da Amazônia a proposta de que homens casados possam se tornar padres da Igreja Católica para atuar na região. Embora o evento ainda esteja bem no começo – vai até o dia 27 de outubro – já se ouve com frequência o tema dos chamados “viri probati”, isto é, homens católicos de boa reputação que podem acabar sendo ordenados ao sacerdócio, mesmo sendo casados.

Uma das vozes mais visíveis da Igreja na Amazônia, Dom Erwin Kräutler, bispo emérito do Xingu, conversou com a imprensa nesta quarta-feira (9) e defendeu que a mudança é essencial caso os católicos queiram ter membros do clero que sejam provenientes das comunidades indígenas.

“Não há outra possibilidade. No seio dos povos indígenas, eles não entendem [que o padre seja celibatário, solteiro]”, comentou. Dom Erwin brincou que quando visita algumas comunidades, os indígenas perguntam “Onde está sua mulher?” Como bispo, ele é celibatário, ou seja, não pode se casar.

Falta de padres

O celibato é uma norma da Igreja Católica para a maioria dos padres no Ocidente – a regra nasceu ligada à questão da propriedade dos clérigos, que passava de pai para filho, mas ao longo dos séculos assumiu um significado mais teológico, permitindo um “serviço” aos fiéis de forma mais exclusiva e independente.

Nas igrejas de tradição oriental, o celibato não é obrigatório, assim como na Igreja Ortodoxa. Além disso, o Papa Bento XVI abriu a possibilidade para que padres anglicanos casados pudessem se converter ao catolicismo e manterem suas famílias mesmo depois que virassem padres católicos.

“Para o indígena, o branco até pode ser celibatário, mas para eles mesmos é necessário que um homem se junte a uma mulher e cuide da sua casa primeiro, como diz a carta de São Paulo a Timóteo [na Bíblia]”, declarou o bispo emérito do Xingu.

Sem missas

No caso da Amazônia, a falta de padres para suprir as necessidades dos fiéis e as longas distâncias tendem a fazer com que alguns bispos proponham ordenar homens casados. O principal argumento dos que defendem essa mudança é o fato de que seria possível celebrar mais missas (eucaristia) com os fiéis.

“Milhares de povos não têm a eucaristia, que é o ápice da nossa fé. Não somos contra o celibato, mas queremos que nossos irmãos também tenham a mesa da eucaristia. Atualmente, o celibato está acima da eucaristia”, comentou Dom Erwin, missionário de origem austríaca.

Contra a mudança

Críticos da abertura aos “viri probati” dizem que essa mudança é uma tentativa de grupos mais liberais de influenciar a Igreja além da região amazônica. Eles afirmam que não se pode “instrumentalizar” o sacerdócio dessa forma e tentar impor a regra sem uma consulta mais ampla em toda a Igreja – um sínodo que vá além da Amazônia.

Fontes de dentro do Sínodo disseram ao G1 que essas vozes contrários parecem ser uma minoria.

De acordo com um resumo fornecido pelo Vaticano sobre os debates no primeiro dia do Sínodo, um ou mais participantes disseram que “não se pode mudar a natureza do sacerdócio” católico por meio dos viri probati. Em vez disso, propuseram um trabalho mais assíduo com jovens indígenas para que possam chegar a ser padres. 

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