17 Setembro 2019
“A luta do papa Francisco é contra o clericalismo e o exercício do poder dentro da Igreja. O Papa propõe uma Igreja sinodal (isso é, participativa e que toma decisões de forma colegiada) contra o clericalismo”, afirmou Arturo Sosa, superior-geral da Companhia de Jesus.
“O Sínodo não toma decisões doutrinais. É um encontro de caráter pastoral para trocar ideias, fazer recomendações para uma pastoral mais efetiva em zonas importantes como a América Latina”, continuou.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 16-09-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O superior-geral da Companhia de Jesus, o venezuelano Arturo Sosa, admitiu nessa segunda-feira, em Roma, que existe uma “luta política dentro da Igreja” com o objetivo de influenciar na eleição do próximo pontífice.
“Não há dúvidas que existem uma luta política na Igreja”, assegurou o líder dos jesuítas em um encontro em Roma, na sede da imprensa estrangeira.
“A luta é entre os que querem a Igreja sonhada pelo Vaticano II e os que não querem”, explicou o primeiro religioso latino-americano, desde 2016, a liderar a congregação religiosa mais poderosa e numerosa da Igreja Católica.
“A luta do papa Francisco é contra o clericalismo e o exercício do poder dentro da Igreja. O Papa propõe uma Igreja sinodal (isso é, participativa e que toma decisões de forma colegiada) contra o clericalismo”, afirmou Sosa, que é um renomado cientista político e professor universitário.
“O Sínodo não toma decisões doutrinais. É um encontro de caráter pastoral, para trocar ideias, fazer recomendações para uma pastoral mais efetiva em zonas importantes, como a América Latina”, acrescentou. “O Sínodo é uma oportunidade”, apontou Sosa.
No caso deste Sínodo convocado por Francisco para a defesa da Amazônia, que será celebrado entre 6 a 27 de outubro no Vaticano, se trata de um chamado à “Igreja e a sociedade para se comprometer com uma ecologia integral”, disse.
O religioso, que foi reitor da Universidade Católica de Táchira e diretor do Centro de Análise e Estudos Gumilla, considera que os ataques contra o pontífice argentino, e sobretudo contra os sínodos ou assembleias de bispos que fizeram durante o pontificado, tem um objetivo estratégico.
“Estou convencido de que não se trata de um ataque somente contra o Papa. Francisco está convencido de sua ação desde que foi eleito Papa. Na realidade é um modo de influenciar na eleição do próximo Papa”, afirmou Sosa.
“É que Francisco, por sua idade, não vai ser o pontificado mais longo da história. Eles apontam para a sua sucessão”, afirmou.
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“Existe uma luta política na Igreja, entre os que querem a Igreja sonhada pelo Vaticano II e os que não” constata Arturo Sosa, superior-geral dos jesuítas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU