28 Agosto 2019
O impacto da mineração em várias partes da América Latina foi o tema central da quarta assembleia da rede ecumênica latino-americana Iglesias y Minería, realizada nos dias 21 e 22 de agosto em Buenos Aires.
A reportagem é de Eugenio Serra, publicada por Vatican News, 27-08-2019. A tradução é de Luisa Rabolini.
A assembleia realizada na capital argentina contou com a participação de mais de 60 participantes: bispos, padres, religiosos e leigos, provenientes de 10 países da América Latina. A "Carta de Buenos Aires", documento final divulgado pela reunião, destacou o impacto prejudicial das atividades de mineração em diferentes áreas do continente.
Também Padre Bossi, missionário comboniano no Brasil, participou da reunião realizada na Argentina. No encontro, foi relançada - declara à Agência Sir - "a espiritualidade ecumênica e inter-religiosa como fonte de resistência e esperança das comunidades ameaçadas por esses ataques". Ele acrescenta: "desenvolvemos e consolidamos a chamada campanha de 'desinvestimiento', uma iniciativa que convida as igrejas, as dioceses e as congregações a repensar seus investimentos, retirando-os daqueles que participam da atividade de mineração. Recentes desastres criminais podem ser lembrados, como os de Mariana e Brumadinho, no Brasil, que causaram centenas de vítimas, justamente partindo da responsabilidade das empresas".
No dia 25 de janeiro, em Brumadinho, município brasileiro localizado no estado de Minas Gerais, uma barragem desabou na área de mineração da empresa Vale, causando a morte de 270 pessoas. Uma tragédia semelhante à ocorrida no mesmo estado em novembro de 2015, quando 19 pessoas perderam a vida e resíduos tóxicos provocaram um desastre ambiental sem precedentes.
“Estamos nos preparando para o Sínodo - explica o missionário comboniano - um momento especial e muito forte para a Igreja, mas também para a defesa desses territórios. Lembramos que a Amazônia é o território mais ameaçado, também pela mineração. Atualmente, no Brasil, ainda está sendo discutida a possibilidade de abrir o acesso de empresas de mineração a terras indígenas, que permaneceram o último bastião de resistência nos espaços amazônicos. Entendemos, portanto, que a mineração é um tema chave".
No documento final divulgado pela assembleia da rede ecumênica latino-americana, também é feita referência aos incêndios em andamento na Amazônia e às responsabilidades do governo em colocar em risco a vida do planeta. E se encoraja a "reunir as múltiplas resistências de nossos povos" e iniciar "ações para fortalecer essa luta" em defesa das áreas mais afetadas pelo impacto nocivo da mineração, "sabendo que dela depende também a sobrevivência do nosso planeta, nossa mãe terra”.
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Assembleia da Igreja sobre o impacto das atividades de mineração na América Latina - Instituto Humanitas Unisinos - IHU