O “homem forte” do papa Francisco em temas de abusos sexuais de menores, Charles Scicluna, revelou que uma vítima chilena de abusos lhe salvou a vida quando adoeceu durante uma visita no ano passado ao país sul-americano.

A reportagem é de Cameron Doody, publicada por Religión Digital, 26-06-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

Falando em uma entrevista com uma rádio maltesa, Scicluna disse que o incidente ocorreu em fevereiro de 2018, quando foi ao Chile investigar os encobrimentos de abusos do padre Fernando Karadima por parte do bispo Juan Barros. O papa Francisco havia lhe enviado ao país latino-americano para recolher testemunhos do processo do agora bispo emérito de Osorno, mas assim que aterrissou, começou a ficar doente e a sentir dores abdominais.

Uma das entrevistas que o arcebispo de Malta teve com vítimas da negligência de Barros foi com um sobrevivente de abusos que também era médico, e que ao ouvir os sintomas do também secretário adjunto da Congregação para a Doutrina da Fé imediatamente o avisou que fosse para um hospital para fazer exames. Scicluna escutou a vítima e foi diagnosticado com uma inflamação na vesícula.

Graças ao conselho do sobrevivente, pôde submeter-se a uma intervenção cirúrgica ficando no Chile e logo voltar a investigar o caso Karadima-Barros depois de três dias de indisposição.

Um para-raios para a raiva contra a instituição

Em sua entrevista com a rádio, Scicluna falou amplamente sobre suas experiências reunindo-se com vítimas de abusos do clero, e confessou que se sentiu como um para-raios para a raiva contra uma instituição que colocou sua fama antes de um verdadeiro respeito para com os sobreviventes.

No entanto, o prelado disse que sempre trata de transmitir uma mensagem positiva. Quando os sobreviventes lhe perguntam, por exemplo, onde estava Deus durante os abusos, Scicluna revelou que disse que Jesus Cristo sofre também ao lado das vítimas, pois disse “quando fizeres a um desses irmãos, a mim o fizestes”.

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